11 - Dara

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Dara narrando

- Pai, pai...
- Oi, princesa.
- Onde ele está? Eu sei que o senhor sabe.
- Dara...
- Por favor, pai...me diz.
Ele inspirou profundamente.
- Eu o deixei na fazenda. Mas, filha, dê um tempo pra ele...
- Por quê? O que é que está acontecendo?
- Eu não posso falar.
- Ele vai embora, não vai?
Ele suspirou.
- Vai. E infelizmente não podemos impedir.
Eu olhei para ele com os olhos cheios de lágrimas...
- Ele não pode me deixar...
- Ele não tem escolha.
- Tem. Ele fica e nós daremos um jeito.
- Não é assim que funciona, Dara.
- Eu não vou deixar...eu não vou deixar.
- Dara...
Segui para a fazenda no carro do meu pai. Desci e assim que encostei o carro de frente a casa, ele já vinha descendo a pequena escadaria...
- Dara, o que faz aqui?
Eu corri e o agarrei, com o corpo convulsionando e o choro desesperado...
- Não me deixa...por favor, não me deixa...
- Calma, estrelinha...calma...
Ele me apertou mais contra si. Eu escondi meu rosto na curva do seu pescoço, enquanto ele me carregava, em seus braços, para dentro. Ele sentou no sofá comigo ainda em seu colo.
- Estrela, olha para mim...estrela.
Com o rosto molhado, ergui meu rosto...
- Eu odeio te ver assim.
Falou ele limpando meus olhos com os polegares...
- Não me deixa, Bê.
- Estrela, eu preciso.
- Pôr que?
- Eu não posso te falar agora, meu amor, eu...
- O que você disse?
- Que eu não posso...
- Não, depois disso.
- O quê? Meu amor? Você é meu amor, Dara...
- Sou?
Ele não respondeu, apenas fisgou meu lábio inferior com os dentes fazendo um gemido escapar da minha garganta...
- É.
Eu agarrei o pescoço dele e selei nossos lábios em um beijo ardente e terno ao mesmo tempo. Me sentei com uma perna de cada lado da dele, minhas mãos foram pra a raiz do seu cabelo e as dele para minha cintura.
- Dara...
- Não pensa...não agora...preciso de você.
Dessa vez ele avançou em meus lábios e suas mãos foram pra minhas coxas, ele parecia tão desesperado quanto eu.
- Dara...eu...
- Shhh...eu sei.
Me levantei, estendi minha mão.
- Vem.
E ele veio. Ficou de pé na minha frente, colocou as duas mãos ao redor do meu pescoço e me puxou para um beijo...
- Eu...eu te amo, minha estrela.
- Também te amo muito, Bê, mas pra ganhar outro beijo você vai ter que me pegar...
Com essas palavras saí correndo em direção ao primeiro andar, mais especificamente para o meu quarto. E ele veio logo atrás e me agarrou...
- Te peguei.
E do nada ele começou a cantar...
- "I found a love, for me
Darling, just dive right in and follow my lead
Well, I found a girl, beautiful and sweet
Oh, I never knew you were the someone waiting for me
  Cause we were just kids when we fell in love
Not knowing what it was
I will not give you up this time
But darling, just kiss me slow
Your heart is all I own
And in your eyes, you're holding mine
Baby, I'm dancing in the dark
With you between my arms
Barefoot on the grass
Listening to our favourite song
When you said you looked a mess
I whispered underneath my breath
But you heard it
Darling, you look perfect tonight"
- Bê...
- Você é minha estrela. A minha luz. Nunca se esqueça disso. Me promete? Não importa o que aconteça.
Acenei positivamente com a cabeça, com uma cachoeira de lágrimas saindo dos meus olhos... Ele me abraçou e deu um beijo na minha testa.
- Onde você aprendeu a cantar assim?
- Segredo.
- Que rapaz misterioso..
Ele riu. Eu o conduzi para o meu quarto, foi a noite mais linda de toda a minha vida. Me senti venerada, amada, única. Ao amanhecer, acordei sozinha na cama.
- Bê? Bernardo?
Nada. Não havia nenhum movimento na casa. O seu cheiro estava fraco, e os lençóis do seu lado estavam frios, sinal de que fazia um tempo que ele tinha saído. Respirei fundo e me concentrei nele...nada.
- "Dylan, o Bernardo está com você?"
- "Não."
- "O que houve? Dylan?"
- "Eu não sei. Acho melhor você voltar para casa. O clima aqui não tá legal."
- "Estou indo."
- "Falando nisso, onde você está?"
- ''Na fazenda. Chego já."
- "E Dara...cuidado. A coisa é séria."
- "Tudo bem. Chego já."
Saio da fazenda tentando entender o porquê do Bernardo ter sumido e ainda mais sem que eu conseguisse sentir seu cheiro. No caminho para casa eu tentava de todas a formas encontrar ele, mas nada adiantava.
- Ainda bem que você chegou, Dara.
- Por quê? O que está acontecendo?
- Quem falta?
- O Philip e a Lilly...eles chegaram.
- Tem como alguém me explicar o que está acontecendo? Pra que essa comoção toda?
- A Camila voltou.
- O quê? Quem é essa?
- 'A nossa irmã.'
- Amy?
- Oi Lia.
- Quem é Camila?
- É a irmã mais velha da Amália e da Amélia.
- E por que tudo isso? O que essa Camila tem pra nos preocuparmos tanto com ela?
- Quando eu conheci o Otávio, quando nos reconhecemos como companheiros, ele já era noivo.
- Isso não é segredo, vó.
- Ele era noivo da Camila, Dara.
- Nos conhecemos dias antes do casamento deles, mas, a contragosto e depois de muita insistência, o conselho cancelou tudo.
- Poucos meses depois eu descobri que estava grávida. A Camila enlouqueceu, disse que eu tinha roubado o "final feliz" dela. Me sequestrou durante toda a gravidez, foi a Amy que me encontrou e levou a Louise e...o resto vocês já conhecem...
- Tá, e o que ela quer agora, depois de tanto tempo?
- Vingança.
- Quando eu consegui fugir ela jurou que voltaria pra me destruir. A mim e que estivesse do meu lado.
- Mas o que uma única pessoa pode fazer contra todos nós?
- Ela não está sozinha, Dara.
- Durante todo esse tempo ela reuniu força suficiente para nos destruir.
- Ela agora é a Grã-duquesa Camila de Malt.
- Ela tem um clã inteiro contra nós.
- Nós temos tantos inimigos assim?
- Infelizmente sim, Dara.
Era só o que faltava.

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