Capítulo 33 - Rompimento

83 14 2
                                    

(POV Kakashi)

Ao chegar no hospital fui direto para o quarto de Iori, ansioso para contar para Sakura sobre o passo importante que eu havia tomado. Além disso, enquanto eu estava dentro do carro acabei passando em frente a um salão de festas que me fez lembrar que ainda precisava pensar em algo para o aniversário de Iori. As ideias fervilhavam, mas eu precisaria do consentimento da Sakura para seguir em frente.

— Kakashi! — Iori me recebeu todo animado. — Olha, eu consegui passar aquela fase difícil, se quiser eu posso te ensinar.

— Ah eu com certeza vou querer sim, tenho certeza que você vai ser o melhor professor. A propósito, tenho uma ótima novidade! — Seu sorriso aumentou ainda mais e percebi que ele procurava a aprovação da mãe. Sakura, no entanto, olhava pela janela, os ombros curvados e a postura defensiva mostrava que ela estava preocupada com alguma coisa. Caminhei até ela e toquei seu ombro, mas para minha surpresa ela rejeitou meu toque e se afastou.

— Iori querido eu e o Kakashi vamos ali no corredor conversar. Tudo bem? — Ela sequer olhou para mim, apenas se afastou em direção a porta e eu a segui.

— O que houve? — Perguntei sério.

— Isso não vai dar certo. — Sua voz era baixa, mas carregada de determinação. — Nós dois. Não tem como dar certo, preciso que isso pare ainda no começo, antes que Iori se apegue ainda mais. — Eu não consegui reagir.

— Eu não entendo. Achei que estivéssemos bem... Eu sei que você não me ama, e me desculpe se disse cedo demais, mas eu não esperava que fosse recíproco. Sei que você precisa de tempo, mas achei que estivéssemos bem...

— Eu... — Ela respirou fundo e pela primeira vez desde que eu cheguei no hospital Sakura me olhou no olhos, os seus não estavam vermelhos nem hesitantes, e eu soube que aquele era mesmo o fim, mesmo que eu não entendesse os motivos, mesmo que eu argumentasse, ela já havia decidido. — A partir do momento que me aproximei de você, tudo ao meu redor começou ruir. — Aquilo teve o mesmo efeito que um soco no meu estômago. — Eu estava dando conta, e isso era o que importava, mas você apareceu, mexeu com a minha cabeça e meus sentimentos, me deixou vulnerável, e eu não posso me dar ao luxo de brincar de casinha agora. Você não merece ser engolido pelos meus problemas, e eu não posso achar espaço para você na minha vida.

— Eu...entendo. — Me encostei contra a parede, ainda absorvendo o peso de suas palavras. — Acho que me deixei levar pela esperança, e acreditei mesmo que poderia te fazer feliz. Posso ao menos me despedir do Iori? — Ela olhou apreensiva para a porta do quarto. — Prometo que serei rápido.

— Tudo bem.

— Qual era a novidade que você ia contar tio Kakashi? — Os olhos verdes iguais os da mãe, me olhavam com expectativas. Percebi que ele me chamou de tio, mais um sinal de que estava me aceitando e ao mesmo tempo que fiquei feliz, também fiquei triste. De alguma forma eu já estava apegado a ele profundamente, e ser obrigado a me afastar tanto de Iori quanto de Sakura com certeza me destruiria lentamente.

— A novidade? — Perguntei e ele assentiu sorrindo, eu não sabia o que responder, mas certamente não a verdade. Já não importava mais para Sakura se eu era ou não seu professor. — É uma surpresa de aniversário, mas você só vai poder descobrir no dia. — Tanto mãe quanto o filho me olhavam com curiosidade. — Agora eu preciso ir garoto, promete que vai cuidar da sua mãe?

— Prometo. Você vem aqui amanhã? Parece que vou poder ir embora. — Aquilo sim era uma ótima notícia, mas eu não poderia fazer parte.

— Sinto muito, mas amanhã eu não vou poder vir. — E como eu sentia.

— Tudo bem, você vai me visitar outro dia.

— Claro que vou. — Baguncei seus cabelos e ele se esquivou dando risada. — Se cuida viu?

Sair daquele quarto foi mais doloroso do que eu imaginava, e antes que eu chegasse no carro as lágrimas já desciam pelo meu rosto.

(POV Itachi)

Andei de um lado para o outro, sem conseguir permanecer sentado. Fazia pouco mais de uma hora que Izumi tinha entrado em cirurgia, e nenhum enfermeiro ou médico tinha aparecido para me dar notícias.

Não estava certo. Eu e ela havíamos planejado minuciosamente como seria o parto e mesmo que isso fosse imprevisível, era imprescindível que eu estivesse junto. Segurando sua mão e escutando o primeiro choro de Saori junto da Izumi.

— Sr. Uchiha? — Uma mulher loira vestida com roupas cirúrgicas me chamou.

— Sou eu. — Me aproximei impaciente. — Como estão minha mulher e filha?

— Eu sou a doutora Tsunade, pediatra do hospital. Saori está bem, foi levada para os primeiros exames, mas já a enfermeira virá buscá-lo para que você possa conhecê-la.

— E Izumi? — Dessa vez quem perguntou foi Shisui, tinha até esquecido que ele e Sasuke estavam ali comigo.

— Izumi chegou reclamando de dores na base das costas e com os exames foi diagnosticado cálculo renal, ou pedra nos rins como é mais conhecido. Cálculo renal em gestantes aumenta o risco de um parto prematuro como foi o caso de Izumi, mas por se tratar de uma gestação de trinta e oito semanas ambas estão bem e Saori não irá precisar passar pela UTI Neonatal. No momento o urologista Nagato está retirando o cálculo que se alojou na uretra de Izumi e o procedimento deve levar mais ou menos uma hora, a doutora Konan, obstétrica da Izumi está acompanhando a cirurgia. Ela quem fez o parto.

— Obrigada doutora. — Agradeci, sentindo um imenso peso sendo tirado das minhas costas. — Vou aguardar aqui então.

— Claro, a enfermeira não deve demorar.

— Não se preocupe Itachi, Izumi vai ficar bem. — Shisui se sentou ao meu lado e colocou a mão sobre o meu ombro.

— Precisa de alguma coisa? — Sasuke perguntou se aproximando.

— Só preciso conhecer minha filha.

— Pena que não pensou isso quando seu filho nasceu. — Olhei para ele sem acreditar.

— Não seja infantil Sasuke. — Foi Shisui quem o repreendeu. — Se for para ficar aqui atormentando seu irmão é melhor ir embora.

— É parece que é melhor mesmo. — E saiu sem dizer mais nada.

— Apenas ignore ele, ainda está revoltadinho por conta da morte do Nara.

— E de quem é a culpa não é mesmo? — Perguntei ácido.

— Vou ignorar porque você está estressado. — Revirei os olhos e me afastei.

— Acho melhor você ir embora também. — Aquele momento era da minha família, não queria Shisui por perto me lembrando de toda merda que fizemos nos últimos tempos. Eu estava feliz com a chegada de Saori, ele não iria estragar isso.

— Mas eu quero conhecer minha sobrinha. — Sua voz soava falsa e isso me enojou.

— Outra hora. Preciso ficar sozinho.

Pela primeira vez ele me ouviu e saiu em silêncio, levando consigo aquela aura carregada de maldade.

Querido ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora