Capítulo 11 - Voto de confiança

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(POV Kakashi)

Logo pela manhã meu celular não parava de vibrar com notificações, ao abrir os olhos, relutante, me inclinei sobre o travesseiro para alcançar o aparelho e de alguma forma antes mesmo dos meus dedos tocarem eu sabia que algo de ruim tinha acontecido.

O grupo da universidade estava movimentado, a notícia era que Madara Uchiha havia morrido em um acidente de trânsito.

Me sentei na cama num sobressalto tentando digerir a notícia, meu primeiro pensamento foi saber como Sasuke estaria, pelo o horário do acidente tinha sido logo após a aula e tinha visto os dois caminharem juntos pelo estacionamento na noite anterior.

Liguei a televisão procurando por algum noticiário local, e como previsto era a principal notícia.

O nome Uchiha era famoso e importante na região, isso vinha de gerações e muitas teorias surgiram com as mortes acidentais dos membros dessa importante família. Madara era o último do trio de irmãos (Fugaku, Obito e Madara) e agora o sobrenome seria carregado pelos últimos membros vivos da família. Itachi, Shisui e Sasuke, isso tirando é claro Iori que certamente era filho do mais velho dos irmãos.

Segundo a repórter, Sasuke estava no hospital com alguns traumas, mas estável. Um peso enorme foi tirado das minhas costas com essa informação.

Uma ligação tirou meu foco da televisão. Era Rin.

— Oi Rin, tudo bem? — Não tirei os olhos da televisão enquanto escutava ela falar.

"— Estou sim, mas a Sakura está aqui e está bem abatida, pediu para que eu te ligasse. Tem como passar aqui no escritório?"

— Chego em vinte minutos.

Enquanto me arrumava rapidamente confesso que tentei entender por qual motivo Sakura pediria para me ligar, e a única possibilidade era que a morte de Madara afetava ela diretamente. Tentei não criar teorias mirabolantes a respeito do assunto e deixaria que ela me falasse se assim quisesse.

Dentro do carro eu escutava o noticiário que falava sobre o acidente. Ao que parecia Madara tinha perdido o controle do carro em uma avenida e capotado, sendo atingido por outro automóvel em seguida. Pelas imagens que tinha visto mais cedo, era surpreendente o fato de Sasuke ter saído com vida daquele carro. O caminho até o escritório pareceu durar o dobro do tempo, mas no fundo eu sabia que estava apenas ansioso para chegar.

Em algum canto da minha mente uma voz parecia gritar que meus sentimentos pela Sakura eram realmente maiores do que o respeito como professor para com a aluna, mas ainda não queria admitir isso. Porque eu sabia que assim que o fizesse tudo se complicaria ainda mais, e no momento eu precisava me concentrar em ajudá-la.

— Vim o mais rápido que pude. — Falei ao entrar na recepção. Rin estava sentada ao lado de Sakura, e essa se encontrava curvada com o rosto escondido pelas mãos.

— Sakura imagino que queira privacidade, pode usar a sala de reuniões se preferir. — Rin se levantou e me abraçou como cumprimento. — Cuide dela por favor. — Sussurrou para que só eu pudesse ouvir, se afastando logo em seguida.

— Desculpe te chamar aqui a essas horas. — A voz da Haruno era mínima e seu rosto estava abatido. — Eu só não sabia quem mais poderia me ajudar.

— Está tudo bem Sakura?

— É melhor irmos até a sala de reuniões. — Assenti e a segui até um corredor onde caminhamos até uma porta ao fundo. — É sobre meu filho. — Ela falou assim que fechei a porta atrás de mim.

— Tem algo a ver com a morte do Madara? — Arrisquei.

— Sim. — Ela fez silêncio enquanto suas mãos inquietas sobre a mesa prendiam minha atenção. — Você conhece Itachi Uchiha? — Ela me contaria tudo?

— Conheço, o irmão mais velho de Sasuke. — Ela assentiu.

— Itachi é o pai do Iori. — Ela olhou em meus olhos provavelmente esperando uma reação de surpresa ou algo do tipo. — Você não parece surpreso.

— Eu já imaginava. Quando vimos Shisui naquele dia, imaginei que seu filho tivesse algo a ver com a família Uchiha.

— Eu deveria imaginar que você ligaria os pontos. — Sakura suspirou. — Madara foi o único daquela família que realmente se importou com Iori, e ele me ajudou até mesmo com a universidade. — Essa revelação sim me pegou de surpresa. Jamais imaginei que o arrogante Uchiha seria capaz de ajudar alguém.

— Por essa eu não esperava. — Murmurei incrédulo.

— Quando eu conheci Itachi eu ainda trabalhava como garota de programa. — Os olhos verdes não desgrudavam dos meus, atentos a cada reação. — Era sua despedida de solteiro quando acabei engravidando.

Conforme ela ia contando sua história eu me sentia cada vez mais impulsionado a protegê-la. Como era possível alguém passar por aquilo e continuar em pé depois de todos aqueles anos?

— Eu nem sei o que dizer...

— Não diga nada sobre isso. Sei que pode soar absurdo, mas espero que veja isso como um voto de confiança. Preciso que me acompanhe a essa reunião hoje à noite, eu realmente não gostaria de encontrar com ele sozinha. — Mesmo tentando se manter firme, eu notei um certo desespero em sua voz.

— É claro que eu vou. — Respondi, tentando acalmá-la. — Se eu não pudesse, tenho certeza que Rin ou Genma iriam no meu lugar. Você não está sozinha Sakura. Pode contar com a gente. — Um novo brilho surgiu em seus olhos e um sorriso mínimo brotou em seus lábios. Aquele sorriso fez meu coração acelerar. — Queria poder fazer mais, então o que precisar, por favor não hesite em me chamar.

— Você já fez o bastante, professor. — Aquela última palavra foi como um soco no estômago. Foi como colocar um abismo entre nós dois, e deixar claro que, para ela, eu era apenas um professor. Ao mesmo tempo que pensava sobre isso, me recriminei por seguir aquele caminho. Definitivamente não era hora para isso.

Querido ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora