Kagaho - Segunda chance

Arco iris

Meu quarto que horas antes tinha se transformado num campo de batalha voltava ao seu normal com a luz suave do amanhecer. Um passo, um dia, um capítulo novo e todo um caminho se abria para nós. Pensar em nós me faz sorrir automaticamente. Estávamos deitados na minha cama como já fizemos tantas vezes, minha cabeça em seu peito escutando seu coração chamar por mim. Olhei nos seus olhos e tive certeza "você era meu como eu era sua", não havia dúvidas. Todas as sombras se perderam na escuridão e a luz do dia iluminou nossos olhos, nos olhávamos como se fosse a primeira vez que nos víamos, tudo igual e tão diferente, nos admiramos, o brilho dos seus olhos violetas refletiam nos meus, sorríamos e você me envolveu em seus braços, me beijando. Lembro de sentir um calor diferente, diferente daquele que me aquecia nas noites de tempestades. Assim como os medos, dúvidas, inseguranças nossas roupas caíram pelo chão. Então nossos corpos se aproximaram e o calor se intensificou. Seus olhos me perguntavam "você tem certeza?", mas minhas mãos respondiam enquanto percorriam o seu corpo. Você tirou sua camisa e a minha respiração falhou, os deuses com certeza te invejam. Perfeição até em suas imperfeições. Nus, despidos de qualquer coisa que pudesse nos separar. A tempestade e o sol se uniam, dançavam, bagunçando os lençóis, nos transformando em arco-íris. Nos seus braços, na minha cama, percebi que o paraíso era acessível de tantas formas. Gritos silenciosos, sussurros ecoando, nos sonhos mais selvagens, eu nunca sonhei com isso. Seus movimentos felinos sempre tao certos, se mesclavam entre suave e intenso, seu gosto doce e salgado, seus toques quentes e frios. Nunca entendi como Kagaho podia conter tantos opostos, tantas dualidades. Todo um novo universo se abria para nós. Seus beijos virando tatuagens marcando permanentemente cada centímetro da minha pele. Suas mãos memorizando cada pedaço meu. Seus olhos queimavam um fogo que eu nunca tinha visto antes. Sua voz sussurrando meu nome, fazendo promessas que só os apaixonados fazem. Seu corpo sendo entregue ao meu, selados num pacto eterno. Nossos corpos se fundindo, queimando, duas fênix, na minha cama nós renasceríamos. Ele falava que sentia falta de suas asas, de voar, romper os céus e na minha cama, dentro de mim, ele sussurrou nos meus ouvidos que voava, voava o seu melhor voo comigo. Eu o amo!

Nosso amor foi bom, foi mau. Foi aluno e também professor. Ele foi a tempestade, mas também foi a calmaria. Nosso amor está vivo. Ele sobreviveu às sombras, aos deuses, à guerra. Este amor te trouxe do mundo dos mortos. Este amor voltou para mim porque ao meu lado é o seu lugar.

Com nossos corpos exaustos, eu adormecia em seus braços e o escutei: "Ana, eu sou o homem mais feliz do mundo! Obrigado por me amar! Eu a amo mais que tudo e meus braços nunca mais irão solta-la", eu guardei essa frase como uma oração sagrada para os momentos que minha fé pudesse ficar abalada, ele guardou aquelas palavras como um propósito de vida, uma sagrada promessa.

A partir daquela noite a minha cama se tornou nossa e voamos nela.