Jordan
Acordei me sentindo o cara mais incrível do mundo. Ganhamos o jogo de ontem por uma margem perfeita de pontos, minha família estava toda lá, hoje era sábado, eu tinha a namorada mais incrível do mundo e iria sair com ela. Além do mais, não estava mais doente. Não sentia garganta ardendo, nem tinha surtos de tosse, mesmo depois do mergulho na água gelada da piscina em plena madrugada. Levantei e depois de me espreguiçar, fui tomar um banho de banheira relaxante e quente. Saio com uma toalha enrolada na cintura e vou procurar uma roupa. Visto uma calça jeans, tênis e camiseta branca. Passo perfume, pego as chaves do carro, a carteira e desço saltitante a escada.
- Bom dia, mãe! - falo contente dando um beijo em sua bochecha.
- Boa tarde. São quase uma da tarde, Jordan! - ela me repreende, mas com um sorriso no rosto.
- Acho que dormi demais. Estou com fome, tem algo para comer? - pergunto me sentando a mesa.
- Tem sim, folgado. Prefere tomar o café da manhã ou ir direto para o almoço? - minha mãe pergunta. Ela é a pessoa mais legal desse mundo todo, criou os quatro filhos perfeitamente na linha, sem sermos cabeça nas nuvens. Ela não era rigorosa, nem severa, nem nada do tipo. Só não gostava de coisas erradas, e sempre que havia jogo ela deixava a gente dormir até tarde, de propósito. Toda vez era a mesma coisa.
- Acho que um pouco dos dois. - digo com um sorriso, alegre. Como a vida é boa! Me sirvo com ovos mexidos, bacon, lasanha de queijo, batatas assadas com frango ao molho de gengibre e suco de laranja para bebericar enquanto comia.
- Emma saiu com Ben e o And foi a casa de Rob para assistirem a algum filme do Homem-Aranha. - minha mãe conta servindo suco em um copo, e bebendo um pouco.
- Hmmm. Andrew me contou mesmo que ele e Rob iam maratonar os filmes da Marvel em ordem cronológica. Acho que chegaram no do Homem-Aranha. - digo olhando para ela, que ri animada.
- São muito bons. - ela fala dando de ombros.
- São mesmo. E Diana? - pergunto mastigando um pedaço de bacon.
- Ainda está dormindo. Deixei ela dormir mais, porque chegamos tarde em casa. - minha mãe explica. Acabo de almoçar conversando amenidades com minha mãe, me despeço dela e subo para meu quarto, para escovar os dentes. Desço, despeço dela falando que vou sair com Daphne, sem hora para voltar e vou buscar o amor da minha vida.
Estaciono em frente a casa dela e a vejo sair. Ela está linda em um vestido branco. Ela abre a porta do carro, e me viro para dar um beijo nela. Mas, ela vira o rosto, fazendo eu dar um beijo em sua bochecha.
- Algum problema? - pergunto preocupado.
- Não. Podemos ir logo? - Daphne responde seca.
- Ok. Para onde deseja ir? - pergunto respirando fundo. Ela nem olhou para mim desde que entrou no carro.
- Qualquer lugar. Tanto faz. - ela responde seca novamente. Até um pouco bruta.
- Ok! Chega! Me conta agora o que aconteceu! - peço perdendo um pouco a paciência.
- Não aconteceu nada, Jordan! Podemos ir! - ela responde ainda olhando para a frente.
- Então porque está me tratando assim? - pergunto desesperado pegando em seu braço e virando para mim, fazendo ela me olhar. O que vi, partiu meu coração em mil pedacinhos. O olhar de Daphne estava cheio de dor, de nojo e repulsa. Ela se afastou de mim e vi que uma lágrima escorreu por sua face.
- Você vai ser pai. - ela falou naquela voz em que usamos em funerais. Voz de luto.
- Você está grávida? É por isso que está assim? Eu assumo, Daph. Se é isso que a preocupa, eu assumo. Arrumo um emprego, posso começar a faculdade mais tarde, mas, eu assumo...- começo a divagar, mas, ela me corta.
- Não estou grávida, Jordan. - ela fala me deixando confuso.
- Essa eu não entendi. - falo ainda olhando para a frente.
- Eu também não entendia até essa manhã. Quando a Tessa veio aqui em casa. Ela está grávida, Jordan. Dessa vez é pra valer. Ela me mostrou até os exames. - Daphne me conta e meu mundo desmorona. Minha visão fica vermelha e não aguento ficar dentro do carro. Desço e coloco a cabeça entre as pernas, tentando respirar. Daphne só fica parada ao lado do carro, me olhando.
A Tessa está grávida? De mim? Não é possível!
- Não é possível! - digo com a voz carregada de desespero. Minhas mãos tremem quando as passo em meu cabelo.
- Claro que é possível. Vocês transaram sem camisinha, Jordan. Ela estava no período fértil. - Daphne fala vazia. É como se ela tivesse perdido toda a vitalidade. Ela está vazia, oca e fria. Totalmente sem emoções.
- Não! Não é meu. Eu sempre usei camisinha. - digo tentando por ordem ao caos em que minha vida está entrando.
- Não dessa vez. Ela falou que tentou te contar, mas, você não deu abertura. - Daphne responde com uma sobrancelha erguida.
- Claro que não. Porque isso é loucura, Daphne. - grito desesperado.
- Não venha gritar comigo, Roberts. Você vai assumir sim, mas, não um filho meu. Um filho dela. Seu pai estava aqui quando Tessa contou. Ele sabe de tudo. Neste momento ele está conversando com a família dela. - Daphne conta.
- O que? - pergunto bobo.
- Sim. Seu pai não vai pedir para que voltem, nem se casem. Mas, vai pedir que você assuma o bebê. Que você arrume um emprego e que banque toda a gravidez da Tessa. Eles vão ajudar. - ela responde seca, como se falasse de negócios e não da minha vida.
- Como você pode ficar tão calma assim? Achei que me amasse. - digo em exasperação.
- É claro que eu te amo. É por isso que vou embora. - ela fala.
- O que? - pergunto olhando para ela.
- Vou embora, Jordan. Vou acabar esse ano e fazer o último ano do colégio em Morro Bay. Vou morar com meus avós paternos. Vou embora na terça. Minha mãe vai amanhã resolver os papéis na escola. - ela fala séria.
- Você não pode ir embora. - digo sentindo minha visão ficar vermelha novamente.
- Posso e vou. Você não manda em mim. Não suportaria ficar aqui nem mais um minuto, Jordan. Só estou porque não tem como eu ir agora para lá. Eu te amo, mas, não consigo ficar com você agora. - ela fala, vira as costas e sai andando para a porta da sua casa, batendo quando passa. Nosso namoro durou menos de uma semana, o namoro mais incrível do mundo e eu perdi ela. Para sempre.
Não lembro muito o que aconteceu quando voltei para casa. Lembro da minha mãe gritar e chorar, meu pai falar em emprego, e do pai de Daphne querer me matar, e eles terem brigado feio por minha causa. Emma tentava me consolar, And saiu com Diana e Loki para ela não ouvir a discussão.
Uma semana se passou desde esse dia, arrumei um emprego de meio período no café, como garçom. Começava as 15:30 e ia até a hora do café fechar. Não importava que hora fosse. Abandonei a natação, mas, continuei a ir aos treinos de futebol americano. Daphne foi embora na terça, de manhã. Sem tumultos, nem nada. Só a família dela e Emma estavam no aeroporto. Vi Tessa algumas vezes e a evitava onde quer que fosse e ela estava. Conversei com os pais dela e eles aceitaram que eu custeasse a gestação, pelo menos em parte.
Os nove meses foram se passando e eu saí da equipe de futebol americano também, no final da temporada. Não tinha mais sonhos e estar lá, fazia me lembrar de Daphne. Tudo me fazia lembrar dela. Tudo doía em mim. Parceria que eu havia envelhecido vinte anos em nove meses.
Até que um dia, já no final da gravidez, Tessa e os pais dela sofreram um acidente de carro. Os pais dela morreram na hora. Ela foi levada as pressas para o centro cirúrgico. Ela não resistiu ao parto e morreu na mesa de cirurgia. Mas, meu filho, meu pequeno Ethan, nasceu. Forte e saudável. Ele tinha o cabelo preto e os olhos verdes. Quando o peguei no colo, soube que minha vida havia mudado para a sempre, e o amor que senti, sabia que nunca havia sentido igual.
O funeral de Tessa e os pais foi muito triste, mas, não fui. Fiquei com Ethan na maternidade. Ele ficou mais alguns dias e depois o levei para casa.
Esperei Ethan fazer um ano e então fomos embora, me mudei para Espanha, onde morei por um tempo com meu tio Anthony e depois de arrumar um emprego, comecei a faculdade, me mudei para um apartamento perto do de meu tio.
Não procurei saber de Daphne e por isso fui embora de Ellsworth. Ficar lá, me fazia lembrar dela em todo lugar que eu ia.
Agora eu não podia ficar mais nesse poço de mágoas, tinha uma vida que dependia de mim. Ethan, meu pequeno, forte e adorado filho.
É, o destino baralha as cartas e nós jogamos.Oi meus amores,
Que capítulo triste.
Uma nova etapa está para começar, espero que gostem.
Beijos,
Jeice Dias.
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Forever
Teen FictionJordan James Roberts, é o filho mais velho de quatro irmãos. Quaterback do time de futebol americano, um dos componentes do time de natação e um bom aluno na escola. Não que ele passe o tempo todo estudando, mas, consegue se sair bem nas matérias, a...