Capítulo 32 - Parto de urgência

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(POV Kakashi)

Estava prestes a sair do velório quando de longe avistei Shisui e Sakura conversando, ambos afastados de Sasuke ou de qualquer pessoa ali presente. Pensei se devia me aproximar, uma vez que Shisui só falava merda, mas também achava que seria intromissão demais da minha parte. Porém permaneci ali, bem a vista de Sakura, caso ela precisasse de ajuda com algo.

O Uchiha sorria como se a conversa lhe agradasse, e isso com certeza era um mau sinal. Sakura, no entanto, permanecia com a expressão séria que ela usava sempre que estava com Itachi ou Shisui. Procurei por Sasuke e ele conversava com Shikaku, completamente alheio a conversa dos outros dois, voltei a olhar para Sakura e sua expressão vacilou por alguns segundos, algo próximo ao puro e simples horror estampava seus olhos e decidi que era hora de intervir.

— Shisui. — Cumprimentei sério.

— Ora ora, Kakashi. Estávamos mesmo falando sobre você. — Sobre mim? Olhei para Sakura, mas seus olhos estavam vagos demais para que eu pudesse achar uma resposta para aquilo. — Sinto muito pelo seu aluno, imagino que deve ser uma perda enorme para um docente.

— Com certeza sente. — Comentei irônico.

— Bom, vou deixá-los a sós, Sasuke precisa de apoio. — Ao mesmo tempo que prestei atenção em Shisui se afastando, pude observar de canto Sakura respirando fundo para se acalmar.

— O que ele aprontou agora? — Apertei as unhas nas palmas das mãos escondidas nos bolsos da calça, me controlando para não abraçá-la ali na frente de todos. Felizmente pretendia resolver essa parte ainda hoje na minha conversa com Hiruzen.

— Nada que deveria me surpreender. — Mesmo negando pude notar sua voz se alterar sutilmente, como se estivesse prestes a chorar. Ainda assim ela olhou em meus olhos e sorriu. — Não se preocupe, só precisamos ignorá-lo.

— Tem certeza?

— Sim, tenho. — Ela olhou no relógio em seu pulso. — Você não devia estar indo para a faculdade?

— Tem razão, só queria me certificar que aquele idiota não estivesse te importunando. — Ela levantou a mão como se fosse acariciar meu rosto, mas abaixou antes mesmo de me alcançar.

— Vai, é melhor não se atrasar. Eu e o Iori te esperamos no hospital.

— Se cuida.

— Você também.

Como todas as vezes que eu me afastava de Sakura, era como se um pedaço de mim ficasse ali com ela, sendo clichê eu diria que era meu coração, mas para ser honesto minha mente também ficava para trás.

Tentei me apressar, já pensando sobre como eu iria falar com Hiruzen. Ele era um ótimo reitor, mas isso não o impedia de ser rígido, principalmente com seus valores e princípios que muitas vezes eram antiquados e não aplicáveis nos dias atuais.

Sabia que Sakura iria protestar com o que eu pretendia fazer, ela iria argumentar para que eu não largasse meu emprego e provavelmente diria que não valia a pena. Ou talvez encontraria outras formas para lidarmos com isso, mas eu também sabia que, assim que anunciássemos nosso relacionamento, as pessoas iriam achar pretextos para questionar seu valor em sala de aula, e não iriam acreditar que eu era imparcial nas avaliações. Infelizmente julgamentos e comentários assim eram cruéis demais, e eu não submeteria Sakura a esse tipo de situação.

Eu amava dar aula na universidade, mas vinha pensando sobre isso nos últimos dias e talvez fosse uma ótima oportunidade para me focar em uma nova especialização e em projetos particulares. Havia anos que tentava achar um tempo para um pós doutorado, então aqui estava a oportunidade perfeita.

(POV Sakura)

Esperei Kakashi sair primeiro e chamei um táxi rapidamente. Precisava ver Iori, e tentar acalmar meu coração.

A ameaça de Shisui ecoava em minha mente, criando inúmeras teorias sobre sua fala. Em algumas eu acreditava até mesmo ser possível o Uchiha ser responsável pela morte do Shikamaru e sempre que isso me vinha à mente me sentia completamente enjoada. Queria acreditar que estava sendo paranóica, mas algo em suas palavras e seu tom de voz tornava tudo aquilo muito real.

E quanto a terminar com Kakashi... só de imaginar aquilo meu peito doía e já sentia vontade de chorar. Demorei tanto para me permitir amar que agora era doloroso demais ficar longe.

Sim, eu o amo. Mesmo que eu tente me enganar achando que só estou confusa, não adianta mais. Com o risco de perdê-lo, porque obviamente a ameaça de Shisui era relacionada ao Kakashi, pude deixar claro para mim mesma que ele já era o dono do meu coração. E agora eu teria que me afastar, provavelmente de uma forma que acabaria magoando nós dois, para garantir que ele não se machucaria.

— Que droga! — Gritei ao mesmo tempo que sentia as lágrimas descerem sem filtro pelo meu rosto.

— Está tudo bem? — O taxista perguntou cauteloso olhando pelo retrovisor.

— Está, me desculpe. — Sequei as lágrimas com a manga da blusa e respirei fundo, já estávamos chegando no hospital de qualquer forma, eu precisava me recompor.

(POV Izumi)

Liguei uma, duas, três vezes e nada do Itachi me atender. Uma dor insuportável nas minhas costas e eu só queria gritar, mas justo hoje eu tinha que estar sozinha nessa droga de apartamento. Me contive para não jogar o aparelho contra a parede, ainda precisava dele para conseguir ajuda. Aquilo não podia ser contração, havia algo de muito errado, eu sabia estava entrando em pânico.

— Atende Shisui! — Gritei enquanto escutava a ligação cair na caixa postal. De que adiantava ter dois Uchihas se quando eu mais precisava nenhum deles me atendia? Resolvi então tentar falar com Sasuke, eu só queria que alguém viesse me ajudar, porra.

— Izumi? — Ele atendeu no segundo toque, e com isso um grito escapou quando mais uma pontada me fez cair de joelhos no chão. — O que aconteceu?

— Sasuke, eu não estou bem, preciso do seu irmão. AGORA! — Meus pensamentos já estavam se embaralhando e minha visão embaçando.

— Anda logo Shisui, vou chamar uma ambulância para a Izumi! — Escutei Sasuke gritar antes de tudo escurecer.

[...]

Abri meus olhos, sentia vertigem mas a dor não estava tão intensa quanto antes. Para ser honesta eu não sentia minhas pernas. Olhei ao redor e percebi que estava no hospital.

— Não sinto minhas pernas... — Minha voz saiu fraca.

— Izumi você está no hospital Senju, e estamos prontos para fazer uma cesárea de emergência.

— Saori? — Minha filha estava bem? Por que cesárea de emergência?

— Ela está entrando em sofrimento fetal, por isso precisamos tirá-la o quanto antes.

— Salvem ela!

Querido ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora