❅ Queridas crianças e Dr. Leclerc ❅

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1 de junho de 2018, 10:30.

A ruiva prendia devagar os cabelos em um rabo de cavalo, observando cuidadosamente qualquer fio de cabelo que pudesse estar fora do lugar. Apesar de não estar indo a qualquer lugar de extrema importância naquela manhã, queria estar bem vestida e arrumada, até mesmo porque passaria o dia fora e só voltaria na parte da noite.

Sentia-se feliz naquele instante, naquele dia veria mais uma vez as crianças do orfanato depois de tanto tempo distante. Sua mente fantasiava diversas coisas que gostaria de aproveitar durante suas horinhas de visita, mas fantasiava especialmente o tamanho de Ben, Helena e Arthur. Talvez eles estivessem grandes, bem maiores e mais maduros do que da última vez. Será que ainda se lembravam dela tão bem quanto ela gostaria que eles se lembrassem?

Já havia se passado um minuto até que finalmente pudesse perceber que um sorriso alegre preenchia seu rosto afinado e avermelhado pelo calor daquela manhã. Ela se virou vestida em um macacão esverdeado e saiu do banheiro do quarto. Pegou apenas sua velha e mais nobre companheira mochilinha preta, antes que pudesse ouvir seu celular vibrar em cima da cômoda, sinalizando que esqueceria-o caso não tivesse virado as costas.

Era uma ligação. Uma ligação de Michael das várias que ela se recusava a atender durante algumas semanas consecutivas. Era crueldade de sua parte tratá-lo daquela maneira fria e indiferente, Michael era uma pessoa boa de qualquer forma, não merecia aquele tipo de tratamento, mas Celine não queria recorrer ao término. Era egoísta quanto à ele, estava equivocada quanto a seus princípios de ação de reação, da Lei da repulsão, e não demoraria a perceber o quanto.

Mais uma vez, recusou-a relutantemente. O visor exibiu em seguida a caixa de mensagens dele, e várias delas começaram a aparecer gradativamente, uma após a outra.

 O visor exibiu em seguida a caixa de mensagens dele, e várias delas começaram a aparecer gradativamente, uma após a outra

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Talvez o correto fosse apenas respondê-lo como fazia antes, e essa era sua vontade. Mas a sua razão não permitia. Apenas balançou a cabeça de um lado a outro tentando não focar naqueles malditos pensamentos rodopiando pelos cantos de sua mente e tentando afastar qualquer vestígio de confusão. Funcionou, temporariamente. Foi questão de poucos minutos até que saísse de casa.

Sua mochila estava leve, pois portava apenas alguns papéis e três pequenas lembranças as quais entregaria para Arthur, Helena e Ben, seus três pequenos protegidos. Em sua mão, uma sacola de tamanho médio que portava alguns brinquedos para o resto da criançada, ela não seria capaz de não levar absolutamente nada para todos aqueles rostinhos sorridentes. Isso seria crueldade, e ela não era cruel, especialmente com aquelas doces crianças.

De relance lançou um olhar para a casa da outra rua, que agora possuía cortinas cor marfim nas janelas. Era a casa de Michael, e por um instante, pôde perceber que ele realmente possuía um excelente gosto para a decoração de algum lugar. Qualquer que ele fosse, a julgar também, pela decoração exuberante do estúdio em que trabalhava. O cara era realmente diligente, especialmente quando se tratava de arrumação.

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