Quando abro os olhos, a primeira coisa que eu vejo é a luz forte e clara, me deixando tonta.Meu primeiro pensamento é de que morri. Faz sentido se eu considerar a paz que estou sentindo.
O pensamento cai por terra quando escuto vozes abafadas soando perto de mim. Não acho que, depois da morte, eu ainda deveria ouvir Belona gritando com alguém. E muito menos deveria ouvir Jason e Thalia retrucando com ela.
Tento me mexer, mas meu corpo está dolorido. Como se eu finalmente estivesse sentindo todo o cansaço dos ensaios e das apresentações de balé que fiz durante toda minha vida.
Pensar nisso me faz lembrar do que aconteceu.
Sinto meu coração acelerar mais uma vez, daquele modo angustiante de antes. As cenas da apresentação do Lago dos Cisnes me invadem aos poucos, como um pesadelo sendo revivido.
Lembro do rosto da avaliadora de Bolshoi; a decepção clara na expressão de minha mãe; a sensação de sufocamento; tudo ficando escuro e Thalia vindo até mim.
Acho que tudo isso me agita o suficiente para que eu acorde de vez e me sente na cama bruscamente.
Puxo meu braço e o levo até o meu pescoço, meio que me certificando de que não há uma corda ali. Nesse movimento, sinto uma ardência no antebraço e vejo que ali está um acesso de hospital. Sigo com os olhos toda aquela parafernália e vejo que estou recebendo soro na veia.
No meu pulso direito, há uma pulseira de papel, daquelas bem típicas de internação. Está escrito meu nome, meu tipo sanguíneo, minha data de nascimento e a ala do hospital na qual me encontro.
Levanto os olhos para dar uma olhada geral no ambiente. É um quarto hospitalar simples, com paredes claras, uma poltrona, uma janela, uma televisão pequena. O cheiro também é clássico desses ambientes médicos: algo estéril, limpo e melancólico.
Por último, meu olhar pousa na única coisa que não parece combinar com todo o resto do quarto:
- Nico? - minha voz soa assustadoramente fraca.
Meu amigo, que está apoiado no pé da cama, me dá um sorrisinho.
- Que bom que você acordou. - ele diz. Apesar do seu tom leve, percebo que ele parece cansado.
Minha cabeça ainda está doendo muito. Nico deve ter percebido minha careta de dor porque vêm até mais perto e olha para meu acesso com preocupação.
- O que você está sentindo? - ele pergunta. - Posso chamar alguma enfermeira se precisar. Acho que o remédio que te deram já está passando o efeito e...
- Nico. - eu o interrompo. - O que aconteceu?
Antes que ele responda, as vozes abafadas do lado de fora do quarto ficam mais altas. Não consigo entender o que falaram, mas ouço a voz alterada de minha mãe e sinto meu corpo tremer involuntariamente.
Nico senta ao meu lado e fica olhando pela janela.
- Você desmaiou. - o Di Ângelo começa a explicar, com uma seriedade pesada na voz. - Segundo Apolo, foi consequência de uma crise profunda de ansiedade não tratada. Eu e Jason sabíamos que você não estava bem, mas não conseguimos te ajudar. Foi... Foi assustador, Rey. Você caiu no palco e estava tão pálida que parecia que... Meus deuses, eu pensei que você tivesse morrido. Thalia saiu correndo até o palco no mesmo momento, enquanto o resto de nós ainda estava em estado de choque.
"Sua mãe não gostou nada daquilo. Logo que o espetáculo parou e Will chamou a ambulância pra te socorrer, ela ficou gritando com a gente. Não deixou que chegássemos perto de você. Te trouxeram pra cá e viemos logo atrás, no carro de Jason. Ficamos esperando enquanto Naomi, a mãe de Will que felizmente é enfermeira, nos falava que você estava sendo examinada e que iria ser internada para ficar em observação. Quando sua mãe saiu do quarto e nos viu, ela estava louca. Primeiro não deixou Apolo te atender, exigiu outro médico. Depois ficou indignada que nós estávamos aqui, especialmente Thalia. Ela disse que não poderíamos te ver nunca mais. Então combinamos que o resto do pessoal ia ficar distraindo ela enquanto eu entrava no quarto com ajuda da Naomi pra ver como você estava."
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Little Miss Perfect
Fanfic[au!theyna] Reyna é - e sempre foi - a garota perfeita. É a primeira da classe, presidente do grêmio estudantil, bailarina principal em todas as apresentações; invejada por todos na escola e raramente envolvida em confusões ou festas. Esse padrão é...