Capítulo 17 - Descoberta

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(POV Itachi)

A mensagem de Shisui logo cedo pedindo por uma reunião particular era preocupante. Isso só acontecia quando algo muito sério tinha acontecido, e vindo do meu irmão eu podia esperar qualquer coisa.

Tomei meu café da manhã a força, Izumi era rigorosa quanto ao horário da primeira refeição e encheria meu saco se eu não participasse. Quando terminamos me despedi com um beijo rápido em sua testa e um carinho em sua barriga volumosa antes de me dirigir para a garagem.

O escritório ainda estava vazio, o horário comercial só começava às nove, e isso era mais um motivo para me deixar alerta, significava que Shisui não queria ninguém por perto enquanto discutia sobre o tal assunto. Ao abrir a porta me deparei com ele sentado tranquilamente na minha cadeira mexendo no celular, apesar de incomodado com aquela cena, não ousei comentar.

— O que foi dessa vez? — Perguntei de imediato.

— Bom dia para você também. — O sorriso cínico era típico e profundamente irritante. — Precisamos discutir como faremos para parar nosso querido irmãozinho. — Fiquei confuso. — O acidente nos ajudou com o Madara, mas se eu soubesse que Sasuke viraria um calo em nosso sapato teria encomendado a morte dele também. — Aquilo sim me pegou de surpresa.

— Encomendado? — Me sentei no sofá tentando entender o que aquela revelação significava.

— Você acha mesmo que Madara sofreu um acidente fatal justo quando estava prestes a acabar com a nossa reputação? Nossa sorte não é tão grande assim, irmão, às vezes é preciso moldar a própria sorte para as coisas funcionarem.

— E por que não falou comigo antes? — Meu estômago embrulhou com aquelas informações.

— Porque você teria me impedido é óbvio. — Ele sabia que havia ultrapassado meu limite e, ainda assim, não parecia preocupado.

— Talvez porque você precisasse ser impedido. — Afirmei o óbvio. — Sabe a merda que isso vai dar se chegar até nós dois. E nem adianta tentar tirar Sasuke do caminho dessa forma, já arriscou demais nossos pescoços apenas para se livrar de Madara.

— Você é muito ingrato Itachi. Fiz isso pensando em nós dois e na sua família perfeita. — Ele revirou os olhos.

— Não finja que fez isso por mim. Está mais do que claro seu amor pelo controle, você não é um Deus Shisui. — Shisui era controlador ao extremo e quando algo saía do controle era capaz de tomar as atitudes mais drásticas para retomar as rédeas.

— O motivo não importa muito de qualquer forma, mas convenhamos que essa versão da Sakura, mais o soldadinho dela e nosso irmão são bem problemáticos.

— Claro que são, mas precisamos ser um pouco mais razoáveis ao lidar com isso. E quando digo razoáveis é sem mortes. — Deixei claro.

— Sempre tão puritano. — Ele se levantou da minha cadeira. — Mas tenho que admitir que sua preciosa Sakura ficou uma delícia.

— Cala a boca Shisui. — Ele riu alto e isso só me deixou ainda mais irritado.

— Acho que eu preciso provar o mel dessa Haruno, como pode uma garota de programa deixar dois Uchihas e um professor renomado caidinhos por ela?

— Não ouse encostar um dedo na Sakura. — Falei entredentes.

— Ela sempre foi sua preferida, não é mesmo? Nem Izumi consegue te prender tanto quanto essa Sakura. Imagino o que sua esposa pensaria sobre isso. — A ameaça implícita me fez arrepiar. De todas as pessoas no mundo, o único capaz de conseguir tal efeito sobre mim era meu irmão. — Bom, já que vamos manter Sasuke vivo acho que preciso ter uma conversa com ele de irmão para irmão.

— Cuidado para não piorar a situação. — Eu não queria admitir, mas no fundo sabia que confiar em Shisui seria a minha ruína.

— Quando foi que eu te decepcionei Itachi? Da forma como fala parece que faço tudo errado. — A falsa mágoa era notória.

— Quanto você pagou pela morte do Madara? — Eu não sabia como lidar com aquilo ainda, mas precisava ser meticuloso ao apagar os rastros.

— Não se preocupe, não existe qualquer coisa que nos denuncie. — Ele sorriu abertamente e de alguma forma entendi o que havia acontecido.

— Você matou o cara que causou o acidente, não matou? — O sorriso se abriu ainda mais.

— Quanto menos souber, melhor para você. — Dito isso, ele saiu me deixando sozinho e pasmo com tudo aquilo.

Até para respirar estava difícil naquele momento. Shisui confessou dois assassinatos com tanta tranquilidade e aquilo era assustador mesmo para os padrões do irmão. Precisava assumir o controle eu mesmo, ou aquilo só iria piorar.

Mas como fazer isso sem que Shisui resolvesse se livrar de mim também?

(...)

Durante o resto do dia cancelei todas as reuniões e compromissos, não tinha cabeça alguma para lidar com o problema dos outros, mas voltar para casa também não era uma opção. Permaneci trancado na minha sala até o horário de ir embora e estava prestes a sair quando meu celular vibrou com uma mensagem de Izumi.

"Olha só quem apareceu para o jantar! Ele trouxe muitos presentes para Saori" em seguida uma foto de Shisui no nosso sofá.

Querido ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora