Eu estou apaixonada por Thalia Grace.
Para alguns, isso pode parecer óbvio. Mas pra mim não foi.
Quer dizer, eu sabia. Não exatamente isso, porém eu sabia que o que a gente tinha estava ultrapassando as barreiras de qualquer coisa casual demais. Sabia que o beijo começava a ter significado. Os sobrenomes, as montanhas, as estrelas, as músicas... Eram nossas coisas. Pertenciam a mim e à Thalia somente. Porque eu sabia que o nome dela estaria marcado em cada pequeno detalhe que envolvesse essas coisas e nada jamais poderia me fazer esquecer de suas sardas, seus olhos elétricos e seu sorriso brilhante.
Eu só não sabia que era amor. E agora que sei, esse fato me apavora.
O sentimento por si só é puro e doce, mas tudo que ele carrega consigo como consequência é um tanto amargo.
Nós havíamos combinado que não pensaríamos demais sobre nós. Por que eu não segui com o acordo?
Passo a noite em claro pensando sobre isso. O amor não é pra mim, eu sempre soube. Quantas vezes jurei não me apaixonar? E aqui estou eu, presa em um romance impossível.
Tenho a vontade súbita de sair correndo e fugir de tudo. Preciso me afastar de Thalia porque eu não posso oferecer a elu um relacionamento estável. Sequer posso oferecer relacionamento algum.
Beijos e conversas eram uma coisa, mas paixão? Isso nos levaria à uma complicação de outro nível.
No entanto, acho que me tornei egoísta ao ponto de saber que não consigo me afastar de Lia, a menos que isso seja estritamente necessário. E talvez nem assim. Porque eu a vejo em todos os meus planos do futuro, menos em um: na vida planejada por mamãe.
E é aí que está o grande problema: não posso fugir pra sempre dos planos feitos por Belona como tenho feito nas últimas semanas. Não posso conciliar Thalia e o Plano de Vida. Há duas Reynas em mim e eu preciso decidir por fim qual vou ser: a que foi planejada e ensaiada como a marionete de Belona ou aquela que eu sempre posso ser sincera.
Na verdade, eu já sei o que quero. Contudo, preciso saber se tenho coragem suficiente para enfrentar minha mãe.
O dia amanhece sem que eu tenha conseguido descansar.
É hoje, meu cérebro me lembra como se fosse necessário, a maior apresentação da sua vida.
Meu coração se aperta.
Haverá uma olheira de Bolshoi hoje, apenas para me avaliar.
Esse pensamento me faz sentir ânsia de vômito e eu corro para o banheiro anexado ao quarto antes que seja tarde demais.
Belona me oferece o café da manhã, mas não consigo colocar nada na boca.
Minha mente viaja entre espirais de pensamentos sufocantes enquanto meu corpo faz tudo como se estivesse no automático. Eu tomo banho, me visto, Belona me ajuda a arrumar o cabelo em um coque perfeito e a me maquiar. Ela sorri o tempo todo e joga conversa fora; parece a mãe mais doce do mundo. E mesmo que eu saiba que ela ama uma Reyna inexistente, seus gestos raros de carinho me fazem me sentir como um cachorrinho feliz.
Percebo que, se eu escolher Thalia, tudo isso vai sumir.
Eu tinha a esperança, quando era mais nova, que assim que eu entrasse para Bolshoi e fosse o mais próximo do que Belona quisesse, minha mãe poderia finalmente me dar carinho e amor como eu via Sally fazendo com Percy.
E agora que estou prestes a chegar nesse momento, pretendo jogar tudo para o alto.
A Reyna de 15 anos se desapontaria comigo. A Reyna de 9 anos ficaria feliz.
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Little Miss Perfect
Fanfiction[au!theyna] Reyna é - e sempre foi - a garota perfeita. É a primeira da classe, presidente do grêmio estudantil, bailarina principal em todas as apresentações; invejada por todos na escola e raramente envolvida em confusões ou festas. Esse padrão é...