30 × todas as respostas

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Kakashi do Sangue Frio. Olhando as costas do pai, Kaizuka sente uma frustração inexplicável por esse título, já que nada que ela pense explica o porquê chamá-lo assim. Os lábios da menina se torcem com pesar, sempre apressando o passo para alcançá-lo.

Mais perto, a genin consegue lembrar doutro que leu, que na opinião de Kaizuka, consegue ser ainda pior. Kakashi Assassino de Amigos. Com isso, é inevitável que ela fique cheia de raiva. Quer dizer, como os próprios companheiros puderam falar assim?! Sabendo ainda que não passara de um acidente e ele amava a menina?!

Honestamente, Kaizuka não consegue entender como o irmão é tão imparcial quanto a isso...

─ Se você der um passo a menos, a tartaruga chega antes de nós ao topo da vila ─ quando seu pai xinga, Kaizuka sorri.

─ Você teve muitas equipes na sua carreira de ninja ─ a voz de Kalmia ─ ele repara. Ecoa alta, fina e descompassada, obriga Kakashi a parar por um segundo, tirar a mochila das costas dela e oferecer-lhe água.

Antes de admitir que ouviu sobre o que a filha estava pensando, Kakashi consegue esconder seu sorriso por conta da máscara.

─ E o que tem? ─ questiona.

─ Qual sua preferida?

Claro que o Hatake não precisa refletir muito para ter uma resposta certeira. No entanto, Kakashi já havia percebido o que Kaizuka queria e isso era: respostas. Muitas respostas. Todas as respostas.

─ Você se refere ao Time 7 e ao Time Ro, por exemplo, isso? ─ bastou ele lhe mostrar o mínimo de interesse para que os olhos dela brilhassem tanto quanto as bochechas ficaram vermelhas.

─ H-hai!

─ Bom ─ ajeita a sua mochila e a dela nos ombros, indicando que deveriam continuar a caminhada. ─ É estranho falar ─ Kakashi pensa ─, levando em consideração que uma delas era uma equipe secreta e na época, mesmo que pudesse, não tinha com quem conversar sobre ela.

Por isso, ele começa pelo caminho mais fácil que é responder a dúvida inicial de Kaizuka: ─ O Time 7 com certeza marcou minha vida, não teria como não marcar...

Logo Kaizuka percebe que o pai reduziu os passos, interessado em contar-lhe as histórias que ela queria ouvir. Isso faz o coração da menina bater com agressividade dentro da caixa torácica.

─ Rin e eu nos dávamos muito bem, levávamos aquilo a sério. Eu bem mais do que ela ─ Kakashi pensa um pouco sobre o que estava disposto a contar. ─ Obito era... Bem, um idiota! E o nosso mestre era um homem muito respeitado e influente. Era uma equipe adorável ─ por enquanto era o que o Hokage estava pronto para dizer, e se Kakeru quisesse ouvir, teria que perguntar ao irmão, porque provavelmente o pai não tornaria a falar disso tão cedo.

─ Você não respondeu a pergunta, pai ─ ela faz outra pausa, dessa vez prendendo outro nó no seu elástico que o pai usou para lhe prender os cabelos.

─ A geração da quarta-guerra. Esse foi o meu time preferido ─ fala, pegando-a pela mão para continuarem o trajeto.

Então é verdade. O Nanadaime, junto com o Shadow-Hokage e a Ninja Médica são os favoritos do seu pai. Com certeza Kakeru iria amar essa informação ─ Kaizuka pensa.

O que ela não sabia é que Kakeru já sabia disso. Sabia também de todos os outros times de seu pai e ainda mais: tinha respostas para coisas que Kaizuka ainda sequer sabia que queria saber.

Agora sua mente curiosa estava ocupada com outras coisas. A verdade é que Kakeru pegou alguns materiais de alpinismo e os enfiou na sua kochila justamente para sua irmã pensar que ele estava escalando. Outra vez, disse ao pai que iria ao Hambúrguer do Trovão, e dois dias antes, Kakashi até acreditou que o filho estava aprendendo ninjutsu-médico na casa de Sasuke e Sakura.

No entanto, como agora, em todas as outras vezes, ele estava ali. Extremamente quieto e imóvel para não ser notado, assistindo do teto da Academia, sua mãe dançar.

Ele já sabia tudo sobre seu pai. Mas e sobre Kalmia?

Kakeru tem tirado alguns dias para isso. E a verdade ─ ele pensa ─, é que não serviria para compôr um time da ANBU. Sua mãe segue sendo um enigma e isso não o deixava dormir.

Desde que começou sua pesquisa, Kakeru descobriu que ela vem da Vila das Flores. Seus pais eram shinobis. E ela tinha um irmão. Ambos tocavam instrumentos musicais e cultivavam a floricultura da família. Mas tudo isso ─ suspirou ─, ele já sabia.

─ Algo que ninguém saiba? ─ o afilhado de seu pai questiona.

─ É, Tenzou ─ Kakeru parece irritado. ─ Você não tem curiosidade com essas coisas? ─ rolou os olhos.

─ Bom... ─ o menor reflete um pouco. ─ Um dia, sem querer, eu descobri que meu pai já tentou matar o seu pai por causa de uma velha amiga ─ dá de ombros.

─ O quê? ─ Kakeru semicerra os olhos, os veteranos que passam pelos meninos conversando em frente à Academia Ninja sempre se espantam com o quão parecido com o Sexto Hokage o gennin conseguia ser.

─ Você não sabia? ─ Tezou alfineta o amigo.

─ Yamato quis matar o papai?

─ Parece que eles não se davam bem quando se conheceram. Mas depois tudo mudou e eles se tornaram amigos. É tipo isso que você tá falando...?

─ É... ─ ele fala, sem muita certeza. Não é bem esse tipo de coisa que ele imagina ser um segredo de sua mãe. Mas por hora, perceber que não sabia tanto quanto achava sobre seu pai lhe deu um novo assunto para refletir. E provavelmente ele tentaria solucionar amanhã, enquanto todos os adultos estarão ocupados demais com a posse do Oitavo Hokage.

GRITE Shippuden - Hatake KakashiOnde histórias criam vida. Descubra agora