Capítulo 2 - Mais perguntas do que respostas

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(POV Kakashi)

        Olhei para o celular atento e só havia a foto de um bebê sorrindo. Apesar dos cabelos pretos, os olhos verdes eram idênticos aos da Sakura.

— Um bebê? — Seria filho dela?

Meu bebê. — A forma protetora como falou não deixava dúvidas de que ela era a mãe, mas ainda não entendia o porquê daquele bebê ser o motivo para não fazer trabalhos em equipe.

— E? — Ela mordeu o lábio visivelmente irritada.

— Ninguém sabe sobre ele e preciso que continue assim. — A cada resposta que ela dava mais perguntas se formavam em minha cabeça. Teria ela vergonha? Seria mãe solteira? Por que ninguém podia saber sobre ele?

— Eu não entendo. — Falei frustrado.

— Professor. — Ela não continuou até que eu estivesse olhando em seus olhos, e quando o fiz pude sentir a carga emocional que ela carregava. Confesso que fiquei desconfortável tamanha era a intensidade. — Preciso que acredite em mim quando digo que isso é importante, e que não posso falar sobre o assunto. E principalmente que não posso fazer o trabalho com a equipe que me colocou.

        Não sei quanto tempo ficamos parados ali nos encarando, mas foi tempo o suficiente para que eu tivesse certeza que a melhor opção era aceitar o que ela me dizia.

— Tudo bem. — Respondi por fim. Ela relaxou os ombros e suspirou aliviada.

— Obrigada.

— Mando por e-mail seu novo tema logo pela manhã, e se precisar de qualquer ajuda por favor não hesite em pedir. — Não entendia o porquê de estar sendo tão condescendente, mas sentia que precisava.

— Obrigada mais uma vez. Até amanhã.

        Observei ela se afastar até que fechou a porta ao sair. Agora que avaliava a conversa sem a pressão da intensidade da Haruno percebeu que ao olhar a foto do bebê sentiu que já o conhecia de algum lugar.

        Certamente devia ser pela semelhança com a mãe, mas algo em minha cabeça praticamente gritava que havia mais por trás dessa sensação.

— Você ainda está aí meu amigo! — Me assustei ao ver Guy tão próximo. — Estou pronto para ir embora.

— Já pensou em comprar um carro para você ao invés de ficar pegando carona comigo, ou Kurenai e Asuma?

— E que graça teria? — A resposta era sincera e isso só tornava o professor ainda mais... peculiar. Sem dúvidas ninguém nesse mundo se parecia com Might Guy. Bom, talvez apenas Rock Lee seu fiel discípulo.

        Durante todo o caminho o amigo falou sobre os novos materiais de pesquisa e o quanto tudo era promissor (otimismo cego também era uma de suas características), mas eu apenas respondia vagamente. Minha mente só conseguia pensar sobre a conversa com Sakura.

— Você está mais disperso que o normal. Aconteceu alguma coisa? Não vai me dizer que a Haruno se declarou para você? — Freei bruscamente ao ouvir aquele absurdo. — Ei, cuidado!

— Que diabos está falando Guy?

— Eu vi quando ela saiu da sua sala bem depois de todos os outros, pressupus que tivesse declarando um amor proibido de aluna pelo professor— Sério, era incapaz de entender de onde vinham as ideias do amigo, mas essa beirava a insanidade.

— Não, não foi isso. — Respondi quando consegui estabilizar minha respiração. Estacionei em frente a sua casa e esperei que ele descesse, mas era óbvio que não seria assim tão fácil, porque por mais estranho que fosse o jeito do amigo ele era acima de tudo muito perspicaz.

— Se não foi uma declaração de amor então foi sério. Você realmente está afetado com isso, eu posso ver.

— Só me deixou surpreso, mas não se preocupe, não é nada demais. — E não era mesmo, então porque aquilo continuava martelando em meus pensamentos?

— Bom se quiser conversar sabe onde me encontrar! — Abriu a porta e quando estava prestes a fechar ele colocou a cabeça dentro do carro novamente. — E vou pensar a respeito sobre comprar um carro para mim, prometo!

— Até amanhã Guy.

        Assim que cheguei em casa decidi que não pensaria mais no assunto. Fui direto para o quintal olhar a ração e água dos cachorros e como sempre fui recebido com muito carinho a bagunça.

        Depois de um banho e beliscar qualquer coisa na geladeira eu me encontrava virando e revirando na cama sem sono algum. Peguei meu celular e entrei nas redes sociais quase inutilizadas por mim. A timeline repleta de notícias ou fotos dos meus "amigos" que em grande maioria eram alunos da universidade. Alguns só conversavam comigo por ali ao invés de usar o antiquado e-mail.

        Estava a desistir de olhar aquilo quando uma foto me chamou a atenção. Eram todos os alunos do último ano de Arquitetura, bom todos exceto a Sakura. Eles estavam no que parecia ter sido um churrasco da turma.

        Pelo visto Sakura não interagia com ninguém fora da sala e isso era preocupante. E foi aí que decidi deixar de lado aquela coisa de não pensar mais sobre o assunto, tinha certeza que enquanto eu não soubesse a respeito não conseguiria deixar quieto.

        Procurei pelo perfil de Sakura e era um perfil privado, sem qualquer amigo em comum. Como um último gesto impulsivo da noite, eu enviei uma solicitação de amizade, sem muitas esperanças de que ela aceitaria. Olhei mais uma vez a foto de perfil, Sakura sorria e estava com o cabelo preso em um coque todo bagunçado, bem diferente do jeito sério e impecável que eu costumava ver em sala de aula.

        Mas o que eu espero encontrar no seu perfil? Era óbvio que ela não exporia seu filho dessa forma, e provavelmente nem a si mesma. Estou certo que deve ser um perfil tão genérico quanto o meu, ou até mais. E aquilo me incomodou. 

Querido ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora