EM DIAS ENSOLARADOS

5 - Bernardo

Desde de que a minha esposa morreu eu nunca me interessei por nenhuma outra mulher, minha mãe, muitas vezes, brigava comigo por isso, ela dizia que a Lilly precisava de uma mãe, mas eu nunca liguei, nunca precisei, até ela chegar. Conheci o mundo dela no momento mais triste da minha vida, quando eu perdi minha esposa. A Nathy era uma mulher obstinada, que não levava desaforo para casa que, diferente de mim, sonhava muito alto, mas eu só descobri isso depois do nosso casamento e tudo só piorou após o nascimento da nossa filha...foi quando eles voltaram para a nossa região. Eles eram diferentes e ela sabia disso...

ANOS ATRÁS
- Quem são?
- Não sei. E a Lilly?
- Com a sua mãe. Eles parecem ser importantes.
- Verdade. E o almoço?
- Na sua mãe. Será que devemos nos apresentar?
- Acho que nã...
- Vou me arrumar. Preciso estar apresentável.
No mundo dos eternos, quando um casal se forma o laço que os uni se torna tão eterno quanto eles e é ainda mais forte quando há filhos. Infelizmente, a Nathy não levou essa informação a sério e apesar de serem civilizados, como qualquer um, eles reagem quando são ameaçados, e a reação deles se torna ainda pior quando os ameaçados são seus pares ou herdeiros. Meses depois, naquele mesmo ano, perdi minha esposa e ganhei um amigo...
- Oi?
- Padrinho...
- Lilly, princesa...o que você está fazendo aqui?
- Longa história.
- Vou resumir...você fugiu e seu pai veio atrás de você?
- Nós nos perdemos, meu pai se machucou, a Dara nos achou...
- Dara?
- É. Vem, vou te apresentar ela.
- Marcos...
- Bernardo. Como está, meu amigo?
- Bem. Essa é a Dara.
- Altez...
- Prazer Marcos...eu sou a Dara...
Ele ia se curvar a ela?
- É um prazer, Dara. Soube o que aconteceu na vila em que vocês moram. Onde está a dona Lúcia?
- Não sabemos. Não tivemos tempo de ir procura-la.
- Entendo.
Ele não tirava os olhos dela. O Marcos era jovem, bonito e não tinha esposa, além do mais ele é um eterno...eles são perfeitos um para o...
- Não.
- Odeio quando você faz isso.
- Vou procurar saber da dona Lúcia...e vocês se cuidem.
- Até mais, Marcos.
- Até. Dara...
- Vocês se conhecem?
- Não. Vocês estão com fome?
- Sim.
- Venham.
Ela saiu minutos após ele...e eu logo após eles...
- "Alteza..."
- "Pare, por favor. Eles não sabem..."
- "Não sabem que você é a princesa de dois dos maiores clãs do nosso mundo?"
- "É. Por favor..."
- "Perdão, Alteza."
- "Para de me chamar assim."
- "Perdão, Altez...Dara. Para onde você está indo?"
- "Para onde as flores não nascem."
Ele mostrou o semblante triste.
- "Sinto muito. Ouvi falar sobre seu irmão...e a esposa dele..."
- "É claro que ouviu. Por favor, mantenha isso entre nós..."
- "Claro. Eu tenho que ir. Até mais...Dara."
-" Até."
Ele fez uma reverência e saiu.
- Você pode sair agora. Eu sei que você está aí...
- Princesa?
Ela respirou fundo...
- Longa história.
- Temos tempo.
Ela sorriu
- Você é linda.
O sorriso dela aumentou. Eu me aproximei sem perceber.
- Tão linda...minha estrela...
Quando dei por mim, minhas mãos estavam em seu rosto e minha testa encostada na sua...
- Que vontade de te beijar.
- Então porque não me...
- Papai...
- Lilly!!! - dissemos juntos e rimos...
- Fica para próxima...
Ela riu ainda mais. E me abraçou...
- E que história é essa de "ir para onde as flores não nascem"?
- Se eu te contasse teria que te matar.
- Paro de insistir então. Eu gosto da minha vida.
Passei os braços ao redor do pescoço dela e dei um beijo em sua testa e enterrei meu rosto em seu cabelo...
- Seu cheiro é tão bom.
Ela cheirou meu pescoço e eu me arrepiei...
- O seu também é.
Do nada um vento frio nós envolveu...
- Nossa...que estranho.
- Entra na caverna, Bernardo...
- O quê?
- Entra na caverna...
- O quê? Por quê?
- Entra na caverna e vai lá para o fundo com a Lilly. E fiquem lá.
- Por quê?
- Vai e apaga a fogueira...agora!!
- E você?
- Eu vou ficar bem...Vai!!!
Eu simplesmente virei e fui. Droga, ela usou a compulsão em mim.
- Lilly...
- Papai, o que foi?
- Shhhh....fica quietinha, tá?
- E a Dara?
- Por favor, filha...vem e fica quietinha.
Fomos para o fundo da caverna e esperamos, não ouvimos nada...por muito tempo.

LONGE DALI...

DYLAN

- Charlie, para...
- Não, até você... Dylan...Dylan...
- Dara...
- O quê? O que tem a Dara?
- DARA!!!!
E então a escuridão...

BERNARDO

- Papai, eu estou com medo.
- Calma, filha, vai ficar tudo bem.
- E a Dara?
- Ela está bem...tenta dormir, filha...
- Quando a Dara...
- Quando a Dara voltar eu te acordo...
- Hum...
Ela já estava dormindo....
- Dara, onde você está, minha estrela...?
Já era manhã e não havia sinal da Dara...
- Bernardo...Lilly...Dara...
- Marcos...
- Onde está a prin...a Dara?
- A Dara ainda não voltou, papai?
- Calma, filha.
- A Dara...
Ela começou a chorar...
- O quê houve? Cadê a Dara?
- Nós não sabemos...ontem...
Do nada fomos rendidos por muitos homens...eu logo abracei a Lilly...
- Quem são vocês e onde está minha irmã?
- Dyllan? Você é o Dyllan?
- Você o conhece, Lilly
- É o irmão da Dara, papai.
- Alteza...
Marcos se curvou e eu o segui...
- Como me conhecem? Quem são vocês?
- Alteza esses são Bernardo e Lilly...sua irmã, a princesa Dara os ajudou...
- É a cara dela fazer isso...onde ela está?
- Não sabemos, Alteza.
- Como?
- Ontem a noite estávamos lá fora conversando, de repente, um vento muito frio nós cobriu e ela mandou que eu entrasse e me escondesse com a minha filha...não a vi mais.
- Droga.
- Vocês não perceberam mais nada...?
- Não, Alteza.
- E você?
- Sou Marcos, servo de vossa Alteza.
Ele se curva novamente. A Lilly sai de detrás de mim...
- Você tem cheiro de orquídeas...
O semblante fechado do homem que estava próximo ao príncipe se ilumina...
- Como você se chama?
- Lilliana, mas todos me chamam de Lilly.
- Eu sou Phillip...vou cuidar de você, Lilly.
Que ótimo...!