❅ Familiaridade ❅

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10 de junho de 2017, 9:00.

Um aroma de café perfumava a cozinha. Os cabelos um pouco escuros balançavam um pouco por conta do vento que entrava pela janela mais próxima. Um vento que anunciava um dia um pouco mais frio que os anteriores e provavelmente chuvoso, já que o ar parecia estar mais úmido que o normal.

Um sorriso tênue se desenhou nos lábios da ruiva com roupas claras e confortáveis assim que pôs um pouco daquele café em uma caneca de gatinhos coloridos e fofos. Uma lembrança. Uma lembrança antiga a fez sorrir.

29 de agosto de 2000, 9:28.

Eca! Café é muito ruim. – a garotinha fez uma careta em desaprovação enquanto o senhor ria daquele pequeno ato.

Não é ruim, você é que não experimentou direito mocinha. – o homem idoso colocou a caneca de alumínio em sua boca deliciando o café que produzia uma fumaça branca de vapor – Vai por mim, quando for maior vai adorar.

Eu não. Nunca. – fez mais uma careta e cruzou os braços.

Nunca diga nunca, Celine. – sorriu.

A verdade é que, a partir do momento em que nos tornamos pessoas com responsabilidades na vida, o café se torna nosso maior aliado. Quem diabos consegue sobreviver depois de um longo e cansativo dia, sem uma caneca com a mais pura cafeína? Acho que a resposta, todos sabem.

Celine, a garotinha, observou então algumas crianças brincando. Elas pulavam de um lado para o outro naquela rua, enquanto a mesma só permanecia dentro de casa. O pequeno Benedict dessa vez a deixou só, estava viajando com a 'querida mamãe', então, a única diversão que realmente havia lhe restado, era conversar com um senhor de mais de 60 anos. Um idoso mais conhecido por ela como "vovô".

Você quer brincar, Celine? – o avô perguntou calmo.

Não. – mentiu.

Está mentindo…

O que significa mentir? – o avô sorriu e balançou a cabeça levemente para o lado.

Mentir, é dizer que se passa uma coisa, quando na verdade se passa outra. – os olhinhos redondos a fitavam com curiosidade e compreensão – Quando você disse que não queria ir brincar, mentiu pra mim. Porque eu sei que você quer.

Como sabe disso, vovô?

Eu sei porque consigo ver no seu olhar o quanto gostaria de estar bem ali. – apontou para as crianças que brincavam de amarelinha.

É… eu queria.

E porque não vai?

Acho que vão rir de mim, ali só tem meninos.

Isso não importa, desde que você saiba como brincar. – franziu as sobrancelhas – Você sabe brincar de amarelinha, não sabe?

Sei… – disse baixinho e encarou seu avô novamente.

Então vá, brinque com eles. E se não quiserem te deixar brincar, vá e mostre que você pode jogar amarelinha melhor do que qualquer um deles. – a menininha sorriu e assentiu, caminhando para mais perto dos pequenos meninos.

Os meninos pararam imediatamente de pular amarelinha quando ela se aproximou. Alguns a encaravam com diferença e outros com curiosidade.

O que faz aqui garotinha? – Um deles perguntou.

NepenteOnde histórias criam vida. Descubra agora