Capítulo 19 - Um dia tranquilo até... não ser mais -Parte II

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(POV Sasuke)

Enquanto dirigia até o shopping tentava ver o lado positivo de tudo aquilo. Para Sakura me convidar para o almoço com ela e a criança significava que não estava brava ou receosa comigo. E isso já tirava um grande peso das minhas costas. Agora, eu precisava lidar com o fato de que iria conhecer o filho do meu irmão com a mulher que eu amava.

— Droga! — Isso ainda me irritava.

Senti minhas mãos começarem a doer e percebi que apertava o volante com mais força que o necessário. Inspirei tentando me concentrar no ar entrando em meus pulmões, e soltei lentamente, mas não passou de uma tentativa frustrada de me acalmar.

Já no estacionamento, confesso que hesitei.

Não seria tudo mais simples eu só me afastar daquela confusão? Por que mesmo eu estava disposto a me envolver nessa história ainda mais? Não era pelo Iori, ainda me sentia indiferente a criança. Era tudo por ela, por Sakura.

— Mas compensa realmente? — Assim que fechei a porta do carro tomei como uma resposta afirmativa.

A área de alimentação ficava no lado sul do shopping, o lado oposto ao estacionamento, uma forma eficaz de fazer com que as pessoas percorressem toda a área de lojas antes de ir comer. Já na entrada, uma loja de brinquedos me chamou a atenção e resolvi que era melhor não aparecer de mãos vazias.

— Bom dia, como posso ajudar? — A mulher com um uniforme laranja sorriu forçadamente em minha direção.

— Não sei bem. — O garoto deveria ter o que seis, cinco anos? — Preciso de um presente para um menino de uns seis anos. — Ela pensou um pouco antes de me responder, agora com mais ânimo.

— Vem, por aqui. — Segui ela entre os corredores entulhados de tanta informação. Parecia que com o passar do tempo a variedade de brinquedos só ia aumentando. — Aqui. Temos vendido bastante essa pista de carrinhos. — Olhei para o preço e duvidei da informação, no entanto era certo que Iori iria gostar.

— Pode ser aquele com o tubarão então. É para embrulhar para presente, por favor.

— Claro.

Após pagar, caminhei rapidamente até meu destino. Não foi difícil encontrá-los, Sakura se destacava entre a multidão e não só pelos cabelos rosados, mas algo nela sempre atraía o meu olhar. O que realmente me pegou de surpresa foi a semelhança entre Iori e Itachi.

— Oi Sakura, desculpe a demora, acabei parando no caminho. — Ela estreitou os olhos rapidamente.

— Oi Sasuke, esse é meu filho Iori. — O garoto me olhava com atenção, e mesmo tendo os olhos verdes da mãe a forma de analisar era Itachi puro.

— Olá Iori, isso é para você. — Coloquei a caixa na cadeira ao seu lado e nem por um segundo ele desviou o olhar de mim.

— Você parece muito com o tio Madara. — Falou apenas. Olhei para Sakura sem saber o que responder.

— É porque Madara era tio do Sasuke, filho. Como fala quando se ganha um presente? — Sob o olhar severo da mãe notei que ele relaxou os ombros, curioso.

— Entendo. Bom, obrigada Sasuke. — A miniatura de Itachi finalmente parou de me encarar e voltou sua atenção para o embrulho.

— Desculpe por isso, ele é um pouco protetor comigo. — Sakura falou um pouco baixo, para Iori não escutar. Mas se ele era realmente como meu irmão, tenho certeza que estaria prestando atenção em toda a conversa.

— Fico feliz de saber que é. Confesso que fiquei surpreso com o convite. — Ela apontou a cadeira à sua frente e me sentei.

— Iori ficou curioso a seu respeito. — Estava prestes a perguntar se ele sabia que eu era seu tio, mas ela foi mais rápida. — Não, ele não sabe de tudo ainda.

— Entendo. E você pretende contar? — Notei que Iori ficou mais ereto, mesmo olhando o brinquedo.

— Um pouco de cada vez. A morte de Madara ainda é muito recente.

— Sim, realmente é.

— Você disse que queria conversar comigo. — Ela olhou para Iori e suspirou. — Agradeço de verdade por aceitar tomar o lugar de Madara. Imagino que seus irmãos não estejam feliz com essa situação.

— Não estão, mas precisam aceitar ou a situação vai piorar para eles.

— Um deles. — Ela me corrigiu. — Para ser honesta ainda não entendi porque Shisui se envolveu tanto. — Esse era um ponto realmente importante e que também me incomodava, mas resolvi que precisava ir atrás sozinho.

— Um sempre defendeu o outro. Sempre foi assim. — Não deixava de ser verdade, mas naquela situação parecia ter mais algum motivo por trás disso tudo.

— Mesmo assim... — Estava claro que ela não tinha ficado satisfeita com a resposta, mas parece que desistiu já que mudou de assunto. — Eu posso mesmo confiar em você, Sasuke?

— Pode. — Respondi mais rápido do que gostaria. Certamente sem nem avaliar o que aquilo de fato significava.

— Por hora isso basta. Seu irmão comentou algo sobre conhecer o filho? — Pela sua expressão era óbvio que aquela ideia a atormentava.

— Para ser honesto, se isso vier a acontecer, tenho certeza que os motivos serão totalmente errado. Izumi está grávida no momento e tenho certeza que ele quer evitar qualquer escândalo que possa afetar seu casamento. No entanto ele sabe que continuar escondendo essa história pode ser ainda pior.

— Realmente não queria ele envolvido nisso tudo. — Sakura olhou com tristeza para Iori. — E farei de tudo para protegê-lo.

— E eu farei o que estiver ao meu alcance para isso também. — Ela sorriu e isso fez meu coração acelerar, me lembrando de uma parte prá lá de esquisita e irritante nisso tudo. — E quanto ao professor Kakashi?

— O que tem ele?

— Bom, ele parece estar bem envolvido nisso tudo. — A vontade era de fazer a caveira de Kakashi, mas eu sabia que com Sakura precisava ser mais cauteloso.

— Ele tem sido um ótimo amigo. — Não sei se ela sentia algo por ele, mas parecia alheia aos verdadeiros sentimentos do professor para com ela.

— Entendo.

— Isso te incomoda? — A pergunta errada. Ou talvez a certa. Só não queria ter que responder.

— Um pouco. — Achei que ela perguntaria o motivo, mas não o fez. Ficou em silêncio olhando o filho, e desejei saber seus pensamentos.

— Acho que agora não tenho mais motivos para me afastar das pessoas da nossa sala. — A frase parecia desconexa, até que entendi que ela escondia o filho e se afastava de todos para que eu não tivesse conhecimento sobre ele.

— Tenho certeza que não precisa. Desculpe se fui o motivo de todo esse desconforto. — Falei sincero.

— Não se preocupe, isso só foi uma consequência do que aconteceu. Você não é o culpado.

— Nem você. — Ela sorriu, certamente discordando com o que eu tinha falado.

— Já almoçou? — Uma clara tentativa de mudar de assunto.

— Na verdade não, mas preciso voltar para o escritório. Shikamaru já deve estar me esperando.

— Entendo. Obrigada novamente.

— Não precisa me agradecer, estou fazendo o mínimo. De qualquer forma voltamos a nos falar em breve, é provável que tenhamos que assinar alguns papéis.

— Claro. — Me levantei sem realmente querer. — Foi um prazer te conhecer Iori.

— O prazer foi meu tio Sasuke. — Não pude deixar de notar como ele enfatizou a palavra tio. Será que já desconfiava de algo? Ele parecia ser inteligente e perspicaz, eu não ficaria surpreso se tivesse deduzido pela conversa.

Querido ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora