Desejo

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Jordan

Rever a Daphne depois de anos foi a sensação mais estranha e aterradora possível. Quando a vi rindo no restaurante, uma onda de desejo tomou conta de mim, por isso pedi licença e fui ao banheiro jogar uma água fria no rosto. Precisava me controlar. E qual não foi minha surpresa quando ela trombou em mim, enquanto eu passava pela porta do banheiro feminino. Sentir os seios dela em contato com meu corpo, mesmo através de algumas camadas de roupa, foi enlouquecedor.
Ela estava tão segura de si, tão confiante. Então, vi o anel em seu dedo. Noiva. Noiva de um cara chamado Carter. A vida dela seguiu e ela encontrou uma nova pessoa.
Solto um grunhido e levanto da cama. Ethan e eu estamos dividindo a minha cama no antigo quarto. Ela é grande o suficiente para nós dois. Passo as mãos pelo cabelo do meu filho e suspiro. Minha vida também seguiu em frente, só que não com uma namorada ou esposa. Com meu filho.
Tomo um banho, visto um terno cinza escuro com gravata azul marinho e camisa branca. Arrumo o cabelo, passo perfume, dou um beijo na testa do meu filho e desço.
- Bom dia, mãe! - a cumprimento com um beijo na bochecha.
- Bom dia, Jordan. Ansioso para a palestra? - ela pergunta enquanto me sento em uma cadeira e me sirvo com café.
- Acho que sempre tem uma pequena ponta de ansiedade. Mesmo se a pessoa estiver calejada de fazer aquilo todos os dias. - respondo a ela que abre o maior sorriso do mundo.
- Você vai arrasar! - ela garante a mim.
- Bom dia! - Maurice nos cumprimenta, alegre. Ele estava com um terno preto, camisa branca, sem gravata e boina preta. Esse era o estilo do meu amigo.
- Bom dia. Senta e toma café. Temos tempo antes da palestra. - digo olhando por cima da borda da xícara.
- Bom dia, Maurice. Dormiu bem? - minha mãe pergunta servindo café em uma xícara e entregando a meu amigo.
- Ah, sim. Muito obrigado, Sra. Roberts. Belle ainda está dormindo. A senhora pode tomar conta dela, s'il te plaît? - ele pergunta a minha mãe.
- É claro que sim. Não precisava nem perguntar. Ethan está dormindo também. Vou cuidar dos dois. Não se preocupem. - minha mãe fala carinhando a mão de nós dois.
- Obrigado, mãe. Pode deixar o Ethan descansar. O fuso horário está o afetando bastante. Mas, logo ele se acostuma. - digo com orgulho do meu filho.
- Claro que sim. Terminem o café da manhã. Vamos! Comam bastante. - minha mãe fala se levantando e indo para a sala.
- Contou a ela sobre Daphne? - Maurice me pergunta e suspiro, pousando a xícara no pires.
- Não. Eu não sei o porquê, mas, não contei. - admito com desânimo.
- Eu entendo, mon cher ami. As coisas não são tão fáceis quanto parecem ser. Principalmente quando relacionadas ao cœur, digo, coração. - Maurice fala com um sorriso de quem entende o que estou passando. Acabamos o café, nos despedimos de minha mãe, dou mais uma olhada em Ethan enquanto Maurice olha Belle e saímos para a Universidade.
- Sabia que eu sonhava estudar aqui? - conto a meu amigo enquanto estaciono perto da entrada. Aluguei um carro pelo tempo em que eu ficar aqui.
- Imagino. É lindo. - ele responde com um sorriso. Caminhamos para o interior do prédio. Passamos por alguns alunos que nos olharam de cima a baixo e outros nem nosnotaram. Iríamos dar a palestra pela manhã, porque o curso de Biologia Marinha tem aulas a tarde ou a noite. Pela manhã seria melhor, pois eles estavam de férias e teriam a tarde toda livre depois. Encontramos meu pai e meu avô na frente da diretoria.
- Bom dia, pai. Vô! - cumprimento eles com a cabeça.
- Bom dia, Sr. Roberts e Sr. Williams. - Maurice os cumprimenta.
- Bom dia, meninos. - meu avô, Peter, cumprimenta. Ele agora é o novo reitor da Universidade. Meu pai continua dando aula no curso de Biologia Marinha.
- Bom dia. Pronto? - meu pai pergunta animado.
- Bastante! Ansioso também. - respondo com uma risada nervosa.
- Vai dar certo! - meu avô fala com um sorriso.
- Obrigado, vovô! - digo e o abraço. Meu avô é incrível! Ele envelheceu muito bem. Meu avô e meu pai nos acompanha até o auditório, onde vai ser a palestra. O Sr. Saito está arrumando alguns fios. Faz anos que não o vejo e me sinto nervoso.
- Olá, Jordan. - ele cumprimenta cordialmente.
- Oi, Sr. Saito. - respondo sério. Tiro meu notebook da pasta e coloco sobre a mesa, conectando alguns cabos e arrumando tudo para a palestra.
- A Inglaterra te fez bem. Você está diferente. - o Sr. Saito fala do nada.
- Obrigado. Gosto muito de morar lá. Meu filho gosta bastante também. É o lugar perfeito para ele. - respondo digitando algumas coisas de última hora. O pai de Daphne comprime os lábios e respira fundo.
- Olha, eu queria pedir desculpas por, bom, pela última vez em que esteve aqui. Em casa. Ethan parece ser incrível. - o homem fala sério.
- Não me leve a mal, Sr. Saito, mas, faz tempo que minha casa não é mais Ellsworth. Agora é Londres. Eu estou estabilizado lá e meu filho realmente ama aquele lugar. Sim, ele é incrível. Sim, eu desculpo. Ethan é tudo para mim. - respondo com orgulho de meu filho. Ele é perfeito.
- Isso é realmente importante. Desculpa novamente. Não quis ofender. É que me acostumei com você aqui e mesmo depois de tantos anos, parece que seu lugar é aqui. - o Sr. Saito fala e suspira.
- Eu sei. O senhor não quis ofender. Mas, eu amo Londres. Realmente, é meu lugar no mundo. Londres é perfeita. Ethan é intelectual e ama frio. Além do mais, ele tem amigos lá. Não pensaria em mudar para cá novamente. Até porque aqui não é mais meu lugar. Desculpa, eu gosto daqui, mas, Londres agora é minha casa. - respondo sério.
- Tudo bem. Desculpa novamente. - ele fala e solta um suspiro de alívio, como se todo o peso do mundo tivesse sido tirado de seus ombros.
- Não se preocupe, Sr. Saito. Realmente está tudo bem. Só não gosto que mexam com meu filho. Ele é extremamente importante para mim. - respondo cruzando os braços e olhando para o pai de Daphne.
- Eu compreendo. Filhos são muito importantes mesmo. São nossa vida. - o Sr. Saito responde com um sorriso. Não resisto e abro um pequeno sorriso também.
- Vêm, vou te apresentar meu amigo francês. Ele tem uma filha da idade de Ethan. Ela chama Belle. - digo chamando Maurice com a mão. Os apresento e os dois se tornam amigos instantaneamente. Ambos foram pais muito cedo. E o Sr. Saito amava a França. Foi passar a lua de mel com a mãe de Daphne lá.
Acabamos de montar as estruturas necessárias e subo ao palco. Maurice, o Sr. Saito, meu pai e meu avô se sentaram na primeira fileira. Os alunos foram chegando, até que o auditório estivesse todo cheio. Respiro fundo e meu avô se levanta para me apresentar.
- Bom dia a todos. Sejam bem-vindos. A palestra de hoje é muito especial para mim, pois, é meu neto quem vai ministrá-lá. Uma salva de palmas para meu neto, professor da University College London, o professor e pós-doutorando, Jordan Roberts. - meu avô me chama e todos presentes batem palmas.
- Obrigado, vovô. É uma honra estar aqui. - digo com um sorriso.
- A honra é toda minha, meu amor. - ele responde todo carinhoso. Ele me abraça e volta para sua cadeira.
- Bom dia. Como meu avô disse, me chamo Jordan Roberts. Sim, sou filho do professor Aaron Roberts e da bióloga marinha Alice Roberts. Nasci em Morro Bay, mas, vivi aqui até os dezoito anos. Quando me mudei para a Espanha. Lá eu estudei Biologia Marinha na Universidade Complutense de Madrid. Fiz mestrado lá também. Depois, me mudei para a Inglaterra, onde ainda resido. Estou quase acabando o PhD. Moro com meu filho de onze anos, Ethan. Bom, o que quero dizer é que, minha mãe, e minha irmã, Emma Roberts, fizeram Biologia Marinha aqui nesta Universidade. E meu irmão, Andrew Roberts, estudou medicina aqui também. E o marido dele, Robert Roberts, sim, ficou homônimo, estudou Administração aqui também. O que eu quero dizer, é que, essa faculdade é incrível. Era meu sonho, antes de ser pai, estudar aqui. A Universidade de Ellsworth, é a melhor do condado todo. Se brincar, do estado e do país. Sim, é incrível. E não é só porque meu pai dá aula aqui. É porque, realmente é estupenda. Sei que muitos aqui não saíram nem do condado, mas, estou aqui a disposição de vocês para falar sobre intercâmbios, minhas experiências, expedições, e sobre a aula que ministro no College. - falo e termino com um sorriso.
Nas duas horas seguintes, passo contando que fui a uma expedição a uma barreira de corais na Espanha. Mergulhei em Londres, visitei parques aquáticos, museus submersos e diversos lugares. As excursões que guiei até a Grécia, a Roma e a França.
Falei sobre as oportunidades de emprego na Espanha e em Londres, onde é bem mais fácil arrumar um emprego, pois é menos saturados de biólogos do que no Maine. Contei que na Alemanha também é pouco saturado e existem milhões de possibilidades. Disse também que no começo o salário não é muito bom, e que você pensa em desistir, mas, que depois de um pouco de esforço você é reconhecido e passa a ganhar bem. Além de que, dou aula de Biologia Marinha mesmo. Sobre ecossistemas, corais, peixes, mergulhos, livros, de tudo um pouco. Disse que era importante ter um foco. E finalizei que a University College London, junto a Universidade de Ellsworth, iriam disponibilizar intercâmbios parcelados de apenas cinquenta dólares por mês, para quem quisesse ir. O College iria oferecer moradia, comida e transporte por todo o campus. Os cinquenta dólares seria apenas um valor simbólico para o intercâmbio. Para não ser totalmente de graça, pois a London teria que pagar uma taxa de intercâmbio.
Falei que teriam até o final das férias para se decidirem. Todos aplaudiram e agradeceram muito. Pediram até para tirar fotos. Imagina. Eu, Jordan Roberts, um simples professor de Londres, tirando fotos com alunos. Fiquei muito feliz e emocionado.
Meu avô agradeceu muito e meu pai era todo sorriso. Os alunos foram saindo de pouco a pouco, e Maurice, meu pai e meu avô saíram para a lanchonete, me deixando sozinho fechando minha pasta e o notebook.
- A palestra foi muito interessante. - uma voz fala atrás de mim. Me viro e vejo Daphne parada perto de mim. Ela está com um vestido azul longo até o tornozelo e sandálias altíssimas com pedras azuis. Ela estava radiante.
- Obrigado. - digo sem jeito acabando de fechar minha pasta.
- Você realmente foi a todos esses lugares? - ela pergunta curiosa. Respiro fundo e me viro para ela, cruzando os braços.
- Não conto mentiras, Daphne. - digo sério, fazendo ela soltar uma risada divertida.
- Desculpa, não foi isso que quis insinuar. Apenas fiquei curiosa. Achei que passava mais tempo com Ethan. - ela fala e o simples fato de ouvi-la falando o nome do meu filho de novo, sem nenhum rancor, fez cair todas as minhas barreiras erguidas antecipadamente.
- Ele ia comigo sempre. Ethan ama nadar, mergulhar, ler, comer e viajar. Ele é o melhor filho do mundo. - digo pensando em meu filho.
- Percebi mesmo. Você fala sempre com tanto orgulho dele. - ela responde séria. Sorrio e dou de ombros, e a vejo engolir em seco. Interessante.
- Quando você tiver filhos, vai entender o quão mágico é. Você daria a vida por eles, sem receber nada em troca. Sempre que vai comprar algo, pensa neles primeiro. Ethan é meu tudo. - digo e passo a mão pelo cabelo. Daphne morde o lábio inferior e torce as mãos, nervosa. Suspiro e desvio o olhar.
- Sabe, quando fui embora achei que estava grávida de você. Minha menstruação atrasou e ela nunca havia atrasado. Então, minha avó me levou em uma consulta e o médico me falou que eu não estava grávida. Era somente muito estresse acumulado. - ela fala e abre um sorriso amarelo.
- Você queria um filho meu? - pergunto olhando em seus olhos.
- Não era possível. Havíamos nos prevenido e depois eu descobri que é muito difícil eu ter filhos. Parece que meus ovários tem um pequeno problema. A verdade é que isso não me afeta em nada. O médico avisou que eu só precisaria tentar mais algumas vezes do que o convencional. - ela finaliza e noto tristeza em seu olhar. Ela, com toda a certeza do mundo, queria ter filhos. Solto um grunhido e passo as mãos pelo cabelo novamente, enquanto vejo o olhar de Daphne ficar azul escuro de desejo.
Ela me desejava. Eu desejava ela? Mentiria se dissesse que não. Queria muito provar de sua boca, sentir seu gosto. Colocar minha cabeça entre suas coxas e dar o melhor orgasmo da vida dela. Provar que eu era o homem perfeito para ela. Mas, aí ela passou a mão pelo cabelo e vi o anel em seu dedo. Foi como um balde de água fria. Ela já tinha um noivo, não precisava de mim.
- Sinto muito. Acho que irá conseguir sim. Seu noivo, aposto que ele vai esperar o tempo que for. Bom, preciso ir. É a primeira vez que Ethan volta a cidade e está ansioso para conhecer as praias daqui. Foi um prazer rever você. - digo e passo por ela que ainda está um pouco confusa. Começo a subir os degraus para sair, quando ela sai do seu estado de atordoamento e me chama.
- Espera, Jordan. - ela corre até parar a minha frente e beija o canto de minha boca. Sinto meu membro ficar duro. Coloco a pasta na frente. - Espero conhecer Ethan. - ela fala ainda com o olhar cheio de desejo.
- Teremos diversas oportunidades. - digo olhando para a parede atrás dela. Se olhasse para ela, não conseguiria me conter e a possuiria ali mesmo.
- Tomara que sim. - ela sussurra. Concordo com a cabeça e passo por ela. Nossos braços se tocam por poucos centímetros, e sinto uma descarga elétrica percorrer meu corpo. Minha ereção que já estava grande, pressiona a cueca de forma dolorosa. Solto um gemido brutal e saio andando rápido, quase correndo até um banheiro próximo.
Me sinto envergonhado em admitir, que tive que me aliviar com minhas próprias mãos em um banheiro de faculdade.
Só Daphne causava aquilo em mim. Ela era e sempre será, minha perdição.

Oi meus amores,
Capítulo hoje novamente.
Espero que gostem.
Beijos,
Jeice Dias.

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