7 - Bernardo

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Eu já estava caminhando a um tempo, e eu não sabia para onde, estava seguindo um instinto que eu nem sabia que tinha. Quando de repente dois homens apareceram, eu sabia que eles eram eternos.
- Seja bonzinho e venha conosco.
- Quem são vocês? O que querem?
- Vamos, sem reagir. É só vir.
"É sério isso...?"
E então eu corri para o lado contrário, eles rapidamente me alcançaram...lógico. Eles me pegaram pelo pescoço...
- Que pena...você me parece saudável.
Me jogaram contra uma árvore e começaram a me bater até que eu apaguei. Acordei ao ser jogado com força contra uma parede, havia um cheiro de podre, mofo e algo úmido...eu sentia tanta dor...Um rugido foi ouvido junto com o som de correntes sendo quebradas, um calor, uma energia estava tomando conta do espaço...e de repente a voz dela...
- Bernardo, acorda...por favor... Bernardo...
Não ouvi mais nada. A inconsciência me tomava.
- Bernardo... Bernardo. Você consegue me ouvir?
Não conseguia responder...
- Pai? Ele tá bem? Porque ele não acorda?
- Calma, Lilly, ele vai acordar.
Eu não sei a quanto tempo eu estou assim. Todos os dias a Lilly vem me ver, o príncipe Phillip normalmente a acompanha, e também o Marcos...mas um dia foi diferente.
- Oi, pai, olha quem veio te ver...
Mas eu não conseguia responder. Quem será que estava ali?
- Bê...
A voz dela...o barulho externo me deixou ainda mais agoniado. Eram bip's e apitos ensurdecedores.
- O que está acontecendo?
- Eu não sei.
E então pararam de vez.
- Pai, pai...
A voz dela era distante.
- Bernardo, Bernardo...Bê?
Só silêncio...
- Pai?
E então a escuridão total.
- Ah...
- Bernardo...
- Dara?
- É.
- Onde eu estou? Como me encontrou?
- Longa história. Como se sente?
- Eu...eu estou preso?
- Calma, vou te tirar daí.
- Isso é areia?
- Terra. A minha tia Kênia me contou que funcionou com a minha mãe.
- Como assim?
- Quando a minha mãe estava grávida de mim e do Dylan, ela foi atacada e ficou bem machucada, o que ajudou na recuperação dela foi a...
- A terra. Eu ouvi falar sobre isso, mas achei que era nescessário um tipo especial.
- E é. Especialmente a terra que é vinda da Bulgária...que vamos dizer, é nosso país de origem...mas toda terra tem sua própria vida, sua própria magia. Pronto.
- Obrigada. Senti tanta falta do seu cheiro...
Eu a abracei
- Dara, como você me encontrou?
- Como eu disse, longa história. Mas me fala do que você se lembra?
- Incrivelmente tudo.
- Não entendi.
- De tudo, Dara, eu lembro de tudo.
- Mas de tudo o quê?
- De toda a minha vida, antes de você. De te conhecer...
- Você lembra o que te fez ficar assim?
- Eu estava indo atrás de você, encontrei dois homens no meio da floresta, eles me atacaram, eu desmaiei, ouvi sua voz, da Lilly, do Phillip e do Marcos.
- Você lembra quem te salvou?
- Não foi você?
- Não.
- Mas eu ouvi sua voz.
- E eu a sua. Mas não fui eu.
- Então quem foi?
- O Marcos.
- E como você saiu?
- Depois a gente conversa sobre isso. Você tem visitas.
Eu não entendi até a porta se abrir...
- Pai...
- Lilly.
- Papai...
- Minha filha. Como você está?
- Muito bem...
A visita da Lilly não demorou muito pois ela tinha um compromisso com o príncipe Phillip. Quando ela saiu, ficamos só eu e a Dara.
- Ela está feliz com o Phillip. Ele cuida muito bem dela.
- Que bom.
- O que houve?
- Dara, quem eram aqueles homens? O que eles queriam?
- Sobre isso...
O corpo dela enrijeceu.
- O quê houve? Dara...
Ela baixou a cabeça e começou a chorar...eu segurei o seu rosto com as duas mãos...
- Pode falar...o que eles queriam?
Ela tentou limpar as lágrimas que insistiam em cair.
- Eles queriam a Lilly, Bernardo.
- Como é?
- Eles querem a Lilly, por algum motivo. Foi por isso que eles foram atrás da gente.
- Por quê? O que eles iriam querer com ela?
- Eu não sei, mas tem algo haver com a mãe dela. Eles falaram nela.
- A Natália? Mas porque...
- Não sei. Eles estavam bem curiosos.
- Precisamos falar com a minha mãe. Onde estamos?
- Em casa...no porão do castelo.
- Eu estou precisando de um banho.
- Tudo bem...vem, tem um banheiro logo ali.
Ela me ajudou a chegar ao banheiro.
- Consegue tomar banho sozinho?
- Sim.
- Me chama se precisar.
- Tudo bem.
Quando eu tirei a roupa e entrei debaixo do chuveiro...a água morna relaxou imediatamente meus músculos tensos. Demorei mais do que o nescessário, mas sai do banheiro me sentindo outra pessoa.
- Que tal um tour pelo castelo.
- Que tal se a gente ficasse só mais um pouquinho aqui?
- Claro...vem cá. Deita aqui comigo.
Eu a abracei e fiquei fazendo carinho nela até ela adormecer, quando eu tentei sair sem acorda-lá, ela me abraçou ainda mais forte e enterrou o rosto no vão do meu pescoço...
- Não...fica.
- Eu fico.
- Sempre?
- Sempre.
- Boa noite, Bê.
- Boa noite, estrelinha.
Ela se aconchegou mais mim e voltou a dormir e não demorou muito e eu também adormeci com ela em meus braços, sentindo o seu cheiro.

"Eu era pequeno, estava com meu pai em um campo coberto de neve. De repente um lobo enorme surge em nosso campo de visão. Ele se abaixa, com se estivesse fazendo uma reverência, o meu pai faz o mesmo, quando o inacreditável acontece, o lobo se transforma em um homem."

- Bernardo?
- Oi? O que aconteceu?
- Eu não sei. Você estava sonhando, chamando por seu pai.
- Meu pai?
- Isso.
- Que estranho.
- Porquê?
- Eu não lembro muito bem do meu pai, Dara. E minha mãe nunca me fala sobre ele...
- Falando em sua mãe...
- Hum...
- Conseguimos encontrar ela. Quero dizer, o Marcos a encontrou.
- E onde ela está?
- Na casa do meu avô Sérgio, com a minha tia Fabi. Ela está bem, não se preocupe. Meu pai achou melhor que ela ficasse lá por causa...bem, você sabe.
- Sei. Quando eu vou poder ver ela?
- Assim que você se recuperar.
- Tudo bem.

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