Mudanças

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Ana estava na escola com alguns professores que vieram de longe para auxiliá-la em alguns projetos, percebeu que havia passado o dia com eles no pequeno escritório. Sua secretaria servia um lanche para ela.

"Coma, porque você não comeu nada hoje! Ah, o seu Kagaho apareceu aqui à tarde, mas logo foi embora com uma cara horrível! Nem se despediu!", a secretaria falou.

"Eu não o vi, ele não falou comigo. Falou algo para você?"

"Só quando chegou e foi até a sua sala, viu a senhorita com os professores e o rosto dele mudou, parecia chateado e foi embora como um raio!"

Ana terminava o lanche lembrando-se dos episódios de ciúmes de Benu, provavelmente por esta com Sui ele não fez uma cena, mas a noite quando chegasse em casa ele com certeza iria falar algo.

A noite chegou em casa estava cansada e preocupada com a discussão sem sentido que teria com Kagaho, conhecia o temperamento explosivo dele. Orou para que existisse a pequena probabilidade dele já esta dormindo, mas sabia que ela não existia. Kagaho não era o tipo que guardava as coisas. Abriu a porta devagar, sentiu um delicioso cheiro de comida que se espalhava pela casa, então percebeu que havia ficado horas sem se alimentar, a mesa estava arrumada com um bonito vaso cheio de flores recém colhidas, velas e haviam dois lugares na mesa, olhou ao redor e não viu ninguém, foi até o quarto e viu Sui dormindo, ela sorria e isso fez Ana sorrir também.

Quando voltou a cozinha viu Benu servindo os pratos.

"Venha comer antes que esfrie!", ele falou enquanto servia os pratos.

Ela observou que ele estava calmo.

"Há alguma ocasião especial que eu me esqueci?", perguntou enquanto se sentava.

"Não! Eu só quis fazer algo diferente. Não gostou?"

"Sim, gostei. Esta tudo muito bonito!", ela falou admirada com o capricho que a casa estava.

"Sui não deu tanto trabalho e percebi que hoje você estava muito ocupada. Sei que esta se dedicando aos seus projetos, a escola, em ajudar o povoado e todas as outras coisas que administra com Aiacos. Eu quis fazer algo diferente. Demonstrar como eu e Sui nos orgulhamos de você!"

Ana estava emocionada com as palavras sinceras dele.

"Suikyo não quer jantar com a gente? Ele esta em casa?"

"Ele não quis, mas deixei um pouco de comida na panela para ele comer mais tarde se tiver fome!"

"Como ele passou o dia?"

"Do mesmo jeito! Não sei quem chorava mais se era ele ou Sui!"

"Não fale assim! Ele esta triste!"

"Sim! É visível e entediante. Pelo menos não fala tanto, só escuto a voz dele quando conversa com a Sui!"

Os dois jantaram e ela o observava, ele estava mudado, mais maduro e muito mais lindo.

"O que foi? O que esta pensando?", Benu questionou ao ver que ela o olhava fixamente.

"Nada!"

"Nada? Já percebi que quando vocês mulheres falam nada é melhor correr!"

Ela sorriu.

"Diga o que foi?"

"Pensei que você não foi falar comigo hoje na escola porque tinha...", tentou encontrar palavras para não ofende-lo.

"Tinha ficado com ciúmes daqueles homens ao seu redor?"

"Isso!"

"Eu fiquei! Quis socá-los, mas percebi que eram muito velhos e feios para você!"

"Kagaho!"

"Verdade! E por mais que eu tenha ciúmes de você, sei que não devo demonstrar isso a constrangendo. Eu falei sério quando falei que queria ser um homem melhor para você e para Sui. Quero que nossa família seja feliz!"

Ana se levantou não estava preparada para aquela declaração tão direta.

"Eu me lembro de te olhar e sentir que o mundo havia parado, eu pude notar cada gesto, cada expressão, cada respiração sua debaixo daquela chuva na floresta. Eu descobri no momento que você cruzou a porta indo embora que o frio que eu sentia não era do tempo. Eu senti muito frio quando você foi embora. Nunca tinha percebido que o frio que eu sentia vinha de dentro, vinha do meu peito. Sempre pensei que a solidão era minha melhor companheira e então você chegou preenchendo espaços que nem eu sabia que existiam. Sei que não sou fácil, mas como você pode duvidar que eu a amo? Eu fugi, lutei e fui vencido por você! Sou um lutador e essa derrota foi a melhor vitoria que já tive. Eu não me importo se você vai ficar com raiva, mas não vou esconder o que sinto. Cansei, cansei de lutar, de fugir. Eu quero você e não tenho duvidas que você também me quer!"

"Você é muito convencido, Kagaho!!"

"Sou! Mas têm coisas que não podemos negar e uma delas é o que sentimos um pelo outro. Esse sentimento é muito maior do que nós. Estamos ligados desde que eu a vi naquele poço ainda menina. Não é fácil assumir o que sinto, não é fácil sentir o que sinto, mas não vou embora! Não serei o homem que fui. Não enquanto eu perceber como você me olha, adoro ver como você fica sem graça quando eu correspondo o seu olhar, adoro ver você ficar sem graça quando pego você me olhando."

"Eu não faço isso!!", respondeu sem graça.

"Não faz?"

"Não faço!"

"Você nunca teve medo de mim, teve medo da situação, mas não de mim porque nossos corações já estavam sincronizados. Você sabia que eu não a machucaria. Eu não tenho duvidas que já amava antes mesmo de perceber isso, antes mesmo de conhecê-la, não tenho duvidas que há amo muito tempo, há muitas vidas e o que sinto por você durará eras. Ana, eu a amo! Eu a quero e não vou aceitar um não dessa vez porque sei que você me ama e essa é a nossa família."

Benu a beijou e ela correspondeu com a mesma intensidade o beijo apaixonado.

Kagaho - Segunda chanceOnde histórias criam vida. Descubra agora