Capítulo 16 - De homem para homem

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(POV Kakashi)

Como era possível que minha vida desse uma reviravolta tão grande em tão pouco tempo? Talvez agora eu pudesse processar com calma os acontecimentos, mas no fundo eu não queria ser racional. Queria ir até Itachi e Shisui e obrigá-los a engolir todos os insultos medíocres que dispararam contra Sakura.

Depois de deixar Sakura em casa eu senti que precisava fazer mais uma coisa, e mesmo sabendo que aquele podia não ser o melhor horário, ainda assim me atrevi a pegar o celular e ligar para ele.

— Alô, Sasuke? — Percebi pelo silêncio na linha que ele sabia exatamente quem estava ligando.

"— O que você precisa ser professor?" — Sua voz era séria, mas não me intimidou.

— Acho que precisamos conversar, pode ser agora? — Esperei pela negativa rápida.

"— Tudo bem, pode vir até aqui, estou sozinho. Imagino que essa conversa não deva ser tida em público. Vou te mandar o endereço por SMS." — E desligou.

Tamborilei os dedos sobre o volante impaciente esperando pela mensagem. Assim que o aparelho vibrou eu já abria o SMS e colocava o endereço no GPS.

— Droga, o que diabos eu estou fazendo? Sakura provavelmente vai me matar quando descobrir. — Resmunguei. Mesmo correndo o risco de Sakura perder a confiança em mim, precisava garantir que ela tivesse pelo menos um aliado entre os Uchihas. E eu confiava veementemente no caráter do meu aluno.

Assim que parei em frente a enorme mansão Uchiha, foi como se enxergasse Madara presente em cada detalhe da construção. Um peso na consciência por tê-lo julgado mal, quando na verdade ele tinha sido o alicerce de Sakura quando ninguém mais o fez.

— Professor. — Sasuke me cumprimentou assim que passei pela porta.

— Como você está, Sasuke? — Analisei seu semblante, uma ruga em sua testa deixava claro sua preocupação, mas ainda assim parecia bem melhor do que na última vez que o vi.

— Digerindo. Aceita alguma bebida? — Ele me indicou o sofá e sentei.

— Não obrigada.

— Imagino que tenha vindo aqui para defender a Sakura. — Ele foi certeiro em seu palpite.

— Mesmo ela sendo contra, não poderia deixar de fazê-lo. — Sasuke me encarou por alguns segundos e suspirou.

— Entendo, Shisui estava certo afinal. — Pensei se deveria negar meus sentimentos, e percebi que não queria, por isso aguardei em silêncio que ele continuasse. — Não precisa se preocupar, professor, eu jamais vou compactuar com Itachi e Shisui. Já tomei a frente para ser o mediador entre Sakura e família Uchiha, e se depender de mim meus irmãos jamais irão prejudicá-la. — Era incrível perceber que Sasuke havia amadurecido em poucas horas, o que os irmãos não conseguiram em uma vida inteira.

— Estamos do mesmo lado então. — Ele não respondeu, e isso me deixou curioso. Resolvi que era melhor colocarmos as cartas na mesa antes que aquilo gerasse novos mal entendidos numa história já tão conturbada. — Eu sei que você a ama. — Dessa vez a expressão vacilou, eu estava certo.

— Não sei se é possível amar alguém que não conheço, mas ao contrário de mim você parece estar bem a par de tudo. — Havia mágoa em sua voz.

— E vou continuar ao lado dela para o que ela precisar. Independente de amor, amizade ou qualquer outra coisa, eu vou protegê-la. Sakura merece ser feliz, e vou me encarregar que ela consiga isso. — Falei convicto.

— Você fala com devoção. — Agora ele me analisava. — Estou confuso agora, mas entendo o lado dela. Não serei eu a julgar. E é certo que eu a amo, então é melhor que saiba que não vou desistir.

— Isso não é uma competição Sasuke. — Ele levantou a sobrancelha duvidando. — Claro que eu adoraria que ela fosse feliz ao meu lado, mas isso é uma escolha exclusivamente dela. E como eu disse antes, independente disso eu irei protegê-la. Mesmo que no final ela escolha ficar com você, ou não escolha ficar com ninguém.

— Então é melhor que saiba de uma coisa. — Olhei atento para ele. — Posso não saber qual o limite moral dos meus irmãos, se é que há algum, mas sei que os Uchihas quando se decide por algo são capazes de tudo para conseguir. Imagino que Itachi e Shisui não sejam exceções à regra, e muito menos eu.

A ameaça implícita só me fez perceber como aquilo era ainda pior do que eu esperava.

— Entendo. Acho que terminamos por aqui. — Me levantei e ele fez o mesmo. — Só mais uma coisa Sasuke. — Ele inclinou a cabeça ligeiramente me fitando curioso. — Se você pretende conquistá-la é melhor que saiba que nossas melhores versões ainda assim não chegam aos pés dela. Para merecer alguém como a Haruno é preciso dedicação, e acima de tudo ser alguém bom. — Sorri minimamente. — Até a aula.

Ao entrar no carro foi que me dei conta que estava tensionando os músculos, estava mesmo irritado? Bom, Sasuke tinha deixado claro que tentaria conquistar Sakura e isso sem dúvidas teve um efeito bem maior em mim do que eu gostaria de admitir.

No entanto, eu seguiria convicto com meus princípios. Sakura merecia a felicidade, e se isso era ou não ao meu lado ela era a única capaz de decidir, para mim só caberia me esforçar para ser ao menos considerado uma opção.

— Agora o mais importante, como vou fazer isso funcionar? — Era estranho me sentir entusiasmado em conquistar, até porque se parar para pensar essa a primeira vez que eu me apaixonava por alguém de verdade. 

Querido ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora