❅ Epílogo ❅

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40 anos depois...

29 de agosto de 2058, 17:30.

Já era fim de tarde naquele dia. O vento fresco rodeava Phoenix anunciando a chegada repentina da noite escura e brilhante que viria dentro de uma hora e meia. Uma pequena casa ao longe se destacava em toda aquela paisagem de cores predominantemente amarelas. Uma casa vermelha por fora com o telhado à base de cerâmica branca. Era de tirar o fôlego.

Um homem, de mais ou menos meia idade, saía daquela casa, levando consigo seus filhos que possuíam cerca de 9 anos de idade. O nome daquele homem, era Ben, o último a despedir-se de seu pai antes de partir para a própria casa naquele dia. As crianças entraram correndo carro adentro e ajeitaram-se sobre os bancos, de modo que pudessem usar a cadeirinha de segurança. Ben sorriu vendo o quanto estavam crescidos, era de causar orgulho verdadeiro em qualquer um que os visse.

- Pai, você não vem? - Uma garotinha de pele chocolate com cabelos cacheados perguntou solenemente.

- Mas é claro que vou, Moon. Só preciso despedir-me do seu vovô. - passou a mão por seus cabelos - Aguentem um pouco aqui. O papai não demora.

- Tudo bem, pai. Mas não demore muito, a tia Helena e o tio Arthur já foram. Só nós ficamos aqui.

- Não se preocupe com isso, veremos eles na próxima semana, assim como seus primos. - voltou a sorrir e a menina apenas assentiu olhando para seu pequeno irmão gêmeo, Philip.

Ben, o homem da pele mulata, fechou então a porta do carro e voltou a dirigir-se para dentro da casa. Estava silencioso, exceto pelo barulho do assoalho um pouco mais antigo que o normal e uma música baixinha que ecoava de um canal da televisão.

Sentado em uma cadeira de rodas, um homem de mais ou menos 66 anos, se encontrava com os olhos fechados, apreciando a bela melodia enquanto segurava uma caneta e um pedaço de papel praticamente em branco. Suas rugas se destacavam e seus cabelos brancos e ralos permaneciam levemente bagunçados. Mas ele preferia assim.

- Pai, estou indo embora agora. Preciso deixar as crianças em casa antes que eu vá trabalhar. - Benjamin disse ajeitando a roupa - Precisa que eu faça mais alguma coisa por você? Ir ao mercado? Ou quem sabe a farmácia?

O velho apenas riu com sua voz já rouca pela idade avançada. As pálpebras se abriram deixando seus 'pés de galinha' à vista, enquanto procurava pelo rosto tão conhecido por ele.

- Ouvi essa mesma pergunta pela terceira vez hoje. Me sinto orgulhoso por ter criado vocês da melhor forma que eu pude. - o homem deixou a caneta sobre a mesa e virou a cadeira em sua direção. - Muito obrigado, meu filho, mas estou bem. Não preciso de mais nada que não seja vocês bem perto de mim.

- Não diga isso, pai... - Benjamin sorriu emocionado - Sunshine adoraria ver isso, não é? - o senhor mulato de 66 anos parou e refletiu por um curto tempo.

- Sim, ela adoraria. - sorriu fraco.

Eles apenas ficaram em silêncio se encarando, até que seu filho o abraçou forte e se distanciou para ir embora de vez.

- Já vou indo pai, obrigado por ter nos recebido. - colocou as mãos nos bolsos e virou-se um pouco para que pudesse sair.

- Eu quem agradeço a presença de vocês aqui. Acho que não seria muito legal comemorar 66 anos sozinho. - eles riram.

- É, é verdade. - voltou a sorrir e dessa vez caminhou em direção a porta - Se precisar de alguma coisa, pode me ligar, tá?

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