Querido Professor

Capítulo 3 - Improvável

(POV Kakashi)

        Logo pela manhã alcancei o not ao lado da cama e o liguei com a desculpa que precisava mandar o quanto antes o novo tema do trabalho da Haruno, mas a verdade é que eu ainda nem havia decidido qual seria e só queria mesmo era entrar na rede social e descobrir se ela havia aceitado minha solicitação de amizade.

        Busquei pelo nome dela mais uma vez e para minha surpresa ela havia recusado. Não sei porque eu tinha criado esperanças que o fato dela revelar que tinha um filho seria motivo para acreditar numa relação mais próxima. Pelo visto eu estava bem enganado.

        Frustrado, peguei minha agenda e revisei quais temas já haviam sido passados, cada equipe precisava me apresentar uma proposta de uma clínica com uma arquitetura sustentável. Sorri ao pensar no tema perfeito para a Haruno.

        E-mail enviado, me levantei e fui tomar banho. O dia passou voando enquanto eu corrigia os projetos do terceiro ano e confesso que dei umas boas risadas no processo. Obviamente tinham ideias maravilhosas, mas também algumas tão absurdas que eu não sabia nem como corrigir.

        Já havia escurecido quando estacionei meu carro na vaga com plaquinha para professor bem em frente ao bloco de Arquitetura. Felizmente hoje era dia do Asuma buscar e levar o Guy então nada de teorias malucas enquanto eu dirigia.

— Boa noite. — Cumprimentei ao entrar na sala dos professores, mas para minha infelicidade apenas Madara estava ali com sua habitual xícara de café e expressão arrogante.

— Boa noite Kakashi. — Até sua voz normal parecia irônica, e isso me irritava. — Tenho uma ideia de trabalho para o pessoal do segundo ano, se tiver um tempinho para conversarmos. — Olhei no relógio e ainda faltavam quinze minutos para a aula começar. Estava prestes a concordar quando uma batida na porta chamou nossa atenção, como eu estava mais perto fui ver quem era.

— Era você mesmo que eu esperava encontrar! — Me assustei com a Haruno. Ela olhou para dentro da sala e viu Madara então suavizou o rosto e mudou completamente a postura agressiva. — Posso conversar com o senhor professor? É sobre o meu trabalho de projeto.

— Tudo bem. — Olhei para Madara que deu de ombros e voltei a encarar a Sakura antes de a seguir para o corredor. — O que precisa?

— Clínica pediátrica? Isso é uma piada para você? — A agressividade estava de volta.

— Obviamente que não. — Respondi com paciência. — Sequer pensei no que me falou quando escolhi esse tema, no entanto imagino que você vai ser capaz de elaborar um projeto funcional já que sabe qual o programa de necessidades que esse ambiente demanda.

— Mas...

— Ninguém nem desconfia sobre isso, Haruno não precisa ficar tão paranóica. — Isso bastou para que ela me fuzilasse com o olhar.

— Você não entende.

— Então me explique. — Por um breve segundo eu acreditei mesmo que ela fosse me explicar, mas isso não aconteceu.

— Tudo bem, farei o trabalho proposto.

        Sem dizer mais nada ela se afastou. Voltei para a sala dos professores e Madara esperava perto da minha mesa, seu olhar especulativo e um sorriso no rosto que era tudo menos simpático.

        Enquanto ele me explicava sobre o trabalho, que admito era muito bom, percebi que hora ou outra eu me pegava olhando para os longos e lisos cabelos pretos do professor. Foi quando a foto do bebê da Haruno voltou a minha mente.

— Não é possível?!

— Kakashi? Tem algo errado com a proposta?

— Não, não é isso. Pode apresentar essa proposta para a turma que dou o andamento na minha aula sem problemas. Agora preciso ir para a sala do primeiro ano. — Ele assentiu e recolheu seu material.

        Sai apressado da sala pelos corredores abarrotados de alunos. Os pensamentos a mil e eu não conseguia organizá-los.

— Droga, droga! — Seria possível que o bebê de Sakura fosse do Madara? É claro que não. Apesar do professor ser arrogante, mesquinho e outras características mais, tinha certeza que os Uchihas tinham uma rigidez moral exemplar. — Estou eu ficando paranóico com esse assunto, isso sim.

— Professor! — Me virei para trás em direção a pessoa que me chamava.

— Oi Sasuke, Shikamaru. Precisam de algo? — Mais um Uchiha e seu característico cabelo preto. Tentei me concentrar no que eles diziam.

— A Sakura disse que vai fazer um projeto sozinha, teve algum problema? — Shikamaru perguntou.

— Nada com que precisem se preocupar. — Nara assentiu, mas Sasuke franziu a testa visivelmente incomodado. Seria ele o pai? Claro que não, já estava sendo absurdo demais. — Vocês dois têm as melhores notas da turma então certamente irão se sair bem só os dois. Agora preciso entrar, se precisarem de ajuda sabem onde me encontrar.

        Não esperei por resposta, apenas entrei e fechei a porta atrás de mim.

        Durante a aula uma tempestade começou a cair do lado de fora, então quando faltava meia hora para dar o horário eu liberei os alunos. Sabia bem como era difícil atravessar o campus para chegar até os ônibus ou ao estacionamento principal, e com aquela chuva não seria eu a prender os alunos ali por tempo desnecessário já que o conteúdo do dia havia sido finalizado.

        Enquanto dirigia até a saída longos cabelos rosas chamaram minha atenção em um dos pontos de ônibus. Quando percebi já havia estacionado e buzinado chamando sua atenção. Claro que isso atraiu olhares dos alunos ao redor e não só dela, mas tampouco importava.

— Entre Sakura, te dou uma carona. — Ela me ignorou completamente, a roupa já molhada e tremendo de frio. Bufei frustrado e sai do carro indo em sua direção. — Por favor entra no carro, tenho certeza que não quer ficar doente. — Ela me olhou com raiva, mas fez o que pedi.

— Sua discrição é uma droga, sabia? — Ignorei sua pergunta ligando o ar quente do carro. Estiquei meu braço até o banco de trás onde sempre deixava um casaco reserva e coloquei em seu colo.

— Então onde mora?