Então é isso, meu nome é Dara tenho dezenove anos, sou princesa de dois dos maiores clãs existentes em nosso mundo, irmã gêmea do "cara perfeito", cunhada da "companheira perfeita", filha do casal mais "apaixonado de todos os tempos", irmã mais velha do principezinho mais lindo do mundo. Adjetivos suficientes para qualquer pessoa normal ser feliz, o problema é que eu não sou normal, nem a minha família. E isso é um saco. Eu simplesmente não posso ser eu mesma, fazer o que eu quero...
- Eu não aguento mais...
- O que houve, filha?
- O Dylan, mãe...como sempre.
- E o que o Dylan fez dessa vez?
- Nada e esse é o problema.
- Eu acho que não entendi.
- "Dara, por que você não faz como o Dylan? ", "O Dylan é tão corajoso. ", " A companheira do Dylan é tão bonita, onde está o seu companheiro, Dara? " ,"O que foi que o Dylan disse mesmo...?". " Sabe, menina o Dylan me ajudou a atravessar a rua...". Que raiva! Será que esse povo não tem outro assunto? É sempre Dylan isso, Dylan aquilo, que saco...
- Filha, você precisa se acalmar...
- Me acalmar? Mãe, a senhora me diz isso a 19 anos, a senhora ainda não cansou?
- Dara, eu...
- Não, mãe, já chega...se a senhora não cansou, eu cansei...eu simplesmente cansei.
- E o que você vai fazer?
- Vou viajar.
- Que ótimo, filha. Mas pra onde?
- Alasca.
- Alasca? Por quê tão longe, filha? Seu pai não vai...
- Eu já decidi, mãe. Depois do casamento do pirralho eu viajo. E sem data para retorno.
- Filha...
- Não adianta, mãe...
E meu pai entra...
- Sobre o que estão falando?
Beija a testa da minha mãe.
- Nada demais, pai. Até mais tarde.
Dei um beijo no rosto dele.
- Até, princesa.
E antes que eu saísse do quarto...
- Dara, a nossa conversa ainda
não acabou.
- Já acabou sim, mãe. Eu já tomei a minha decisão e não vou voltar atrás. Desculpa...Eu sai do quarto deixando a minha mãe com lágrimas nos olhos e o meu pai com uma cara confusa a consolando. Não queria falar com ninguém então fui para o único lugar que considerava seguro...
A muitos quilômetros dali....
Anos atrás...
- E então...?
- Sinto muito, filho...
- Não, mãe, não diz isso...
O desespero me invade.
- Sinto muito mesmo...não houve muito o que fazer...
- Aqueles monstros...
- Não, filho, a culpa não foi deles, você sabe como ela era...eles só se defenderam.
- Eu sei. E o pior é que eu sei disso.
- Sinto muito, mas pense pelo lado positivo...
- Qual, mãe?
- Ela se foi, mas deixou a Lilly...sua filha, ela, mais do que nunca, precisa de você. Você tem que ser forte.
- Tem razão, eu tenho por quem lutar...e eu vou fazer tudo por ela...- Nós vamos, filho...nós vamos.
###
- Filha, o que o papai te disse?
- Não pode sair a noite.
- E por que saiu?
- Os vagalumes...são tão lindos...
- São mesmo.
Eu suspiro
- Tudo bem, vamos...está esfriando muito rápido...vem...
Ao voltar para casa.
- Lilly, não saia sozinha, filha, é muito perigoso. Principalmente a noite.
- Desculpa, vovó. O papai já me falou. Posso ir pro meu quarto.
Diz já bocejando.
- Claro, querida...descanse, amanhã conversamos...
- Tá, vovó.
Ela nos da um beijo.
- Boa noite, papai...boa noite, vovó.
E quando ela sobe...
- Que cara é essa? O que houve, filho?
- Dois montanhistas foram encontrados mortos nas cavernas azuis. Perto daqui.
- Acha que foram eles?
- Eu não sei. Acho que eles não seriam tão descuidados. Eles odeiam chamar atenção, porque fariam isso?
- Nômades?
- É uma possibilidade. Por via das dúvidas, não deixe a Lilly sair de casa à noite.
- Vai ser meio difícil fazer isso.
- Por que?
- A festa das estações está chegando.
- Droga. E a época das caçadas também...De volta ao castelo nos dias atuais...
- Filha...
- Não adianta, mãe, dá um beijo no pirralho por mim...
- Filha...
- Não chora, mãe, por favor. Um dia a senhora vai entender porque eu fiz isso...- Não vai, filha, por favor. Eu converso com o seu irmão, ele vai se comportar...fica por favor...
- Adeus, mãe. Eu te amo.###
- Eles vão estar te aguardando.
- Eu não vou direto para lá.
- Como assim?
- Vou viajar um pouco, daqui para o Alasca tem muito caminho, mas não se preocupe, eu não vou voltar atrás, eu chego lá. Mais cedo ou mais tarde.
Nós rimos...
- Tudo bem, se é assim que você quer irei avisa-los...
- Obrigado, vovô.
- De nada, minha princesa. Se cuida e qualquer coisa nos avise.
- É claro. Eu amo muito todos vocês.
- Nós também te amamos.
- Tchau...###
- Socorro! Socorro! Tem alguém aí? Por favor, alguém me ajude...
- Olá? Tem alguém aí?
- Moça, por favor me ajude! O meu pai tá ferido...
- Fica calma. Onde você está?
- Aqui perto da árvore.
- Te achei.
- Nos ajude...
Foi a última frase que ela disse antes de apagar tombando por cima do corpo de um homem que descansava a cabeça em seu colo...ele tinha uma ferida aberta em sua barriga, e não iria resistir muito mais sem ajuda, sem a minha ajuda...horas depois ela acordou...
- Onde eu estou?
- Bom dia...
- Quem é você?
- Me chamo Dara. E o seu nome?
- Liliana. Mas pode me chamar de Lilly.
- Ok. Lilly, o que você faziam a noite na floresta...
- ...
- Lilly?
- Eu fugi de casa, e o meu pai foi atrás de mim.
- Por que você fez isso, Lilly?
- Ele não me deixa sair, ele nunca deixa.
- Ele deve ter os motivos dele...o que foi?
- Cadê o meu pai?
- Calma, ele está bem. Só precisa descansar.
- Obrigado, Dara.
- De nada, querida.
- Quantos anos você tem, Lilly?
- Acabei de fazer 16.
- A idade do meu irmão e do meu sobrinho.
- Como eles se chamam?
- O meu irmão se chama Arthur, e o meu sobrinho Matthew.
Ela boceja...
- Descanse. Você também precisa.
- Uhumm...e o...
Ela fala já sonolenta...
- Não se preocupe...eu cuido do seu pai..
- Bernardo...
- Como?
- Meu pai...o nome dele é Bernardo.
- Entendi. Boa noite.
- Boa noite.
Ela virou para o lado e dormiu...
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EM DIAS ENSOLARADOS
RomanceSerá que algum dia eu serei mais do que a irmã do príncipe? Será que um dia escreverei minha própria história? Dara, uma menina doce, que cresceu cercada de muito amor e proteção, por ser diferente. Desde cedo aprendeu a conviver com as comparações...