(POV Kakashi)
Enquanto me arrumava para o jantar, me senti como um adolescente prestes a sair em seu primeiro encontro, e eu nem sei se poderia considerar aquilo como um, mas senti minhas mãos geladas e meu estômago parecia estranhamente inquieto. Será que sou capaz de sentir borboletas no estômago como diziam os românticos?
Não sei ao certo que tipo de roupa devo usar então optei por uma camisa azul marinho e uma calça jeans preta, me olhei mais algumas vezes no espelho e sai, tentando não parecer com pressa e falhando miseravelmente. Durante todo o caminho eu tentei pensar nas inúmeras formas de como aquela noite poderia acabar, e meu lado otimista estava se sobressaindo, isso era realmente incomum.
Ao parar em frente a casa da Sakura observei o mesmo grupo de idiotas sentados no meio fio rodeados pela fumaça. Eles nem disfarçavam ao encarar meu carro, mas não dei muita atenção, porque logo em seguida a mulher mais linda saiu pelo portão vindo na minha direção.
Eu fiquei sem palavras, os cabelos rosados e ondulados realçavam seu rosto, a maquiagem leve deixou seus olhos em evidência de tal forma que acreditei por um segundo ser possível existir alguma espécie de esmeralda líquida. O vestido azul marinho ia até abaixo dos joelhos, mas abraçava suas curvas de forma tão generosa que meus dedos ficaram inquietos apoiados sobre o volante.
— Estamos combinando. — Ela falou ao entrar no carro e demorei alguns segundos para entender do que se tratava. — Nossas roupas.
— Sim, isso quer dizer que temos os gostos parecidos? — Perguntei esperando do fundo do meu coração ser capaz de achar coisas em comum para fazer aquilo que eu tanto queria se tornar realidade.
— Se isso significa que eu tenho o bom gosto que você tem, então não vejo problemas. — Ela sorriu leve e tranquila e isso me deixou sem fôlego. — Pronto para o melhor jantar da sua vida? — Sakura estufou o peito toda confiante, mas em seguida voltou a relaxar e riu. — Isso é claro se gostar de comida Italiana.
— Não me faça ter altas expectativas Haruno. — Ela olhou em meus olhos e sorri travesso antes de voltar minha atenção para o gps. — Qual o nosso destino, senhorita?
Surpreendentemente o restaurante que ela falou fica próximo a minha casa e eu sequer tinha conhecimento de sua existência. Enquanto dirigia Sakura contou animada sobre como estava aliviada em finalmente poder interagir com o pessoal da sala e que até mesmo já havia combinado de que iria na próxima festa da turma. Por alguns segundos desejei ser aluno e não professor, apenas para ser convidado também. Sem dúvidas seria interessante ver Sakura em uma festa universitária.
— Ali, está vendo aquele prédio? — Apontei para o prédio cinza ao fundo. Era apenas a dois quarteirões dali. — É onde eu moro. — Ela estreitou os olhos primeiro em direção ao prédio e depois voltou-se para mim. — O que foi?
— O que eu ganharia se vazasse o endereço do professor mais legal para o resto da turma? — Ela perguntou pensativa.
— Você não ousaria... Calma aí, mais legal? — Sorri satisfeito, mas logo fiz uma careta. — E eu que pensava que era o mais temido.
— Sua falsa tristeza é até comovente Kakashi. — Ela riu e seguiu para o restaurante comigo em seu encalço.
Uma mulher nos acompanhou até uma mesa ao lado da janela e nos ofereceu o cardápio. Sakura não hesitou ao escolher seu prato e anotei mentalmente qual era para futuras oportunidades.
— Então Sakura, me conte algo sobre você que eu ainda não sei. — Curvei meu corpo um pouco mais em sua direção, deixando claro o meu interesse em conhecê-la melhor.
— Uma coisa sobre mim que você não saiba? — Ela mordeu o lábio inferior pensativa, e esse gesto não passou despercebido por mim. — Não sei se tem alguma coisa, você e sua curiosidade me desvendaram por completo, até mesmo os segredos mais obscuros.
— Interesse. — A corrigi.
— Oi?
— Curiosidade não, interesse sim. Curiosidade faz parecer que te considero um enigma ou algo do tipo.
— E interesse faz parecer o que então? — Dessa vez ela se curvou na minha direção e sorriu.
— Que te acho maravilhosamente interessante. — Respondi sério, tentando mostrar de alguma forma que aquilo não era uma brincadeira para mim.
— Você vai contra todas as probabilidades, sabia?
— Como assim?
— Você tem um mundo inteiro para escolher, e quando digo escolher realmente acredito que há muitas opções que não hesitariam sequer um segundo em aceitá-lo, mas resolveu se interessar por alguém tão quebrada quanto eu. — Ela sorriu tristemente.
— Engraçado, eu te vejo completamente oposta de quebrada. Ainda não me decidi se foi sua força ou seus olhos, mas um dos dois fez com que não houvesse opções aceitáveis que não fosse você. — Fui sincero. Até demais, admito, mas apesar de me sentir como um adolescente apaixonado, eu já era um adulto que sabia exatamente o que queria.
— Isso soa intenso demais, até para você Hatake. — Ela se afastou um pouco, talvez desconfortável e isso me deixou mal.
— Desculpe, não queria despejar isso dessa forma.
— Não se preocupe. Você não gosta de dois pesos e duas medidas. Acho que não estou acostumada a lidar com homens que sabem o que querem. Ou talvez eu não esteja acostumada a lidar com homens de qualquer forma.
— Se quiser podemos trocar de assunto, só quero que saiba que não espero uma resposta nem nada do tipo.
— Obrigada por isso.
Passado o clima intenso, sugeri que ela me contasse mais de Iori e esse assunto sim a deixou bem mais confortável. A forma como ela descrevia o filho era encantadora e apaixonada e só aumentou ainda minha admiração por ela.
Já no final, e olha que tentei ao máximo enrolar e fazer aquele jantar durar, eu pensei na possibilidade de convidá-la para um cinema ou algo do tipo, mas o seu celular interrompeu meus pensamentos.
—Mãe? Aconteceu alguma coisa? — Sua expressão tranquila mudou para uma preocupada, e por instinto já tomei a frente e pagando a conta. — Tudo bem, chego em quinze minutos.
— Aconteceu algo com Iori? — Perguntei assim que voltei que ela desligou.
— Minha mãe falou que ele está ardendo em febre e isso não faz nenhum sentido. — Sua voz mostrava um sutil desespero e tomei a liberdade de segurar sua mão.
— Não se preocupe Sakura, chegaremos o mais rápido possível. — Ela assentiu apreensiva.
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Querido Professor
FanfictionUma das alunas do último ano de Arquitetura evita a todo custo qualquer trabalho em equipe, preferindo sempre fazer tudo sozinha mesmo tendo um bom relacionamento com os colegas. Isso intriga todos os seus professores, em especial Kakashi Hatake. O...