❅ Poder e responsabilidade ❅

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16 de junho de 2018, 20:34.

As pernas estavam levemente trêmulas. Celine se encaminhava para a cadeira no canto de sua "antiga" casa. Estava com os cabelos molhados depois de um banho morno, seus olhos fundos e inchados pelo choro se destacavam no espelho a sua frente. Mas porque estava chorando?

Sua mente estava bastante confusa. Por que não estava em Los Angeles com John e Clara? Por que estava se sentindo estranhamente leve e pesada ao mesmo tempo? Essas dúvidas pairavam sobre a sua cabeça, mas não haveriam respostas por agora. Ou talvez não houvesse respostas nem mesmo daqui a anos.

Já sentada na cadeira um vento fresco corria pelo quarto. Sua pele formigava de uma forma estranha. Muito estranha… como se as formigas não só andassem por sua pele, mas sim a picassem. Olhou para a janela, que muitas vezes foi a responsável pela troca de olhares entre Michael e ela num passado não muito distante.

Michael… Por que seu nome lhe dava calafrios àquela altura do campeonato? Por que sentia o estômago revirar ao pensar em sua face? Definitivamente, não era um revirar de nojo ou repulsa, mas sim de… tristeza. Ela se sentia deprimida quando pensava nele, mas não era capaz de compreender.

Seus olhos se encheram d'água e o pânico tomou conta de seu ser. Mas, porquê? Por que se sentia daquela maneira? Não fazia sentido. Nada fazia sentido. Ele havia feito alguma coisa para ela? Ela havia feito algo para ele? Ambos seriam capazes de ferir um ao outro mesmo que se… amassem?

Colocou a cabeça entre as mãos e olhou para o chão. Sua cabeça pulsava de uma forma infernal. As dúvidas iam e vinham criando um pandemônio dentro de sua alma. Mesmo com dificuldade, ergueu-se novamente e pegou uma pequena folha. Começou a escrever quase que inconscientemente. Como se não fosse a Celine confusa quem estivesse escrevendo, mas sim uma outra Celine. A Celine que já entendia o porquê tudo aquilo estava acontecendo.

"16 de junho de 2018.
Querida eu…"

As lágrimas tristes escorriam em suas bochechas conforme os segundos se passavam. O vento, agora frio, seco e sem vida, ainda adentrava o quarto. Um pressentimento horrível se fazia presente, arrepiando todo seu corpo. Mas a confusão persistia em ficar. Por mais que procurasse dentro de sua memória com a maior cautela possível por qualquer coisa que pudesse dar-lhe uma resposta.

Mais uma vez, o pânico voltou a assolar a ruiva. Uma gota de sangue manchou o papel, já quase completamente escrito. Passou a mão por instinto sobre o nariz, que passou a arder como brasa. A mão voltou ao seu lugar completamente suja por sangue vivo.

"Mas que porra é essa?"

Se sentiu tonta de repente. E mais tonta…

16 de junho de 2017, 16:25.

Ei… Celine! – MCGyver colocou sua mão sobre o ombro da garota.

Celine levantou a cabeça, devagar. Sua vista estava embaçada e turva, mas, tudo parecia diferente. Não se sentia mais trêmula e apavorada. Estava calma, serena… da mesma forma que havia começado mais um dia naquela cidade. O formigamento sobre a pele havia sumido completamente, passou então a mão sobre o nariz e graças a Deus não havia sequer uma gota daquele sangue vivo e escuro.

Respirou aliviada assim que viu onde realmente estava. Pela primeira vez na vida, estava feliz por estar dentro da faculdade e não em casa. Completamente diferente do que seja lá o que aquilo havia sido, estava um dia lindo lá fora, o ar estava fresco e ameno com direito a cantos de pássaros alegres em todos os cantos.

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