Já faziam alguns dias que eu tinha acordado depois de algumas semanas fora e eu estava tentando me acostumar com as mudanças...para começar a minha pequena Lilly noiva do príncipe Phillip, era difícil aceitar que a minha bebê tinha crescido.
- Filha, que tal assistirmos um filme hoje? Só nós dois?
- Desculpa, pai, mas hoje eu tenho um compromisso com o Phill, como noiva do...
- ...do príncipe, você deve acompanhá-lo...eu sei filha, tudo bem. Marcamos para outro dia.
- Obrigada, pai. Te amo.
E ela foi se arrumar. Com a Dara não era diferente, mesmo não sendo diretamente envolvida com as coisas do reino, a presença dela era requisitada para muitas coisas. As vezes dormíamos juntos, dificilmente acordávamos da mesma forma...Bê, bom dia...
Tive uma emergência real. Sei que prometi que passaríamos o dia juntos, mas o Dylan não pode ir, sobrou para mim. Nos vemos a noite.Amor, Dara (sua estrela)
O Marcos já trabalhava na guarda, então ele sempre acompanhava os príncipes ou o rei.
- Algum problema, Bernardo?
- Não, está tudo bem, alteza.
- Entediado?
- É.
- Fiquei sabendo que a sua mãe está na casa do meu sogro.
- Sim. Mas ainda não tive como vê-la.
- Gostaria de ir agora?
- Claro, mas a Dara...
- Vamos, eu te levo...
Finalmente eu iria ver a minha mãe...no caminho...
- Então, Bernardo, qual sua relação com a minha filha?
- Como assim?
- Eu vejo vocês sempre junto, vejo vocês de conversinha pelos cantos, fora que eu vejo também vocês saírem um do quarto do outro...e então?
- O cheiro dela é diferente.
- Droga.
E o assunto acabou alí. Chegamos em uma casa, casa não, mansão, onde uma senhora estava sentada na varanda.
- Keylan, que surpresa. Quem é o seu amigo?
- Olá, senhora Márcia. Ele é o filho da dona Lúcia.
- Ah, claro, vamos entrar. Ela deve estar com a Fabi na cozinha.
Entramos na casa, que era aínda mais impressionante por dentro.
- Eu vou chamar ela. Só um minuto. Fiquem a vontade.
Ela entrou por uma porta e sumiu no interior da casa.
- O Sérgio, marido da Márcia, criou a Louise, e durante muito tempo, protegeu ela do "nosso mundo".
- Como assim? Protegeu de quê? Vocês não são...
Minha frase foi interrompida por alguém me chamando.
- Bernardo?
- Mãe.
Eu a abracei forte e ela retribuiu..
- Mas que cheiro estranho é esse?
- Como?
- Vem de você. Saia daqui. Fique longe do meu filho.
- Mãe, calma. O que está acontecendo? Esse é o Keylan, foi ele que me ajudou. Não só a mim mas a Lilly também.
- Filho, você sabe o quanto esses seres são perigosos, você viu o que aconteceu com a Naty.
- Eu sei, mãe. Mas eles são diferentes...
- A senhora também tem um cheiro diferente, não parece de humano. É peculiar...
- Mãe? Do que ele está falando?
- Vão embora.
Ela simplesmente deu as costas e subiu as escadas.
- O que houve aqui?
- Vamos, preciso falar com o meu pai.
- Pôr que? O que houve?
- Quem é seu pai?
- Eu não o conheci muito bem. O que tem ele?
- Vamos para a casa do meu pai.
Saímos da propriedade e seguimos para a casa do pai do Keylan. Ao chegarmos lá um casal estava na varanda, conversando animadamente...
- Pai...
- Filho, o que houve?
- Ora, o que temos aqui...
- Senhora...
Ele faz uma reverência e eu o imito...
- Keylan, querido, porquê não convida o seu amigo para entrar...
Ela entrou seguida pelos homens e eu logo atrás.
- Sariely, o que...
- De onde você é, querido?
- Nasci em New Valley.
- Seu pai?
- Não o conheci. Mas porque este interesse no meu pai?
- Há muito sobre o nosso mundo que você não conhece, Bernardo.
- A senhora Sariely é como a Dara, tem dons especiais...
- E um deles me diz que você não é um humano comum...
- Que brincadeira é essa?
- Você já ouviu falar de *licantropo*?
- Licantropo, tipo lobisomem?
- Mais ou menos. Os chamados lobisomens são um tipo de evolução dos verdadeiros licantropos. Tem o sangue diluído e misturado resultado de século de miscigenação...uma lástima.
- Mas o que isso tem haver comigo?
- Não é óbvio?
- Não.
- Me diz uma coisa, em que período você e mais ativo? Em que fases do mês você se sente mais forte...?
- Eu não sou um lobo.
- Não. Você é muito mais...você é um lican original...
- Mas senhora, como pode ele ainda não ter se transformado?
- Uma bruxa, mas não qualquer bruxa, uma muito poderosa. Há uma curandeira que conheci que se casou com um lican e conseguiu fazer um feitiço que retardou o genes lupino do marido...
- Como é o nome dessa mulher?
Sem que ela respondesse...
- Lúcia.
- Isso.
- Mas esse não é a sua mãe?
- Sim. Quando eu era pequeno, as pessoas não me queriam perto de seus filhos, elas diziam que eu era amaldiçoado por não ter pai e por ter uma mãe que era considerada uma bruxa...a única que não tinha medo de mim era a Natália, a mãe da Lilly.
- A sua filha deve ser uma bruxinha poderosa...
- Ela herdou da minha mãe o dom de mexer com ervas e plantas...minha filha...
- Calma, Bernardo.
- O que eu faço?
- O ciclo lunar vai começar.
- A época da colheita...mãe...
- Ela te dava algo nessa época, não dava...a você e a sua filha?
- Sim, um chá.
- E o que acontece se ele não tomar o chá?
- O que tem que acontecer...
Eu não conseguia ouvir mais nada. Sai da casa e fui para a praça que ficava em frente a ela sentei em um banco e comecei a chorar...sentindo uma angústia...de repente meu celular começou a tocar...
- Oi.
- Bê, está tudo bem?
- Sim, está.
- Você não consegue mentir pra mim. Me fala o que houve?
- Nada. Eu só que eu vou precisar fazer uma viagem...
- Viagem?
- Isso.
- Sei. E quando você vai?
- Nessa semana ainda.
- Já. E quando você volta.
Silêncio.
- Bê, você volta, não volta?...
Não respondi. Ela começou a chorar.
- Bê? Me diz que você volta...
Eu desliguei e comecei a chorar...
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EM DIAS ENSOLARADOS
RomanceSerá que algum dia eu serei mais do que a irmã do príncipe? Será que um dia escreverei minha própria história? Dara, uma menina doce, que cresceu cercada de muito amor e proteção, por ser diferente. Desde cedo aprendeu a conviver com as comparações...