8 - Dara

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DYLLAN

De repente eu senti um alívio em meu coração, uma sensação boa de paz...
- Que sorriso é esse, meu príncipe?
- Ela está bem.
- De quem você está falando?
- A Dara. Ela está bem.
- Que bom, meu amor.
- Nós vamos encontrá-la...ela está bem...
Abracei a Charlie e dormi com a certeza de que minha irmã estava bem e que logo voltaria...

DARA 

Acordei ouvindo um coração...uma respiração, o que me deixou extremamente tranquila e feliz...estava confortável envolvida em seu cheiro. Estávamos deitados frente a frente, no chão de uma caverna perto do resto da fogueira que eu fiz ontem, que ainda contia brasas...
- Se for um sonho não quero acordar.
Diz ele de olhos fechados...
- Não é um sonho, mas eu não vou pedir para você abrir os olhos.
- Porquê?
- Eu devo está parecendo um urso...
Ele abre os olhos e olha para mim e sorri.
- É o urso mais lindo que eu já vi...
- Para, Bê.
- Adoro quando você me chama assim, estrela...
- E eu adoro quando você me chama de estrela...
Eu olho para o rosto dele, os olhos castanhos, as maças do rosto proeminentes...meus olhos descem para os lábios, os lábios dele são perfeitamente desenhados e finos...
- Eu odeio ter que estragar esse clima, mas precisamos ir, mas antes precisamos de um bom banho...
Nós rimos...Fomos para o rio, o dia estáva lindo, e de repente me lembrei de algo...
- O que foi, princesa?
- Não foi nada.
- Fala comigo.
Ele falou se aproximando...
- Foi o primeiro aniversário que eu passei longe da minha família.
- E vai ser o último, além do mais, já, já você vai estar com eles...Agora vem, vamos tomar banho...
Fomos para a parte mais funda do lago, quando eu tive a sensação de estar sendo observada...
- O quê houve?
- Acho melhor voltarmos para a caverna...
Falei já indo para a margem do lago.
- Porque? O que está havendo, Dara?
Escutei sua voz meio abafada e distante, em seguida escutamos um barulho de galhos quebrando...
- Que droga, ele está a favor do vento...Quem está aí?
- Dara?
- Dylan...Dylan.
Eu corri e o abracei...
- Dylan...
Meu coração estava batendo tão forte...tão rápido...
- Calma, Dara...Você está bem?
- Estamos.
- Estamos? Tem mais alguém com você?
- Claro...o...Bernardo...Bê, Bernardo, deixa de brincadeira, Bê, aparece, é só o Dylan...
- Com quem você está falando?
- Com o Bernardo.
- Como assim o Bernardo?
- É, ele estava comigo agora a pouco...mas eu não sei pra onde...
- Dara, isso é impossível.
- Impossível, pôr que?
- Encontramos o Bernardo a uma semana...ele está em coma no ambulatório do castelo.
- Não. Ele estava comigo...eu salvei ele...e...
- Não, Dara...o Marcos salvou o Bernardo do ataque de dois nômades. A uma semana...
- Não pode ser...ele estava comigo, Dylan...
- Fica calma...me fala o que você lembra...
- Dylan...eu...
Eu comecei a chorar...nisso um guarda aparece.
- Altezas, temos que ir...pode ser perigoso, estamos em menor número. Podem ser que ainda haja mais nômades por aqui...
- Tudo bem. Calma, Dara, agora vamos para casa... precisamos entender o que houve com você....
Nos encaminhamos para o carro que estava parado a alguns metros da floresta.
- Toma, suas roupas quase não existe...
Falou Dylan me entregando um casaco...
- Muito engraçado, maninho, agora que você vem ver isso?
Ele riu. No caminho para casa acabei adormecendo, senti que me carregavam, fui colocada sobre uma cama fofa e coberta com um cobertor cheiroso...o cheiro do meu pai inundou meus sentidos, me acalmando imediatamente.
- Que bom que você voltou, filha...
Foi a última coisa que eu ouvi antes da inconsciência me levar...
- Dara, Dara...acorda, mana...
A voz do Arthur me despertou.
- Oi, meu príncipe. Que horas são?
- Quase meia noite.
- Eu posso saber porquê você está acordado a essa hora?
- Eu vou conversar com a mamãe. Quer vir comigo?
- Claro, príncipe.
Saímos do meu quarto em direção ao porão do castelo...
- Este é o quarto dela...
- E o outro?
- É do pai da Lilly. O papai disse que ele também tá dormindo, mas o sono dele é diferente.
- Porque, príncipe?
- Na mente dele ficam passando imagens misturadas...
- E a mamãe?
- Ela pensa em nós...em todos nós...
O Arthur entrou no quarto da minha mãe e antes que eu entrasse lancei um longo olhar para o quarto ao lado...
- Vem, Dara...
- Oi, mãe, senti sua falta...
Eu comecei a chorar.
- Desculpa por ter ido, mas eu precisava, foi assim que eu encontrei o Bernardo, é ele mãe...
Mais lágrimas...
- Dara...olha.
Ao levantar a cabeça e olhar para o rosto dela uma lágrima caia
- Mãe? "Dylan..."
- "Oi."
- "Vem para o quarto da mamãe  rápido."
- "Tô indo." Mãe, a senhora precisa voltar, por favor...
Mais lágrimas, minutos depois o Dylan entra...
- O que houve?
- Olha...
- Ela está acordando sozinha.
- Mas como é possível?
- Nada na sua mãe é como deveria ser.
- Pai?
- Estamos te esperando, querida. Vamos, seus avós chegaram.
Um a um foram saindo, ficamos só eu e ela.
- Volta logo, mãe.
Quando eu ia saindo do quarto da minha mãe a Lilly ia chegando...
- Dara? Dara.
Ela me abraçou e chorou.
- Oi, princesa. Calma.
- O meu pai, Dara, ele...
- Eu sei.
- Você já foi vê-lo?
- Não.
- Me acompanha?
- Eu não sei...
- Vem...
Ela enganchou o braço dela no meu e me puxou para o quarto do Bernardo. Ele estava deitado em uma cama, ligado em um monte de aparelhos que zumbiam e apitavam...
- Oi, pai, olha quem veio te ver.
Ao olhar o rosto dele lágrimas quentes rolaram no meu rosto, meu coração se apertou, minha respiração ficou presa...a agonia era tanta que deixou minhas pernas fraca, caí de joelhos.
- Dara.
Ela veio me abraçar.
- Bê...
- Ele está vivo, Dara. É o que importa.
- Ele foi atrás de mim.
- Eu sei.
- Me perdoa, Lilly.
- Tudo bem.
De repente todos os aparelhos que estavam ligados a ele enlouqueceram...
- O que está acontecendo?
- Eu não sei.
E então pararam de vez.
- Pai, pai...
- Bernardo, Bernardo...Bê?
Só silêncio...
- Pai?

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