Capítulo 16

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Peter Anderson

Passei a mão na barriga sentindo o roncar conforme eu lembrava do almoço no fim de semana.

Uma coisa que aquele restaurante fazia bem, era camarão.

Agora estou aqui, em plena segunda-feira enfiado em um uniforme do time de futebol, porque aparentemente a porcaria do treinador quer fazer testes valendo nota, para o novo integrante do incrível time de Adam Jones. Era óbvio que eu não passaria, muito menos Kyle ou George, odiávamos futebol. O único esporte que eu praticava, era corrida. Corria todos os dias e aproveitava para treinar boxe na garagem do meu avô, isso quando eu ficava inspirado, caso contrário, dormia.

— Olhem aqui sedentários, vocês vão correr, vão jogar bola e correr de novo! — O treinador aumentava a voz, como se fosse um capitão do exercito. — Correr, jogar, correr. 

— Eu vou é chutar as bolas dele. — Kyle sussurrou no meu ouvido, cheirando a cigarro. 

Segurei o sorriso. 

Olhei ao redor da quadra, vendo o tamanho do lugar e analisando as chances de eu deixar o Jones irritado por ficar em primeiro na corrida. A quadra era ao ar livre, a arquibancada permanecia vazia, e o prédio grande atrás, cheias de sala de aula. Minha diversão parou quando visualizei o mascote do time, pulando ao lado da equipe de torcida, ou melhor, Bunny. 

Ela tem tentado falar comigo durante toda a manhã, e eu tentei correr.

Bunny balançava os quadris naquela fantasia, como se toda a animação do mundo estivesse nela. Soltei um riso fraco, observando-a.

Só eu sabia que a mascote era a Bunny. Eu havia esquecido desse detalhe

— Ta paquerando o mascote, Anderson? — Aquela voz do submundo conseguiu chamar a minha atenção, me virei para Adam, que estava repleto de suor e um deboche em seu rosto. 

Sorri ironicamente.

— Sim, acho que vou chamar ele para sair. — Cruzei os braços, encarando o estrume. 

— Ele é todo seu, é só isso o que você vai conseguir mesmo. — Respondeu com desdém. 

Adam era um lixo quando queria. 

— Você mesmo disse, ela é toda minha. — Disparei, desferindo pequenos tapas em seu ombro, me afastei. 

Ele franziu o cenho, confuso. 

Me afastei do sinonimo de imbecil e corri em direção ao George. Todos já estavam em posição para começar a corrida, em seguida do futebol.

Me concentrei em fazer o que faço de melhor, irritar o Adam.

Assim que a partida foi liberada, peguei um impulso enorme para começar a correr. Joguei meu tronco um pouco a frente e deixei as minhas pernas comandarem meu corpo. O vento arrastava meu cabelo para atrás e levava com ele, todo o meu suor. Não importava quem estivesse atrás ou na frente, eu só queria correr. Cada passo eu inspirava o ar e expirava de novo e de novo.

No final, eu ganhei.

— Sinceramente, nunca vi alguém correr com tanta liberdade quanto você meu aluno!! — O treinador ditou, se aproximando de mim e enrolando aquele braço enorme em meu pescoço, pesando imediatamente. — Se passar no futebol, você está no time.

Consegui sentir o olhar furioso de Adam queimando as minhas costas, já que dava pra escutar alguns colegas dele pedindo para ficar calmo.

— Valeu treinador, mas eu não me interesso por esse esporte. — Falei fracamente, tentando puxar o ar para os meus pulmões.

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