Capítulo 20 - Semelhanças

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(POV Shisui)

A foto que havia recebido a pouco era tão boa, capaz de melhorar até mesmo aquele dia completamente tedioso. Me senti tentado a ver com meus próprios olhos, mas infelizmente quando eu cheguei no shopping só estavam Sakura e Iori sentados à mesa.

Sasuke era absolutamente diferente de Itachi, e tentar manipular o caçula era perda de tempo. Ainda assim precisava dar um pequeno susto para que ele não se empolgasse demais em ser o herói da Haruno. Pateticamente previsível ele se apaixonar por Sakura. Tanto Itachi quanto Sasuke estavam completamente dependentes daquele sentimento estúpido, e mesmo que o mais velho tentasse a todo custo convencer a si mesmo que amava Izumi, estava mais do que claro para mim que aquilo era só uma fuga para os sentimentos que realmente escondia.

De qualquer forma ambos eram dignos de pena por se deixar levar pela Haruno. Se não bastasse, o professorzinho parecia ainda mais disposto a proteger Sakura que os outros dois, e seria mais um que eu não tiraria os olhos.

Caminhei até um café próximo a mesa onde estava Sakura e o garoto, como planejado ela não demorou a me ver e, mesmo longe, pude ver a raiva em seus olhos. A criança era observadora, rapidamente notou que a mãe me encarava e fez o mesmo. Itachi sequer precisava de DNA, o moleque era ele em tudo, exceto na cor dos olhos.

— Acho que é pedir demais um único dia de sossego. — Sakura falou assim que me aproximei.

— Oi para você também, Haruno. — Dei o meu melhor sorriso em direção ao garoto, mas ele apenas me encarou com a testa franzida. — Iori, estou certo? Você está enorme. — Falei com falso entusiasmo.

— Mamãe? Podemos ir por favor? — Sakura olhou para o filho e assentiu já se levantando e arrumando as coisas.

— É uma pena não podermos conversar. — Falei baixo.

— Claro que é. — Ela respondeu ácida. — Até mais Shisui.

Observei os dois se afastarem e me sentei na mesa onde eles estavam. Precisava admitir que a Haruno, agora que exalava confiança, tinha se tornado uma verdadeira delícia, mas nem de longe valia todo o estresse que dava para meus irmãos.

Não hesitei ao encaminhar a foto de Sasuke com Sakura e Iori para Itachi. Sabia que aquilo o deixava possesso e de longe me divertia horrores.

Olhei para o relógio, novamente entediado. Ainda era cedo, sendo a próxima reunião com clientes só depois das quinze horas. Resolvi então ligar para a única pessoa com quem queria falar naquele momento.

— Oi amor, pode falar agora?

"— Claro querido, seu irmão acabou de voltar para o escritório."

(POV Sakura)

Mal pisamos para fora da praça de alimentação, Iori parou na minha frente com os braços cruzados e o olhar sério. Aquela atitude era completamente estranha, mas ao mesmo tempo também era familiar.

— Mamãe, vai me explicar ou não o que está acontecendo? — Era óbvio que ele tinha percebido. Era óbvio que ele iria me cobrar explicações. E era óbvio que eu ficaria perdida com isso. — Sabe mamãe, aqueles dois homens do almoço são muito parecidos. Sem dizer que também se parecem com o tio Madara.

— Que tal sentarmos em uma sorveteria e eu explicar o que você quer saber? — Tentei ganhar um pouco de tempo, ainda não sabia o que iria ou não contar a ele.

— Só me responde uma coisa antes? — Percebi o receio em sua voz e fiquei curiosa.

— O que?

— Um dos dois é meu pai? — Eu senti como se minha alma me abandonasse. Pura e simplesmente chocada com como ele estava atento a todos os detalhes. Claro que o meu silêncio só ia deixar ele ainda mais certo daquela teoria, mas particularmente eu não conseguia encontrar minha voz para responder. — Eles são parecidos comigo.

— Não. Nem Sasuke nem Shisui são seu pai. Mas há uma razão para essa semelhança, porque os dois são seus tios. Irmãos do seu pai. Iori tem certeza que tem apenas seis anos?

— Quase sete. — Ele respondeu, mas agora estava pensativo. Aproveitei e segurei em sua mão levando ele até uma sorveteria mais a frente. Assim que nos sentamos ele voltou a falar. — Achei que meu pai tivesse morrido. — Fiquei surpresa com sua suposição, mas não podia culpá-lo. Nunca havia mencionado Itachi de forma alguma, e ele nunca tinha me perguntado a respeito.

— Ele não está morto. — O que eu deveria dizer numa hora como aquelas? — Só que ele e a mamãe nunca nos casamos e quando eu descobri que estava grávida de você ele já estava casado com outra mulher. — Tentei ser o mais objetiva possível, não iria ajudar em nada ficar enrolando e procurando desculpas para o que não tinha como desculpar.

— Ele tem outra família então?

— Sim.

— Tudo bem então. — Seus ombros relaxaram e ele buscou pelo cardápio olhando as imagens dos variados sorvetes.

— Tudo bem?

— É. Não importa para mim. Tenho você, isso é o que importa. — Ele falou de forma sincera.

— Não quer conhecê-lo? — Percebi que fiz a pergunta certa, sua expressão tranquila vacilou por alguns segundos.

— Não sei, mas acho que não. Isso ia deixar você triste.

— Não ia não. Só quero que você seja feliz, se quiser conhecer seu pai podemos dar um jeito.

— Mas não é errado? Eu acho que ele não quer me conhecer, ou já teria vindo.

Com aquilo eu não podia argumentar, então preferi ficar em silêncio. Percebi que ele ficou quieto demais depois daquela conversa, e não sabia o que fazer para melhorar seu humor. Quando saímos do shopping perguntei se ele já tinha escolhido o brinquedo que queria, mas disse que aquele que o Sasuke havia dado era o suficiente.

Vê-lo daquela forma estava me matando. Não queria que ele sofresse, mas não podia inventar um conto de fadas e achar que ele nunca descobriria a verdade sobre o pai. Ainda assim me sentia culpada por fazê-lo passar por tudo aquilo.

— Que tal irmos ao cinema? Está passando aquele filme de super-herói que você falou que queria assistir. Podemos comprar muita pipoca e chocolate.

— Pode ser. — Mas nem assim ele ficou animado.

Querido ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora