prologue

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Vinte e quatro de julho de dois mil e vinte. Nova York.

As malas em cima da cama deixavam claro que Isabella iria viajar. E que estava atrasada. As roupas ainda estavam espalhadas pelo quarto de hotel e as diversas lembrancinhas de Nova York ainda não haviam saído de cima da mesa de cabeceira.

A viagem havia sido de fato boa. Nova York foi o lugar que ela escolheu para comemorar sua formatura no curso tão sonhado e seu aniversário que ainda não tinha chego.

Ter estudado seis anos de sua vida para se tornar uma médica foi cansativo o suficiente para não querer esperar agosto chegar para então viajar no seu aniversário. Assim que as férias antes da formatura começaram ela viajou, tentando levar só as coisas boas dos últimos seis anos.

De fato as lojas da Times Square eram as melhores para fazer compras, e tentar colocar dez dias de viagem em duas malas e uma mochila era quase impossível. E pior ainda: dizer que ela dobrou as roupas seria uma grande mentira.

Alguns minutos se passaram até que ela parou de simplesmente jogar as roupas dentro da mala e passou então a tentar fazer com que tudo encaixasse como peças de lego e foi por pouco que ela não teve de comprar mais uma mala, e quem sabe até pagar por bagagem extra.

Com as duas malas grandes fechadas, a mochila quase pronta e os documentos guardados, Isabella olhou pela janela tendo a certeza de que aqueles dias foram os melhores de sua vida.

Seu banho foi o mais rápido de todos, se quer teve tempo de se arrumar direito antes de que tivesse de correr pro aeroporto para não perder o voo. E perder o voo estava fora de cogitação.

Talvez fosse melhor, na verdade.

O aeroporto estava cheio por conta dos vários voos cancelados por mal tempo em vários lugares do mundo e isso só dificultava Isabella chegar ao seu guichê. Ao despachar as malas e finalmente poder sentar nas cadeiras bem perto do portão de embarque ela mandou uma curta mensagem para a sua rede social favorita.

"É isso. Até breve Nova York. Londres, estou voltando."

A espera para que o voo 2354 saísse era enorme e algumas famílias já estavam nervosas por quererem chegar logo as suas casas. Entretanto, Isabella estava tranquila. Não queria mesmo chegar em casa depois de dias tão incríveis no solo americano.

Um casal de amigos bem perto de Isabella reclamava do quão frio estava o aeroporto, uma senhora de cerca de setenta anos falava com o filho pelo telefone, quatro adolescentes riam olhando as redes sociais, um homem vestia preto e ouvia música em seus enormes fones de ouvido, muitas pessoas conversavam alto e alguns até gargalhavam apesar do atraso.

A entrada no voo só se deu meia hora depois. Isabella não esperou muito para entrar na fila e logo estava sentada na primeira fileira de cadeiras, bem ao lado da saída de emergência. O homem que ouvia música sentou-se ao seu lado, sempre calado e mexendo em seu celular.

Não demorou para que o piloto avisasse que iam levantar voo e logo depois as aeromoças com o lanche da tarde estavam passando pelos corredores do avião.

Ela só levantou da sua cadeira quando o jovem ao seu lado foi ao banheiro e voltou dizendo, em poucas palavras e sotaque carregado, que o banheiro ainda estava utilizável quando ela perguntara. Ele se sentou, colocou as pernas sob a poltrona e voltou a dormir.

Isabella estava presente e acordada quando as aeromoças passaram correndo em direção à cabine do piloto. Também presenciou o desespero no rosto de uma delas.

Olhando pela janela tudo que se via era uma nuvem escura e densa. Isabella olhava então novamente as aeromoças que forçavam sorrisos para as poucas pessoas que estavam acordadas no avião.

Minutos se passaram até que todas corressem novamente para a cabine e então uma turbulência começou, fazendo com que algumas pessoas acordassem e começasse um pequeno desespero.

Uma das aeromoças, a mais calma delas, se locomoveu até o meio da aeronave pedindo calma e que todos continuassem em seus assentos.

Calma não existia mais naquele transporte.

O piloto claramente perdia o controle da aeronave, que balançava fortemente para cima e para baixo, fazendo com que as malas dos passageiros caíssem para todos os lados.

O desespero já tomava conta do coração de Isabella, que pegou seu celular e enviou uma curta mensagem para sua melhor amiga dizendo que a amava e que estava muito nervosa.

O balanço do avião fazia com que ela ficasse enjoada e pensasse em toda a sua vida. Todos os erros e acertos. Todas as pessoas que já a machucaram. Todo a aflição que ela já tinha passado e está passando novamente.

Ao olhar pela janela era possível ver o motor soltando muita fumaça, as aeromoças andavam de um lado para o outro nervosamente e sussurravam pedidos de calma para os passageiros.

Os gritos dos passageiros e os barulhos dos motores eram o que ecoava em sua mente no escuro do avião.

Foi possível ouvir o copiloto pedir para os passageiros colocarem os cintos e Isabella que já estava com o seu colocou o do jovem ao seu lado com muita dificuldade.

E foi o necessário para que segundos depois os barulhos vindo dos motores parassem e o avião começasse a cair de bico, perdendo toda a altitude e controle.

Os gritos eram agonizantes.

O vento batia em seus rostos.

Bagagens voavam ao céu.

A garganta ardia de gritar.

A queda era livre.

O impacto aconteceu.


Notas da autora: 

Oi oi gente!

Voltamos! É isso!

Paraplegic está de volta e eu estou muito feliz por estar postando novamente essa primeira história. 

Aos que chegam agora eu tenho que explicar que essa história já foi postada há um tempinho atrás, mas eu acabei abandonando e perdendo o interesse. Na pandemia voltei a esse aplicativo e me deu vontade de reescrever ela. O resumo da história continua o mesmo, mas personagens, tempo, acontecimentos e outras coisas podem ter mudado, assim como minha escrita. 

Eu não vou estender muito, mas quero perguntar se alguém de vocês sabe o motivo do primeiro capítulo ter saído no dia 24 de dezembro. Alguma ideia???

Queria também que vocês opinassem sobre os dias da semana que acham legal sair novos capítulos. Eu estava pensando em toda sexta, o que vocês acham?

É isso então, eu espero que vocês gostem dessa nova fase de Paraplegic. Eu estou muito animada! Tem muita coisa boa vindo nessa história!

All the love,

Li!

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