02 . VISITOR

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Estou me recuperando rápido, ainda bem

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Estou me recuperando rápido, ainda bem. Alguns hematomas meus não doem tanto mais e alguns machucados estão se cicatrizando rápido. Fiz vários exames, mas a maioria não deu em nada. Minha tia disse que meu sistema regenerativo é inesperadamente rápido, mas ela ainda prefere que eu não saia tanto da cama e não gaste forças passeando pelo hospital. Embora eu ainda escape para visitar meu novo amigo.

Mais cedo, ela trouxe as fofocas do hospital. Enfermeiras pegando médicos, médicos sendo despedidos e pacientes surtando. A única informação relevante é que Miguel vai fazer uma cirurgia para voltar a andar. Fiquei extremamente feliz por ele e então, resolvi passar por seu quarto.

Mudo de ideia quando chego perto de lá e vejo uma garota ali, provavelmente, conversando com Miguel. Não demora nem um segundo para um garoto de cabelos vermelhos super espetados de forma punk passar por mim, ele entra no quarto também e a garota vai embora. Parece que Miguel tem muitas visitas. Não quero incomodar, por isso me sento ali perto, espero por alguns minutos até o garoto ruivo ir embora.

Entro no quarto encontrando um Miguel mais animado do que da primeira vez que o vi. Quando seus olhos captam minha presença ele murmura alguma surpresa.

- Kat?

- Você tem bastantes visitas, hein? - Digo me aproximando da cama dele. - Tive que esperar duas pessoas saírem, não quis atrapalhar.

- Ah. - Ele encara as próprias mãos. - O garoto que acabou de sair é o meu melhor amigo e a garota...bem - Parece meio constrangido. -, é minha ex.

Arregalo os olhos.

- Que relacionamento maduro vocês têm.

Ele dá uma risada forçada. - Não mesmo. O que nós temos é complicado.

Balanço a cabeça para ele e me sento na ponta da cama. Fico o tempo todo com medo de estar invadindo o espaço dele, mas Miguel não parece nem um pouco incomodado.

- Fiquei sabendo que você vai fazer uma cirurgia para voltar a andar, isso é incrível. - Falo, lembrando da razão de ter vindo vê-lo. - Parabéns!

Porém, ele não parece achar tudo isso incrível como eu acho. Miguel volta a ficar cabisbaixo e me deixa confusa. A cirurgia não é uma coisa boa?

- O que foi? - Pergunto.

Ele suspira, antes de me olhar e dizer:

- Tem chances da cirurgia não funcionar, além do mais, ela é muito cara e vai deixar minha mãe endividada.

Meu entusiasmo se esvai um pouco ao ouvir a voz desanimada dele.

- Tenho certeza que a cirurgia vai funcionar, vai ser um dinheiro bem gasto afinal. - Digo usando toda a minha positividade nas palavras. - Ai você vai voltar a andar e não vai mais precisar suportar minhas visitas inoportunas.

Ele dá uma risada depois de revirar os olhos e sorrio.

- Suas visitas não são inoportunas. - Ele diz. - Você é a coisa mais legal que tem nesse hospital.

O comentário faz minhas bochechas arderem em vermelho e rezo que ele não perceba que fiquei corada por conta do elogio.

- E você vai ter alta amanhã e eu vou ficar sozinho nesse inferno branco.

- Pobre e coitado Miguel Diaz. - Falo rindo. - Pelo menos você não vai ter que voltar a ter aulas amanhã e numa escola nova.

Levanto e cruzo os braços. Ser a garota nova na escola é algo bem comum para mim, por conta das mudanças, mas isso não significa que eu goste. Não consigo fazer amizades que durem mais de seis meses, ou entrar em algum clube legal, ou qualquer coisa que exija prometimento. Afinal, nas férias de inverno eu sempre deixo a cidade, aqui não vai ser diferente.

- Eu nunca pensei que diria isso. - Miguel resmunga. - Mas que saudade de ir para a escola. - Ele joga sua cabeça para trás, bufando de tédio.

- Você tá bem melancólico.

Ele estala a língua e revira os olhos.

- Retiro o que disse, você é inoportuna sim. - Brinca ele.

Dou de ombros enquanto rio.

É realmente impressionante como é fácil conversar com Miguel. Ele é divertido, gentil e faz com que você simplesmente solte as palavras da sua boca. Acho que nunca conheci alguém assim.

Não tive tempo de nem ao menos deitar em minha cama

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Não tive tempo de nem ao menos deitar em minha cama. Sai do hospital, assim que ganhei alta, e quando cheguei em casa, apenas tomei um banho e me arrumei para ir para escola.

Eu iria me atrasar, se não fosse por Max, meu primo, que foi um anjo comigo e se ofereceu a me dar uma carona até a escola nova. Me pergunto o que o rapaz vai querer em troca dessa carona, já que ele não faz nenhum favor por apenas boa vontade.

Entro em seu carro. É novo e sei que ele juntou por meses para comprá-lo, então trata o automóvel como se fosse uma pessoa.

- Ei! Cuidado! - Ele alarma depois que bato a porta.

- Fala sério, Max! Isso é um carro, essa porta foi feita para ser batida.

- Você não entende nada de carros, fique quieta. - Fala sem olhar para mim, ligando o carro e ajustando o espelho minimamente limpo.

Ligo o rádio, que tem alguma música pop aleatória.

- Só me leve para o colégio logo e eu ficarei bem longe do seu precioso hot wheels. - Digo e ele fecha a cara.

Não demora muito para chegarmos no colégio. Tenho que admitir que meu primo escolheu um carro muito veloz quando foi na concessionária Larrusso.

- Valeu pela carona. - Agradeço assim que saio e o olho pela janela.

- Não foi nada. - Ele diz presunçoso e olha por trás de mim. - Boa sorte, tenta se enturmar, ok?

- Obrigada, vou tentar.

Em segundos, o carro preto do meu primo já está a metros de distância e finalmente me viro. A fachada da escola é bonita e tem tantos alunos. Pessoas de todos os tipos e todos os jeitos. Sinto todo aquele nervosismo e insegurança que qualquer colégio traz a maioria dos adolescentes. E lá vou eu novamente.

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