Não consegui encontrar com Thalia pelos próximos dois dias.
Porque, como se não bastasse apenas pressionar Quíron, minha mãe também conseguiu convencer o Sr.D à mudar completamente meus horários de aula, nunca fazendo possível que eu e Thalia ficássemos no mesmo ambiente. Exceto, é claro, pelo almoço - mas os irmãos Grace tiveram que resolver assuntos pessoais nesses horários (tanto na segunda, quanto na terça).
Então cá estou eu: em mais um treino de balé. Lupa não cansa de lembrar a todas nós que a apresentação se aproxima - agora estando apenas um mês distante. Hoje ela está especialmente pegando no pé de Hazel, porque a garota faltou duas vezes seguidas.
Hazel é forte mas Lupa está sendo tão rígida que vejo a Levesque ficar a beira do choro. Não aguento ver isso, então erro um passo importante de propósito e toda a ira da nossa professora se volta contra mim. Tudo bem, eu consigo carregar isso. Eu estou bem. Está tudo bem.
Fingir, até que se torne verdade.
Quando a música para, Lupa coloca ela para tocar de novo. E de novo. E mais uma vez, até que o tempo de nossa aula acabe - e ela ainda ultrapassa 10 minutos. Vejo o cansaço no rosto do resto da equipe e forço um sorriso confiante.
- Nós estamos indo bem. - digo a elas quando já estamos no vestiário. - Tenho certeza que vamos arrasar na competição, vocês são todas muito talentosas.
- Obrigada, Reyna. - uma das garotas, Lavínia, me diz. - Não sei o que seríamos sem você.
Sorrio, agradecida.
- Ainda bem que você existe, Rey. - Hazel suspira. - As vezes, parece que a Lupa odeia a gente.
Faço uma careta que gera risadas delas.
- É... Realmente. - falo. - Mas vai dar tudo certo, okay?
Nos abraçamos e nos despedimos agora com o clima mais leve. Eu desacelero meus passos, percebendo que nem sequer troquei de roupa.
A verdade é que não sinto vontade de ir para casa agora. Preciso extravasar o que sinto, de uma forma ou de outra.
- Rey, você não vem? - Hazel se vira pra mim, franzindo o cenho.
- Agora não, Haz. - respondo. - Acho que vou treinar mais.
Ela me encara como se um chifre de unicórnio tivesse surgido no centro da minha testa.
- Deixo a porta aberta, então?
Eu concordo e a observo ir embora, me deixando completamente sozinha.
Encaro as cadeiras vazias do auditório. As cortinas velhas e empoeiradas. O palco com madeiras que rangem a cada passo.
Coloco meus fones de ouvido e deixo uma única música para tocar no repeat. Então me levanto e suspiro, fechando os olhos antes dos meus pés seguirem as batidas agitadas de Oh No! da Marina And The Diamonds.
A dança costumava ser meu porto-seguro. Me balançar no ritmo das notas e acompanhar a harmonia dos instrumentos era meu passatempo preferido. Eu inventava passos e coreografias, me trancava no quarto por horas seguidas e simplesmente seguia meu coração.
Até que, bem, dançar se tornou uma obrigação: a única coisa que faria meu esforço fazer sentido.
A música que eu escolhi é libertadora em diversos sentidos: sua poesia expressa o que eu sinto.
Sinto meus pés doerem e meus músculos protestarem contra o esforço exaustivo. Ignoro as reações do meu corpo e continuo: girando e saltando nas pontas dos pés, como se o mundo fosse pequeno e insignificante.
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Little Miss Perfect
Fanfiction[au!theyna] Reyna é - e sempre foi - a garota perfeita. É a primeira da classe, presidente do grêmio estudantil, bailarina principal em todas as apresentações; invejada por todos na escola e raramente envolvida em confusões ou festas. Esse padrão é...