E vamos conhecer alguns personagens dessa história...
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Trazida ao Castelo de LaViera pela dama e pelo pajem, Laila foi posta em seu aposento.
Os pais vieram correndo, assim que avisados pelo guarda, a mando de Elisa.
Ao adentrarem o quarto, encontram a filha jogada sobre a cama, em trajes de banho, molhada, confusa, apática, com Elisa ao lado, gritando, aflita, falando nada com nada.
— Majestade, uma onda gigante nos pegou em La Montagna...! Um homem, uma benção, apareceu e ajudou a todos lá. Foi um milagre dos Céus... Ele nadava como um peixe. A força do mar parecia não ter efeito sobre ele... — Elisa tagarelava sem parar, jogando as ideias avulsas aos ventos.
— Calma, minha cara... — interrompeu Fernan, pai de Laila. — Vamos cuidar de Laila primeiro. Depois conversamos para que nos relate o que aconteceu.
Enquanto o Rei buscava colocar ordem naquela balbúrdia, Isaboh, a mãe, chorava, inconsolável.
— Filha minha, fale comigo. — e dava tapinhas brandos no rosto de Laila.
— Doutor Euclides já está a caminho. Jafé foi buscá-lo. — Elisa os avisou sobre sua assertiva decisão, ao mandar o irmão atrás do médico.
— Não se preocupe, mãe... Eu estou bem. Um pouco nauseada somente. Devo ter engolido muita água. — Laila procurava amenizar o sofrimento da mãe.
Jafé e Elisa também estavam na praia, na ocasião do incidente, mas conseguiram fugir para um morro próximo antes que a água invadisse a areia, ficando imunes ao arrasto.
Porém, Laila mais alguns infelizes, não tiveram a mesma sorte. Foram arrastados pela água, sendo posteriormente salvos pela "benção dos céus", segundo Elisa.
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Jafé, diante da residência do doutor Euclides, se pôs a berrar por ele, que não demorou a vir conferir quem gritava com tanta urgência.
Assim que o menino explicou o ocorrido, o médico correu, buscou sua maleta de trabalho e, em segundos, já estava dentro da carruagem, rumo ao Castelo de LaViera.
Euclides era um homem sereno, de fala pausada e o rosto abatido pelo tempo. Os cabelos, compridos e bagunçados, formavam um topete engraçado na frente e nas laterais. As sobrancelhas, grossas e grisalhas, uniam-se uma a outra, compondo uma faixa única de pelos desencontrados no meio da grande testa, dando-lhe um aspecto ainda mais esquisito.
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O médico, já no quarto da princesa, logo começou a examiná-la. Apertou os punhos com força, como se fosse extrair alguma coisa de lá. Depois, encostou um apetrecho estranho em partes do corpo de Laila e, por último, segurou os olhos dela, fitando-os como se enxergasse o que havia dentro.
— Como se sente, Alteza?
— Nauseada.
— Consegue respirar normalmente?
— Às vezes, falta-me o ar.
O médico a colocou sentada com a ajuda da Rainha, para examinar as costas.
Enquanto isso, os demais acompanhavam, atentos, os movimentos do doutor para obterem algum consenso sobre o estado da princesa.
Minutos depois, Euclides virou a cabeça para onde estava o Rei e franziu as grossas sobrancelhas.
— Sua filha está bem. Precisa somente de repouso. Dois ou três dias devem ser suficientes. Nada de escola. Nada de esforços. Preparem um banho quente e deixem-na descansar. Se sentir fome, um copo de leite ou sopa bem rala. Vamos ser precavidos e cercá-la de cuidados para que possa se recuperar rápido.
Todos acataram as recomendações, com um semblante apreensivo, mas sem questionarem uma palavra do que foi dito.
Realmente, a medicina da época não tinha nada de evoluída. A experiência dos doutores vinha com o tempo e os diagnósticos eram dados de forma subjetiva.
Mas era o que existia de mais sofisticado naquele pedaço do mundo. Por isso, ninguém ousaria discutir a prescrição de um médico, a sumidade máxima no assunto. Ainda mais com o limitado conhecimento de medicina entre os leigos.
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Dia seguinte, Laila estava proibida de ir à aula.
Cursava o segundo ano da Escola de Formação para Nobres e Herdeiros. Uma espécie de curso preparatório para herdeiros dos Reinos e filhos de nobres à época, deixando-os aptos a perpetuar o reinado ou os negócios de seus antecessores.
Ela passaria o tempo todo em repouso. Não achou nada ruim, pois, apesar de gostar de estudar, não apreciava muito frequentar aquela Escola.
Mesmo que fosse uma renomada Instituição, considerada a melhor da Região, Laila a achava limitada na capacidade de ensinar, tradicional, óbvia e ultrapassada em alguns conceitos. Além disso, o comportamento dos colegas não a agradava de uma forma geral. Colegas esses, em sua maioria, nobres esnobes, com pouco a acrescentar para sua vida pessoal ou a sua formação moral.
Ela queria mesmo era ter ido para a faculdade e seguido um rumo diferente de seus ancestrais. Porém, a mais próxima ficava há dias dali, em um Reino chamado Chez Etienne.
Por esse e outros motivos óbvios, na visão de seu pai, Laila fora privada de seu desejo. Deveria se conformar com o destino e servir de exemplo para os nobres alunos de LaViera e arredores. Também era um meio de manter a filha sob controle e prepará-la para ser uma excelente... esposa de um futuro Rei.
Angustiante...
Laila havia desistido do assunto "faculdade" há anos. Apesar dessa discórdia, ela se dava muito bem com os pais.
Rei Fernan era um bom homem. Tornou-se Rei ao herdar o trono de seu pai e já o ocupava há vinte anos. Tinha cinquenta e dois anos. Era um homem grisalho, de estatura alta, cerca de um metro e noventa, e com ligeiro excesso de peso transparecido em uma barriguinha protuberante.
Sempre teve o poder nas mãos, reconhecido, inclusive, pelos Aliados de outros reinados, mas às vezes faltava-lhe o pulso firme. Principalmente na tomada de decisões difíceis.
Isaboh, sua esposa, sabia bem disso. E, por tal razão, detinha uma participação importante, mas sutil nas decisões sobre o Reino e a manutenção da boa relação e influência com os Aliados que, há mais de cem anos, conviviam em perfeita harmonia e em clima de cooperação.
A Rainha, naquele momento difícil, tinha voltado toda a atenção para a filha. O Rei também bajulava a menina, mas estava intrigado com um só pensamento... Quem seria o tal homem, responsável pelo milagre de salvar a todos naquela praia e evitar uma tragédia colossal em seu Reino?
Havia convocado três guardas de confiança para procurá-lo, quando...
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(COMPLETO) Laila Dómini - Livro 1
Historical Fiction**LEITURA RECOMENDADA PARA MAIORES DE 16 ANOS** **OBRA PUBLICADA E REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL** ***Laila é filha única, herdeira do Reino de LaViera e sempre levou uma vida previsível e trivial... Até que, num domingo qualquer, ela vem a ser...