Capítulo 1

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'Nothing breaks like a heart'' - Mark Ronson.

'Nothing breaks like a heart'' - Mark Ronson

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— Acende pra mim.

Ryan, meu irmão mais velho, virou-se na minha direção, estendendo ambos palmos que carregavam um isqueiro vermelho e um maço de cigarro.

— Não to afim. — Respondi, ríspida.

— Ah qual é Bunny, tu é sem graça em. — Ele bufou, dessa vez, colocando o cigarro entre os lábios.

Deixei que minha mente se tornasse vazia conforme o vento batia em meu rosto e meus olhares navegavam naquelas ruas. As mesmas ruas da qual eu jogava com amigos de infância e aproveitava cada madrugada em festas de aniversário com temas de heróis. De certa forma, eu nunca poderia imaginar que com o passar dos anos, estaria ainda aqui, caminhando na calçada de concreto com desenhos alheios que foram feitos para o grande festival de estrelas, ao lado do garoto que me enche o saco todos os dias para emprestar a escova de cabelo.

Eu odiava esse festival, e odiava mais ainda o fato de ter que ir com meu irmão. Tá, talvez eu não odeie tanto ir com ele, até porque era meu alívio cômico. O festival é divertido, quando se tem oito anos de idade, era praticamente para famílias e crianças, todos se vestiam de dourado e as velas em copos de vidros nós davam uma perspectiva de vida de outra forma, uma forma brilhante. Mas ainda assim, não chega a ser suficiente para alguém de dezessete anos que só queria estar jogando dardos em uma festa qualquer, fazendo loucuras e jogando a culpa na embriaguez, já que as festas de adolescentes a flor da pele eram justamente para isso, deixar os problemas internos se libertarem e no final apenas dizer que culpa foi da bebida.

Mesmo que eu não bebesse.

Quanto mais caminhávamos, mais próximos estávamos do evento, já que eu conseguia sentir os pedregulhos do solo, através da minha bota marrom, e a gritaria possuir meus ouvidos conforme as luzes douradas dominavam a minha visão ao longe. Virei para Ryan no mesmo instante, esperando que apagasse o cigarro.

O festival era praticamente próximo de rochas, no final da cidade, os pedregulhos sempre incomodavam.

— Que foi, você não quis, perdeu. — Ditou o garoto com certa brutalidade.

Retirou o cigarro de seus lábios um tanto rosados com o frio, e me encarou com os olhos esverdeados. Era definitivo, a gente não se parecia, de jeito nenhum, ele era uma cópia do meu pai enquanto eu era uma cópia da minha mãe.

— Estamos chegando, apaga isso ai. — Falei como se fosse óbvio enquanto esquentava minhas mãos na jaqueta de couro que ganhei de aniversário anos atrás.

Ele olhou para a entrada, colocando o cigarro entre os lábios e me encarou de volta.

— Hoje, contarei a mamãe. — Falou destemido, enchendo o pulmão com a fumaça. Como se estivesse indo para uma batalha, começou a marcha com suas botas, iguais a minha.

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