Querido Professor

Capítulo 43 - Só nós dois

(POV Itachi)

Eu estava perdido, frustrado, humilhado, mas por alguma razão me sentia mais leve. Olhei para Saori em meus braços e tentei ser forte, mas as lágrimas caiam sem permissão e pingavam sobre o cobertor lilás da pequena.

O quarto de hotel era frio e pouco convidativo, mas não consegui pensar em nenhum outro lugar para ir com Saori. Eu sabia que não podia deixar minha filha sob o mesmo teto da narcisista da mãe dela, mas ainda assim eu não sabia o que fazer em seguida. Havia tantas perguntas sem respostas, tantos sentimentos controversos dentro de mim e o mais preocupante, o desejo de matar meu irmão que parecia corroer minhas veias.

Shisui se mostrou ser o tipo de pessoa que no fundo eu sempre soube que ele era. Ainda assim, fui ingênuo ao acreditar que sua relação comigo valia alguma coisa para ele. Sim, burrice da minha parte.

— Somos só nós dois Saori. — Fiquei surpreso em como minha voz soava desolada, eu era fraco. — O que devo fazer agora?

Do meu lado o celular começou a vibrar e o nome de Izumi brilhou na tela, não queria atender, mas precisava. Antes que ela resolvesse aprontar uma loucura como ir na delegacia me denunciar por sequestro ou qualquer coisa que pudesse passar na cabeça dela.

— Itachi?! Que merda aconteceu? A babá me ligou desesperada falando que você saiu de casa com a Saori! — Respirei fundo tentando controlar minha raiva. — Será que não posso ter um dia no SPA sem que um Uchiha apronte alguma coisa?! — No entanto, aquele último comentário foi demais para mim. Uma gargalhada alta escapou da minha garganta, a bebê se remexeu inquieta nos meus braços.

— Sinto muito por atrapalhar seu dia no SPA Izumi, é realmente uma pena que seu descanso tenha sido perturbado por algo que eu tenha feito. — Não dosei a ironia na minha voz e por alguns segundos ficamos em completo silêncio.

— Você nunca falou comigo assim antes. — Notei a preocupação na voz de Izumi e sorri satisfeito.

— Ao que parece nossa relação tem uma primeira vez para tudo. — Ela começou a falar, mas a interrompi. — Saori está bem comigo, não se preocupe. Vamos passar uns dias juntos então aproveita para descansar. — Assim que falei me perguntei qual seria sua reação, e foi surpreendente ver o quão nojenta ela era.

— Tem certeza? Isso seria maravilhoso! Você poderia ficar ainda mais próximo da nossa filha e eu poderia finalmente descansar. Eu sabia que ser mãe era exaustivo, mas nossa isso realmente me deixa acabada. — Repulsa. Nada mais poderia descrever o que eu sentia ao ouvi-la falar.

Desliguei antes que colocasse tudo a perder. Não queria que ela soubesse ainda que eu já tinha conhecimento sobre sua traição. Eu queria humilhar os dois da mesma forma que fizeram comigo, e precisava de tempo para pensar em como fazê-lo.

(POV Kakashi)

Sakura estava em absoluto silêncio no banco ao meu lado. O rosto avermelhado pelo choro carregava uma determinação nítida e não pude não me preocupar. De alguma forma queria ser capaz de dar a ela a felicidade que tanto merecia, mas diante daquelas novas revelações eu tive certeza que o pesadelo estava longe de acabar.

— Você tem algo para me explicar. — Ela manteve seus olhos fixos na janela ao seu lado, eu não queria pressioná-la, mas precisava saber o que estava acontecendo.

Depois de alguns minutos em silêncio Sakura resolveu falar. A cada palavra que saía de seus lábios eu me sentia mais enojado e ainda mais preocupado. Como Shisui podia ter feito aquilo? Não havia limite para sua maldade?

— Apesar de não concordar com você ter escondido isso de mim, eu entendo porque o fez. — Ela ainda não me olhava nos olhos e isso me deixou frustrado. Estacionei o carro na minha garagem e me apressei a sair indo ao seu encontro. — Sakura.

Seus olhos verdes estavam opacos, e isso me entristeceu. A tomei em meus braços tentando confortá-la.

— Eu sou uma va...

— Não! Não ouse dizer isso em voz alta. Nossa relação não foi um erro. — Não queria que ela enxergasse nossa primeira transa como um erro, não suportaria aquilo. — Não somos os errados nisso, apenas Shisui e Itachi.

— Sasuke...

— Ele tem coisas mais sérias para lidar no momento. — Não convenci nem a mim mesmo dessa vez. Eu sabia que Sasuke não lidaria bem com essa traição, mas no momento eu estava mais preocupado com a Sakura do que com o Uchiha. — O que vamos fazer a respeito do Shisui? — Queria saber qual era a vontade de Sakura, não poderia passar por cima dela, mesmo que minha vontade no momento fosse ir até o Uchiha para dar uma boa surra.

— Precisamos de provas para incriminá-lo, mas o pouco que o conheço posso supor que isso será quase impossível de conseguir. — Ela se sentou no sofá apoiando o rosto nas mãos trêmulas.

— Devemos achar uma forma de proteger Iori. — Me sentei do seu lado e ela assentiu em concordância. — Sua mãe também.

— Eu daria minha vida para que eles ficassem protegidos, mas sinto que não sou capaz de fazer nada. É frustrante! — Sakura agora chorava e me apressei em segurar suas mãos nas minhas.

— Eu tenho um apartamento no centro que vez ou outra uso para locação, mas no momento está vazio. Ainda está no nome do meu pai, então deve ser mais difícil para Shisui descobrir a respeito. Vocês deveriam ficar nele por enquanto.

— Você novamente está se colocando na mira, como posso aceitar sua ajuda sendo que isso também te coloca em risco?

— Eu posso lidar com qualquer coisa desde que possa ficar com você e te proteger. Não suporto ver você e Iori nessa situação.

— Mas a culpa é minha, eu tenho que lidar com isso...

— Você não tem culpa Sakura, tente entender isso. — Eu já não sabia mais o que falar para tentar acalmá-la, no entanto não precisei pensar muito porque sobre a mesinha de centro o celular de Sakura começou a vibrar e o nome de Itachi reluziu tomando toda a nossa atenção para si.