currículum

Capítulo 58

Eduardo: 2 anos e 9 meses atrás

Entro em meu apartamento e imediatamente Cecília vem até mim, me recebendo com um beijo carinhoso nos lábios.

- você está bem? Como foi lá? - pergunta enquanto termino de entrar em casa.

- estável. - é o que posso dizer sobre a situação de Alexandre. - consegui fazer ele comer um pouco, acho que ele vai para casa tomar um banho e depois volta para ficar com ela no hospital.

- ele devia se conformar logo e seguir em frente. - ela diz e eu me sinto incomodado com isso.

- ele a ama, não vai sair de perto dela. Não quando se culpa por ela estar naquela cama. -falo retirando meus sapatos, meu celular, chaves e carteira do bolso. - eu só quero descansar, não vamos falar disso. - digo, pois sei a opinião dela sobre e prefiro que mudemos de assunto. - o que estava fazendo?

- amor, eu estava aqui no tédio. - ela diz me abraçando pela cintura e fazendo charme. - desde que eu larguei a agência, não venho fazendo nada. - ela faz um bico lindo que tenho vontade de beijar e é o que eu faço.

- sobre isso, vamos conversar. - puxo-a pela mão e me sento no sofá a trazendo para o meu colo. - que tal usar seu tempo livre agora para organizar nosso casamento? - pergunto e vejo seus olhos brilharem.

Pego em sua mão, e olho para o anel com uma grande pedra no qual eu dei com um pedido de noivado. Já faz algum tempo, podemos começar a nos preparar e quem sabe...

- está falando sério? Mas você decidiu isso em péssima hora... - ela começa feliz, mas muda seu tom de voz para decepcionada.

- o que houve? Não quer casar? - pergunto com um pouco de medo.

- Querer eu quero né Eduardo, mas eu não estou trabalhando mais e eu quero um casamento luxuoso, preciso de um tempo para encontrar quem sabe uma outra agência ou algo que eu queira fazer. Minhas redes sociais não são o suficiente pro casamento que eu quero ter.

- Quer ter um casamento muito luxuoso? - pergunto pensando até onde ela quer levar esse casamento. Pelo visto só para organizar levará um ano.

- claro que sim, só se casa uma vez na vida ou deveriam. Eu quero passar o resto da minha vida com você amor, quero que nosso casamento seja memorável. - ela diz fazendo com que eu me apaixone mais ainda por ela.

- então já pode começar com os preparativos, nao importa que você não esteja trabalhando Cecília. Eu tenho dinheiro para as próximas 5 gerações nossa e talvez até mais. - digo alisando sua perna exposta, pois seu vestido subiu um pouco ao sentar em meu colo. - vou tranferir algum dinheiro para a sua conta e lhe dar um dos meus cartões.

- está falando sério? - ela pergunta dando pulinhos de felicidade em meu colo. - aí como eu te amo Eduardo. - ela grita e me beija fazendo com que eu ria.

- aproveitando que eu falei em futuras gerações, Cecília... - começo a dizer, mas não sei como terminar. - Podemos tentar começar uma família? - pergunto, por que a decisão é toda dela, mesmo eu querendo isso mais hoje do que nunca. Essa sensação de formar uma família de acentuou tanto hoje quando me decepcionei naquele berçário, que tudo que eu quero é uma criança. Uma como Amanda.

- do que está falando Eduardo? - ela pergunta agora seria, não esperava que sua reação fosse mudar a expressão em seu rosto da água pro vinho.

- estou falando de filhos, eu...

- não. - ela diz pulando do meu colo e ficando de pé.

- não? - pergunto tentando entender sua resposta.

- não Eduardo, se foi por isso que me pediu em casamento então acho melhor...

- não, se acalma. Não foi por isso, nada de dizer coisas precipitadas. - digo me levantando também. - você não quer é isso?

- é exatamente isso. Acabamos de nos resolver, vamos casar já é o suficiente. Não vamos dar um passo tão grande assim. - ela diz e entendo.

- você não quer ir rápido, tudo bem. Eu entendo. - falo me aproximando dela e a abraçando. - quem sabe no futuro.

- acho que você não entendeu Eduardo. Eu sou modelo, posso não estar trabalhando, mas ainda sou. Ainda vivo da minha imagem, não quero um bebê para estragar meu corpo que eu tanto amo. - ela diz e sinto um aperto diferente no peito. - eu não vou carregar um filho na minha barriga, deixar meus peitos maiores por conta do leite e vazando. Não quero estrias por conta da gravidez, não quero marcas de que fiquei grávida. Nem mesmo uma pequena cicatriz por que pode acontecer uma cesariana. Não quero.

Olho para Cecília na minha frente, com cada palavra que ela diz, vai matando meu desejo de ser pai dolorosamente.

- eu te entendo. - minto, não entendo. Nem todas as mulheres perdem o seu corpo, mas como disso a decisão era dela. Ela tem seus motivos. - mas eu queria um dia ser pai Cecília, ter um filho. Se você não quer engravidar tudo bem, podemos adotar. Eu quero uma família.

- diz que entendeu mas não entendeu, ser mãe ocupa tempo e eu não quero isso. Nem biológico nem adotado. Eduardo se você quiser de casar comigo vai ter que entender que vai ser apenas nois dois.

- eu tenho negócios Cecília, que um dia serão dos meus filhos. Como vai ficar se eu não tiver nenhum? - pergunto, sei que é uma desculpa tola.

- você tem a sua sobrinha, logo ela cresce mais, se casa e tem filhos. Que fique tudo para eles! - ela grita e parece nervosa.

Ela tem razão, o problema não é herança. O problema sou eu que não consigo aceitar seu não.

- quer saber, eu vou sair. Pense sobre o que eu te falei. Se vai levar esse casamento para frente é sabendo que não vai ter o que quer. - ela diz se afastando de mim e indo vestir sua sapatilha que está próxima a porta.

Ela pega sua bolsa, mas não deixo que ela vá longe. Vou atrás dela e seguro em seu braço a trazendo para mim e a abraçando o mais apertado que eu posso.

- não precisa ir, já entendi. - falo não deixando que parta.

Alexandre está ao lado da mulher que ama, enquanto ela está em uma cama sem acordar a dois anos e aceita isso. Ele não a toca, não a vê sorrindo, nem sei se lembra mais a cor de seus olhos. Mas ele a ama mais que tudo e ela ao lado dela, a amando e protegendo.

O que é a minha vontade de ter filhos perto do que ele sente por não ter a mulher que ama? Não posso ser mesquinho e perder Cecília por egoísmo, a escolha é dela.

É dela e só dela de não ter filhos e eu tenho que aceitar.

- me desculpe, não vamos mais falar disso. - digo a apertando. - só não se afasta.

- vai aceitar? Está tudo bem para você? - ela pergunta entre o meu peito.

- vai ficar se estiver do meu lado, é só não sair dele.