Cap.13 - Seis dias para o 'Grande Evento': Revelação (Parte II)

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Eis o começo da revelação que leva Matheo a querer fazer tão mal a Laila...

Será que justifica o injustificável...? Isso é o que saberemos...

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História da Infância

— Herbert! Tenho uma história pra te contar do meu passado. — antecipa, já prendendo a atenção total do amigo. — Realmente não é a primeira vez que piso aqui em LaViera.

— Eu sabia! — Herbert deu um soco na mesa com toda força.

— Eu nasci aqui.

— Como é...?!!

— Até meus seis anos vivíamos eu, meu pai e minha mãe numa pequena casa aqui na Vila que, na época, não tinha nem a metade das casas que tem hoje. Meu pai era carpinteiro. Minha mãe cuidava de mim e lidava com roupas, fazendo reparos nos vestidos das poucas donzelas que moravam por aqui.

E interrompe o relato para um gole no leite que já esfriava na caneca.

— Apesar de vivermos bem, dentro do possível, eles brigavam muito por minha causa, mas eu não entendia direito o que fazia pra deixá-los tão irritados. Até que meu pai, um dia, saiu de casa, abandonando a gente de vez... — e um momento de silêncio, pontuado por uma indissimulável tristeza.

Herbert nunca tinha visto Matheo reagir daquela maneira.

— Minha mãe se sacrificou muito pra conseguir cuidar de mim sozinha, a partir daquele dia, triplicando o tempo trabalhado pra conseguir nos manter... Só que existia um problema que fui percebendo à medida que crescia...

E fez outra pausa para saborear o pão, abocanhando uma fatia grande de forma rude.

— ... 'Eu' era esse problema... — e conclui com a boca cheia, debochado, erguendo as sobrancelhas.

Herbert expirou um riso, pois entendia mais do que ninguém, o significado daquele "problema".

— Aos poucos, eu ia percebendo que era diferente das outras crianças. Minha força, a velocidade... À medida que crescia, essa diferença ia ficando mais evidente e eu vivia dando trabalho na escola, principalmente quando me provocavam. Cheguei a machucar algumas crianças a ponto das mães pedirem minha expulsão. O problema é que aquela era a única escola que existia, na época. Minha mãe sempre contornava a situação, pedindo por mais uma chance; me deixava de castigo, tirava os poucos brinquedos que eu tinha. Mas, como você sabe, nada funcionava comigo. — e sorriu quase sem querer. — Eu descobria tudo. Dava um jeito de fugir pelo telhado de casa, corria pelos campos, praias, debochava e desafiava qualquer um, o tempo inteiro. Ela chorava, me xingava, gritava... E eu, criança ainda, não tinha a menor consideração pelo que fazia por mim. Dava até risada das reações de desespero da dona Jimena.

— Posso imaginar... — Herbert balança a cabeça com um riso inconformado, para dar uma descontraída no relato pesado que o amigo fazia.

— E assim ela foi me levando... Até que, aos oito anos, eu, sem querer, me envolvi na pior confusão da minha vida.

O que seria a pior coisa que Matheo aprontou?? Herbert não conseguia nem imaginar.

— Um dia qualquer, eu tava sozinho como quase sempre, passeando no campo que margeava o Rio. Lá perto de onde a gente treina hoje. Era meu lugar preferido pra brincar... Eu tava lá, pendurado na árvore, de cabeça pra baixo, quando vejo uma criança. Na real, uma menininha... Linda... Que eu nunca a tinha visto na vida, mesmo que numa vila tão pequena fosse impossível não conhecer todo mundo.

(COMPLETO) Laila Dómini - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora