Capítulo 8

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Acabei falando demais, mas mesmo em um casamento falso, creio que ela merece a chance de se surpreender com uma aliança descente de noivado.

Quero pedir ela perto dos pais, certamente depois de ela contar tudo a eles. Só então de dizer sim, terei que agilizar todo o processo do casamento e usar minha posição de homem casado para atingir meus objetivos.

Entro na joalheria, na qual o anel sob encomenda que eu havia providenciado me aguarda. Depois de pago e assinado os documentos necessários, saio com a joia da loja, mas a deixo em meu bolso para que eu não precise ficar carregando a sacolinha. Só então vou atras da cadeirinha e de todo o resto.

Faltava 20 minutos do horário de uma hora em que eu disse para nos encontrar me sento na praça de alimentação para encontra-la, mas assim que me acomodo um uma mesa, meu celular toca.

- Não. - Digo assim que a atendo.

- Tio, eu ainda nem disse nada. - Amanda reclama do outro lado da linha.

- Sei muito bem por que me ligou Amanda, quer evitar levar um esporro de mim pessoalmente e acha que pelo celular o impacto vai ser menor. - Digo. - é com essa atitude que você espera que eu ache você uma adulta?

- Está endo injusto.

- E você irresponsável, quer ser dona da sua vida agindo dessa maneira? Enquanto não fizer 18 anos Amanda, sou eu quem manda em você.

- Então talvez eu devesse ir embora e te livrar da responsabilidade de cuidar de mim, já vai ter muito trabalho para cuidar da sua noivinha criminosa! - ela grita e sei que já voltou a falar com Henrique.

- Eu sei que você gosta demais da mordomia que tem para largar essa vida e não ofenda novamente a Malia, Amanda. Ou não vou ter piedade de você quando eu voltar.

- Vou contar para os meus avos. - Ela disse como se fosse uma ameaça e me pego rindo.

- Faça isso e esqueça seu cartão de crédito, eu congelo todas as suas contas por um mês inteiro. - Falo e ouço ela bufar irritada e logo a chamada cai.

Amanda se parece demais com a mãe dela, e isso não é bom.

Angelina era irresponsável e imatura. Estava sempre aprontando e deixando nossos pais loucos. Só melhorou mesmo depois que engravidou de Amanda, pois o relacionamento dela com Stefan estava sempre por um fio. Mas foi do dia para a noite que ela se tornou responsável, engravidou e sossegou em casa para cuidar da pequena.

Ela estava feliz. Mas quando Amanda tinha um quase dois anos, Angelina e Stefan foi comemorar seu aniversário de casamento. Houve um acidente e nenhum dos dois sobreviveram. Desde então eu tenho a guarda de Amanda, meus pais se mudaram para a minha casa afim de me ajudar a cria-la e temos morados juntos por 14 anos.

Mas eles a mimaram demais, eu estava sempre precisando colocar limites e agora vejo onde isso está chegando.

Angelina era irresponsável, mas não era burra. Não igual Amanda está sendo.

- Chegamos. - Ouço a voz de Malia e a vejo sorrindo com a filha no colo e algumas sacolas no braço.

- Me deixe pegar a sacolas. - Digo já tomando dela. - Melhor comer alguma coisa antes de irmos, o que vai querer? - pergunto e ela olha ao redor pensando.

- Podemos almoçar em um restaurante? Assim posse pedir um purê com a comida e dar para a Sofia. - Ela pergunta envergonhada.

- Claro, sei de um ótimo aqui no shopping. - Digo e nos levantamos.

Levo elas até o restaurante e depois de pedir uma mesa discreta, nos sentamos e fazemos nossos pedidos.

Além de purê, Malia pediu um pernil assado e uma salada, então eu a acompanho.

- Eduardo, tem certeza disso tudo? O que eu quero dizer é que eu carrego muito bagagem. - Malia diz depois que o garçom sai com os nossos pedidos.

- Absoluta, não se preocupe. Já disse que farei de você a minha esposa e você terá tudo o que precisar e desejar. - Falo olhando em seus olhos.

- Mas eu não preciso de muito, só do que você me prometeu. - Ela fala abraçando a filha em seu colo.

- Eu sei e pretendo cumprir com a minha promessa. - Falo e ela sorri.

Não demora muito para que nossos pedidos chegue, então Malia alimenta a filha com purê e com pedaços pequenos de carne e come entre o tempo da menina mastigar a comida.

- Podemos ir? - pergunto assim que acabamos todos de comer e receoso, como eu percebo, Malia concorda com a cabeça.

Saímos do shopping com todas as compras e as colocamos no carro e a cadeirinha no banco de trás.

Monto a cadeirinha bem no meio e deixamos as coisas que Sofia pode precisar durante a viagem ao lado do assento.

Depois que colocar a pequena na cadeira e apertar bem os cintos de segurança, vamos para a frente já que por contas das sacolas e a cadeira espaçosa não teria como Malia se mexer muito caso se sentasse atras com a filha. Então ela me faz companhia na frente.

Começo a dirigir para a saída da cidade e vejo Malia cutucar o canto das unhas com os dedos. Olhando para frente tiro a mão do volante e coloco sobre as mãos dela.

- Fique tranquila, seus pais vai gostar de ver você e Sofia. - Falo sem soltar sua mão nenhuma vez.

- Eu sei, só não quero que eles fiquem decepcionados comigo. - Ela diz e vejo sua angústia.

- Eu sei que vai mentir sobre nós, mas sabe... não precisa mentir sobre tudo. - Falo e sei que ela me olha, mesmo que eu não tire os olhos da estrada. - Conte a verdade a eles, sobre Henrique, sobre ter perdido a guarda de Sofia e sobre como vamos entrar com outro processo sobre a guarda da pequena depois que nos casarmos. Diga toda a verdade, isso vai aliviar um pouco a mentira sobre o nosso noivado.

- Eles vão fazer perguntas, muitas perguntas. Sobre tudo e sobre nós. - Ela diz e sinto as mãos delas tremerem um pouco e as aperto mais um pouco.

- Essa vai ser a nossa história. - Falo e desvio os olhos rapidamente da estrada e vejo que ela me olha atenta. - Uma vez vi você caminhando pela praia sozinha, em um dia quente de verão e te achei linda. Queria me aproximar, mas eu não tinha certeza se você estava mesmo sozinha ou não, então apenas admirei sua beleza de longe. Passados alguns dias eu vi você de novo, na loja em que trabalhava enquanto aquela mulher fazia escândalo, vamos adicionar esse detalhe, já que é verdade, fiquei admirado que você não deixou aquela mulher te humilhar e de novo eu me lembrei de você dá praia. Mas achei que você podia estar um pouco nervosa e não me aproximei novamente. Vamos falar que eu fiquei alguns dias pensando em você, bem melhor do que dizer que eu te juntei todas as informações sobre você para te convencer ser minha mulher de mentira. - Falo sorrindo e vejo ela retribuir minimamente. - Ok, eu fiquei alguns dias pensando em você, até que um dia a vi entrando na minha empresa para uma entrevista, não podemos falar que eu te entrevistei, sou o chefe, não participo das entrevistas. Mas te vi entrando no prédio e finalmente tomei coragem para falar com você e pegar seu número. Você mesmo surpresa me passou e depois foi para a sua entrevista. Não conseguiu a vaga, mas entrei em contato e conversamos por tempo até eu chama-la para sair. Depois de alguns encontros eu peço você em namoro, aí você descobre que a empresa é minha. Isso não atrapalha em nosso relacionamento e temos vivido bem nos dois meses que estamos juntos. É isso. O que acha? Quer adicionar mais alguma coisa?

Novamente desvio meus olhos para ela que me olha pensativa.

- Não sei como você bolou toda essa história, mas acho que não é mirabolante e impossível de acreditar. - Ela fala um pouco pensativa. - Vamos fazer dessa história a base, na hora de contar, talvez mudemos alguma coisa. Ou inventamos alguns encontros.

- Como quiser, agora relaxa, por que nada vai dar errado. - Digo e volto apertar a sua mão, que eu não vou soltar até o fim da estrada.

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