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𝓛𝓪𝓵𝓲𝓼𝓪 𝓜𝓪𝓷𝓸𝓫𝓪𝓶

Terça-feira, 6 da manhã
Washington , quarto

Tudo está escuro com uma névoa passageira até a altura dos meus pés. Sinto cheiro de álcool com uma mistura de cigarro.

-Onde eu estou? - pergunto confusa por não saber onde me encontrava. O cheiro era reconhecível mas o local era ainda desconhecido.

-Filha? - ouço a voz do meu pai. Isto é impossível.

-Papai? Onde você está? - pergunto tentando enxergar no escuro mas continuo vendo só névoa. - Está muito escuro, não te consigo ver. Vem para perto de mim! - digo mas não ouço resposta. - Pai? Fala alguma coisa! Volta! - continuo sem resposta até conseguir ouvir sirenes de polícia e ambulância. Agora para além de névoa consigo enxergar luzes azuis. As sirenes ficam mais altas e eu desespero por ficar sozinha. - Pai? Eu...preciso de ti. - não existe resposta apenas sirenes ficando mais altas que chega a fazer doer os meus ouvidos. Grito de desespero pela dor e vejo um grande clarão azul, fecho os meus olhos e me vergo com as mãos nos ouvidos.

-Preciso que seja forte, querida. Nós vamos partir para uma melhor, eu prometo! - ouço alguém falar e parece a voz do meu pai. O som de sirene desaparece e pareço estar em outro ambiente quando abro os olhos. Tento focar os olhos e reparo que estou em casa, a casa da Tailândia.

-Como? O que eu faço aqui? - confusa pergunto e olho para os lados.

-Pai, larga a arma! Vamos conversar, sim? - É a minha voz? Mas não sou eu que estou falando. Olho para trás e vejo a cena que me atormenta todos os dias.

Sou eu, presa em meu pai com uma arma apontada na cabeça e os policias tentando acalmar a situação. Lágrimas vêem em meus olhos e um enorme aperto no coração.

-Eu quero viver, por favor... - falo e choro desesperadamente - Eu quero viver...- volto a falar e eu caio no chão de joelhos vendo aquela cena. Aperto com a mão esquerda o local do meu peito onde sinto o meu coração perdidamente acelerado.

-Diz...diz outra coisa! - falo para mim mesma mas ninguém me ouve. - Diz! Façam alguma coisa! - grito mas ninguém se move e percebo que era o momento em que os policias faziam um plano comigo para sair de lá.

-Senhor a gente apenas quer ajudar a si e sua filha. Por favor, largue a arma e assim podemos falar. - um policial fala para meu pai e aproxima-se.

-Não precisamos de ajuda! Eu resolvo assunto com a minha filha como eu quero. Eu sou seu pai. Eu tomo as decisões! Tudo vai ficar bem deste jeito. - Meu pai grita e parece soltar os braços de mim enquanto chora sem se aperceber. O policial dá o sinal e eu saio correndo.

𝘞𝘩𝘰 𝘢𝘳𝘦 𝘺𝘰𝘶? | 𝙻𝚒𝚣𝚔𝚘𝚘𝚔Onde histórias criam vida. Descubra agora