12 - Bernardo

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Bernardo narrando

Já fazia algum tempo que o Keylan havia me deixado aqui, eu estava sentado na enorme varanda da fazenda, quando ao longe vejo quatro figuras saindo da floresta...
- Milorde...
Os quatro fazem uma reverência.
- Quem são vocês?
- Me chamo Nicole, esses são Gabriel, Rafael e Enzo.
- O que querem?
- Precisamos que venha conosco.
- O quê?
- Não podemos explicar agora, não é o momento. Peço apenas para que confie em mim.
- Como se eu nem te conheço?
- Você conversou com a senhora Sariely, não foi?
- Entendi.
- O ciclo lunar começa em poucos dias, por isso a urgência. Precisamos te tirar o quanto antes daqui
- Pra onde vocês vão me levar?
- New Valley. Mas não se preocupe, vocês terão tempo para se despedir.
- Vocês quem?
- Você saberá.
- Estamos hospedados em uma pousada na saída da cidade, a poucos quilômetros daqui.
- Nos encontramos lá amanhã às 7hs. Não se atrase.
- E eu tenho que lhe pedir para não contar a ninguém para onde você vai. Para ninguém.
- Até mais, Milorde.
Eles fazem uma reverência e saem. Ainda em choque volto a me sentar no banco, mas meu descanso dura pouco, quando ao longe avisto o carro do Keylan...
- Dara, o que faz aqui?
Ela corre e se agarra a mim com o corpo convulsionando e o choro desesperado...
- Não me deixa...por favor, não me deixa...
- Calma, estrelinha...calma...
Eu grudo o corpo dela ou meu tanto quanto possível. Ela esconde seu rosto na curva do meu pescoço, enquanto eu a carregava para dentro. Sentei no sofá com ela ainda em meu colo.
- Estrela, olha para mim...estrela.
Com o rosto molhado pelas lágrimas incessantes, ela olha para mim.
- Eu odeio te ver assim.
Falo limpando seus olhos com os polegares...
- Não me deixa, Bê.
- Estrela, eu preciso.
- Pôr que?
- Eu não posso te falar agora, meu amor, eu...
- O que você disse?
- Que eu não posso...
- Não, depois disso.
O sorriso dela é gigante.
- O quê? Meu amor? Você é meu amor, Dara...
- Sou?
Eu não a respondi, apenas capturei seu lábio inferior com os dentes fazendo um gemido escapar da sua garganta...
- É.
O passo seguinte foi dela. Agarrando meu pescoço me beijando de forma desesperada...em uma posição tentadora.
- Dara...
- Não pensa...não agora... preciso de você.
Eu teria tempo para me despedir...uma noite. Que eu aproveitaria ao lado do amor da minha vida.
- Dara...eu...
- Shhh...eu sei. Vem.
Ficamos de pé, e eu a beijei.
- Eu...eu te amo, minha estrela.
- Também te amo muito, Bê, mas pra ganhar outro beijo você vai ter que me pegar...
Com essas palavras ela sai correndo em direção ao primeiro andar, mais especificamente para o seu quarto. E eu fui logo atrás e a agarrei...
- Te peguei.
E do nada começo a cantar a música "Perfect" do cantor "Ed Sheeran"... por que essa seria a noite perfeita, a nossa noite...sem pressa nenhuma, a abracei forte cheirei seu pescoço...
- Eu amo seu cheiro...
E ele estava tão forte, que era inebriante. Ela colocou as mãos por dentro da minha camisa e arranhou minhas costas...
- Hoje você não me escapa.
- E quem disse que eu quero escapar...
Dito isso ela avançou em meus lábios, os separando apenas para arrancar minha camisa.
- Estou em desvantagem aqui...
Tirei o vestido que ela estava, roçando de leve em sua pele vendo a reação expressa em seu rosto, e o joguei longe...
- Você é linda.
Ela rapidamente tentou se cobrir, mas eu a impedi segurando em seus pulsos, beijando-os em seguida.
- Nunca se esconda de mim...
- Bê, eu...
- Shhh...
Eu tirei o grampo que prendia seus cabelos, que caíram em cascata pelas suas costas...o conjunto perfeito. Passei meu polegar por sua testa, nariz, bochecha, queixo e por fim seus lábios vermelhos...
- Você é linda, estrela...perfeita.
Eu tomei seus lábios com os meus e a conduzi para a cama...Ao acordar a vi dormindo ao meu lado, o rosto sereno, os cabelos bagunçados espalhados pelo travesseiro e sua pele pálida sendo banhada pela luz vinda do abajur. Eu suspirei.
- "Queria não ter que te deixar, estrela, mas eu tenho. Nunca se esqueça que eu amo você."
Sussurrei, dei um beijo em sua testa, me vesti e sai deixando ali uma parte do meu coração.
- Milorde...
- Bom dia, Nicole. Pare de me chamar assim, por favor.
- Essa é uma das coisas que eu tenho que te explicar.
- O quê? Eu faço parte da realeza dos lobos?... É brincadeira, não é?
- Não, alteza.
- Venha, temos que conversar.
Eles me levaram para o quarto...
- Comecem.
- O que você lembra do seu pai?
- Quase nada, ele morreu quando eu era...
- Ele não morreu.
- Como?
- Pelo menos não quando você era pequeno.
- Ele morreu a alguns meses.
- O quê?
- Vai com calma, Gabe.
- O seu pai morreu a alguns meses. Ele era nosso líder.
- A alguns anos durante uma viagem o seu pai conheceu sua mãe e ficou algum tempo com ela, nesse período você nasceu, mas ele teve que voltar.
- A nossa aldeia foi ameaçada e era nescessário a ajuda de um outro clã...através do casamento.
- Ele abandonou a mim e a minha mãe por outra mulher?
- Acredite, não foi porque ele quis.
Nicole falou de forma triste.
- Dessa união nasceu uma criança que, aparentemente, seria a salvação dos povos.
- Mas...
- Mas ameaçaram a vida da criança e tiveram que esconde-la. Ela foi criada por um casal em outra vila, conhecendo sua origem, mas crescendo longe dela.
- E o que isso tem haver comigo?
- Após a morte do seu pai, todos acreditavam que ela era a única herdeira do legado, mas um antigo conselheiro falou sobre você.
- Você é o filho mais velho.
- O verdadeiro herdeiro.
- E onde está essa criança?
- Bem na sua frente.
- Oi, irmão.
- Nicole?
- É. Precisamos de você, Bernardo. Estamos em perigo.
- Mas o que eu posso fazer? Eu nunca me transformei, na verdade acabei de descobrir que isso deveria acontecer comigo, eu nunca vivi como vocês vivem...
- Você precisa se casar...

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