SINTO uma dor de cabeça insuportável. Além da sensação de ter gesso envolvido no meu braço é esquisita, mas essa é suportável.- Você teve sorte de apenas ter quebrado o braço. - Minha tia fala com severidade enquanto checa o gesso.
- É. - Concordo a contragosto.
Ter apenas uma fratura e alguns arranhões foram sorte mesmo, podia ter sido muito pior. Quando estava voltando para casa, um pouco bêbada, de uma festa do pessoal da minha escola, sofri um acidente. Poderia ter morrido, como os policiais disseram, mas estar com o cinto de segurança tinha realmente me protegido de sofrer algo mais grave quando bati na parede de uma garagem qualquer.
- Quando vão me dar alta?
Minha tia torce a cara com raiva. Porém, a raiva dela é compreensível. Fui irresponsável, estúpida, quase morri e a preocupei, mas a única coisa com que me importo é ir embora desse hospital e deixar esse quarto sufocadamente claro e sem graça. Sou mesmo idiota.
- Não hoje. - É o que ela me responde, fuzilando com seus olhos castanhos escuros.
Bufo e a vejo sair do quarto, me deixando sozinha com minha estupidez e dores no corpo.
Acordo e percebo que não tenho ideia de que horas são. Por costume, procuro meu celular na mesinha ao lado, mas o que encontro são só caixas de remédios e curativos. Amaldiçoou ao lembrar que meu celular deve estar resumido a caquinhos e morto, por conta do acidente.
Me levanto da cama e sinto uma tontura instantânea, mas ela não me impede de continuar em pé. Procuro as pantufas azuis minhas e as calço. Tenho sorte de ter pedido a minha tinha não me deixar com aquela roupa de hospital e, sim, com uma calça e camiseta de moletom, extremamente confortáveis. Penso duas vezes antes de sair do meu quarto, mas ainda assim, o faço.
Os corredores são feios, cheios e familiares, já que costumo vir aqui sempre que minha tia acaba trabalhando por vários turnos. Tia Lucy ser enfermeira aqui me dá alguns privilégios como conhecer o hospital muito bem e ninguém estranhar eu estar perambulando
por aqui. Também sei exatamente onde ficar afastada para não ser pega na botija por ela. Afinal, só quero dar uma andada e voltar para o quarto depois, ficar naquela cama o tempo todo é massivamente tedioso.Na verdade, não vejo nada de novo quando atravesso corredor por corredor: vejo enfermeiros, remédios, gente chorando, mais remédios, macas e jalecos brancos, muitos deles. Nada de anormal em um hospital, mas ainda assim é melhor que a parede do meu quarto.
No entanto, tudo dá errado quando vejo um homem loiro que esbarrou em uma das enfermeiras. Não qualquer enfermeira. Minha tia. Ela não deveria estar desse lado do hospital, já que costuma ficar na frente da recepção. Mas lá está ela, pegando sua prancheta no chão e ouvindo as desculpas nervosas do homem. Não tenho tempo de voltar e ela não me veja, então entro no quarto mais perto que tem ali. Agradeço quem quer que tenha deixado a porta escancarada.
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CALLER - cobra kai.
FanfictionKatherine Simmons não sabia como tinha se metido em tanta confusão em tão pouco tempo. Em um dia, ela tinha acabado de sofrer um acidente de carro e, em outro, estava amarrada a um mundo de conflitos e rivalidades antigas entre dojos de karatê. E a...