Capítulo 35 - Um adeus por agora

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(POV Sakura)

Assim que o táxi estacionou na frente de casa percebi o quanto sentia falta daquele lugar. Minha mãe saiu apressada tomando Iori em seus braços e sorri diante daquela cena. Paguei pela corrida e peguei nossas bolsas, eu só precisava de um banho.

— Mãe? — Chamei uma vez e ela me olhou por sobre o ombro de Iori. — Você pode preparar alguma coisa para ele comer? Preciso tomar um banho, e não posso perder outro dia de faculdade.

— Você não pode ficar em casa hoje? — Iori se soltou do abraço da avó e veio para perto de mim. — Achei que a gente podia assistir desenho de noite. — Era tão tentador, ainda mais que hoje a aula era com o Kakashi e eu não estava preparada para vê-lo ainda, mas eu não poderia ser leviana com as faltas, não quando era bolsista.

— Desculpa meu amor, mas a mamãe precisa mesmo ir.

— Vem Iori, que tal você ajudar a vovó a fazer um bolo de chocolate? — Eu até queria discutir que ele precisava de algo nutritivo, mas apenas entrei em silêncio indo direto para o quarto buscar uma toalha limpa.

O reflexo no espelho pequeno na parede do banheiro deixava evidente o cansaço no meu rosto. Como se eu tivesse envelhecido alguns anos nesses últimos dias, mas de que importava eu me preocupar com isso agora? Estava exausta demais para lidar com vaidade.

Observei a água cair do chuveiro num ritmo constante por alguns segundos antes de entrar embaixo, ensaboei meu corpo e pude perceber o quanto tinha emagrecido. Precisava cuidar melhor da minha saúde ou eu seria a próxima a parar em algum hospital. Enquanto enxaguava o cabelo, muitos fios ficaram presos entre meus dedos, com certeza bem mais que o habitual e isso sempre acontecia quando estresse era absurdo. Também pudera, essas últimas semanas foram tumultuadas.

Sequei meu corpo com a toalha branca e limpei o espelho embaçado com as mãos. Quantos dias se passaram desde que Kakashi esteve aqui? Um? Uma semana? Um mês? Era como um sonho, talvez não tenha sido real, só minha mente fantasiosa procurando um refúgio daquele caos.

— Não vai comer nada? — Olhei para minha mãe e ela estava preocupada. Não queria deixá-la ainda pior, então me sentei ao lado de Iori e me servi um pouco de chá e pão.

— Iori acho melhor você tomar banho enquanto o bolo está assando. Não é bom ficar com a roupa que você estava no hospital. — Falei paciente e quando ele estava prestes a argumentar. — Você prometeu para a Shizune que iria me obedecer, lembra?

— Tudo bem, estou indo. — Observei ele entrar no banheiro sem levar toalha e revirei os olhos.

— Você não está nada bem. — Minha mãe sentou na cadeira em frente a minha. Não tinha porque eu mentir para alguém que conhecia todas as nuances do meu ser.

— Não, mas vou ficar. Só preciso voltar a rotina. — Tentei sorrir, mas acho que não passou de uma careta.

— Por que você não combina algo com Kakashi? Eu cuido do Iori para vocês saírem. — Olhei em seus olhos iguais aos meus por alguns segundos antes de desviar e suspirar.

— Não há mais eu e Kakashi mãe. — Dizer aquilo em voz alta era doloroso. — Por favor, ainda não quero falar sobre isso, só tente conter o Iori com esse assunto, ele vai ficar chateado.

— Eu me preocupo com você, minha filha.

— Já passei por coisas piores, vou sobreviver. — Me levantei pegando minha bolsa.

— Eu sei que vai, isso não quer dizer que vai doer menos. — Sua voz soou triste.

— Vó! Pode pegar a toalha para mim? — Iori gritou do banheiro.

— Vai lá, já está na minha hora. — Não esperei por uma resposta, até porque eu tinha certeza que não aguentaria segurar as lágrimas por muito mais tempo.

[...]

Assim que desci do ônibus segui direto para minha sala, o coração apertado por saber que iria vê-lo, era demais para mim.

— Sakura! — Me virei a tempo de ver Sasuke se aproximando.

— Ah! Oi Sasuke. Como você está? — Observei ele colocar as mãos nos bolsos, pelas olheiras soube que ele não tinha dormido direito nesses últimos dias.

— Ainda sem acreditar. Parece que vou chegar na sala e vou me sentar ao lado dele, sabe?

— É acho que vai demorar um pouco para cair a ficha. — Ao mesmo tempo que eu observava ele andar do meu lado, pensei no que Shisui havia falado sobre me envolver com Sasuke.

— E o Iori? Teve alta hoje não é mesmo?

— Teve sim. Está bem melhor e animado por estar em casa.

— Estava pensando, dava para a gente sair nesse fim de semana, sabe, levar ele no cinema ou no parque. Isso claro se você quiser. Kakashi pode ir se isso te deixar feliz. — Aquilo me pegou surpresa.

— Eu e Kakashi não estamos juntos, Sasuke. — Acho que ele tentou disfarçar o alívio por saber isso, mas não deu muito certo.

— Ah! Entendo. Bom, se quiser levar Iori para se distrair é só me chamar.

— Claro, obrigada por tudo. — Forcei um sorriso mínimo e me afastei indo para a minha carteira encostada na parede da sala.

— Ficaram sabendo? O professor Kakashi se demitiu! — Me virei procurando pela pessoa que tinha falado tal absurdo e encontrei a Ino conversando com a Temari e a Hinata. — Vai ser uma pena não poder mais olhar para aquele gostoso, confesso que as aulas ficavam bem interessantes por isso.

— Não seja boba Ino, Kakashi não se demitiria assim. — Hinata falou, mas ficou quieta logo em seguida quando Kakashi entrou acompanhado do professor Izumo.

— Boa noite pessoal, posso pedir para que se sentem rapidinho? Tenho um comunicado para dar. — Observei apreensiva em sua direção, mas ele não se deu o trabalho de me olhar. — Bom, eu vim me despedir de vocês. — Ele sorriu triste e pela primeira vez seus olhos encontraram os meus. — Sei que estamos no meio do semestre, mas o professor Izumo com certeza vai ser um ótimo professor daqui em diante. Eu vou me dedicar a uma nova especialização e a novos projetos, mas com certeza vou sentir falta de todos vocês.

— Você vai vir para a nossa formatura não vai professor?! — Em meio ao burburinho que se formou pela sala a voz da Yamanaka se sobressaiu aos demais.

— Infelizmente não vou poder Ino, minha especialização é fora do país e não estarei de volta até lá. — Aquilo me deixou em choque. Era assim então? Queria acreditar que seria melhor para mim e, claro, para ele, mas me sentia cada vez mais presa em um abismo.

— Poxa professor! — A falsa mágoa da loira soou exagerada.

— Agora preciso mesmo ir, então por favor se dediquem ao máximo. Não quero ouvir o professor Izumo reclamando depois de eu ter elogiado tanto vocês.

— Professor! — Quando percebi todos me encaravam. — Posso falar com o senhor por um momento?

— Claro, com licença Izumo. — Ele saiu e eu o segui, sem saber realmente o que iria falar. — Precisa de alguma coisa Haruno? — Sua fala soou distante e isso me afetou.

— Vai mesmo para outro país? — Já a minha voz soava desesperada.

— Vai ser melhor para nós. Se eu continuasse por aqui, sinto que não seria capaz de me manter longe de você. — A veracidade de suas palavras, seu rosto triste. Eu só queria beijá-lo uma última vez.

— Então é um adeus. — Afirmei cabisbaixa.

— Por hora sim, mas antes preciso que entregue meu presente para o Iori. Vou deixar com a professora Kurenai.

— Claro, tudo bem.

Ele tocou meu queixo me fazendo encará-lo por alguns segundos. Olhei para o corredor e estava vazio, sem pensar selei meus lábios nos seus uma última vez antes de me desvencilhar de seu toque e voltar para a sala.

Querido ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora