Capítulo 16

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—Obrigado, mais uma vez,senhor Bakugou. —Seus braços tinham uma pomada,spray,mais pomada,mais spray e toalhas quentes.

—Você me chamava de tio Mazaru,acho bom voltar a me chamar assim,que tal mais uma pomada?Só para garantir!

—Você já usou seis caixas de remédios, talvez ela nem sinta mais os braços!—Katsuki rosnou irritado,Mazaru não tinha os deixado em paz desde que chegaram,ele quem cuidava da casa e da comida, por isso já tinha uma fornada de biscoitos prontos quando chegaram.

—Já está bom,muito melhor do que o atendimento de médicos que vivem em becos.—Tentou fazer uma piada mas só os deixou mais preocupados.

—Vou ligar para o sistema de adoção!—Katsuki tirou o celular dele.

—Ela tava só brincando, não tava Deku?

—Ah sim,os médicos não viviam nos becos,era dentro do bar,saiam para fora só para vomitar.—O mais velho quase teve um ataque cardíaco.

—Me diga que você já está em boas mãos. —Ela sorriu e apertou o ombro dele.

—Estou em ótimas mãos, obrigado outra vez,tio Mazaru,eu preciso ir agora.—Ela se ergueu mas Katsuki segurou seu ombro.

—É falta de educação não falar com a chefe da casa que te acolheu. —Ela franziu as sobrancelhas,Mitsuki só chegava de noite,trabalhava em uma agência de advocacia.

—....Tia Mitsuki vai demorar para chegar,eu não posso ficar tanto tempo aqui,tenho que ir para casa.—Katsuki sabia que ela tinha razão, mas Mazaru não se tocou.

—Sem problemas, tem sempre uma viatura do lado de fora,Mitsuki também fez muitos inimigos.—Ela o olhou sem entender.—No tribunal,ela....costuma ser um tanto violenta.—Katsuki olhou para o pai agradecendo mentalmente.

—Tenho que fazer uma ligação antes,se  me derem licença.

—Ah sim claro,se quiser pode ir até a cozinha, tinha mesmo que conversar com o Katsuki. —Ela concordou e foi até a cozinha,sentiu certa nostalgia em estar ali,lembrava de como eles bolavam planos para subir em cima do armário e pegar o saco de biscoito de amendoim,como amava aqueles biscoitos,Hizashi não costumava deixar ela comer doces mas Mitsuki comprava e sempre colocava em um prato para eles comerem depois das refeições.

Lembrou das vezes que se machucava,não era acostumada a chorar, mas Katsuki ficava desesperado mesmo quando não era com ele,ela costumava rir enquanto ele chorava pedindo para Mazaru fazer curativos nela,ou nas vezes que levantavam no meio da noite para ficarem olhando as estrelas da janela da cozinha,ou para brincarem nos brinquedos que haviam no jardim.

Ela espantou as memórias e ativou o relógio,haviam apenas dois números salvos,All Migh e Lissa.

—Lissa?

—Vamos começar??Já captei quatro roubos,três tráficos e um homicídio!—Falou animada do outro lado da linha.

—Não posso agora,deixe para a polícia ou os heróis,quando eu ficar livre te mando mensagem e você me passa os casos que tiver,entendeu?

—Entendi!Fico feliz que esteja descansando, já estava ficando preocupada com você.

—.....Você acha que eu estou cansada?—Um silêncio do outro lado da linha seguido de um suspiro.

—Você tem estado cansada a muito tempo....somos parceiras....e eu tenho sensores no seu áudio que podem assimilar mudanças de humor e até seus batimentos cardíacos, eles são sempre fracos.—Izuma não queria lidar com aquilo agora.

—Tchau.

—Tchau,se cuida.—Ela desligou e mandou uma mensagem para All Migh.

A aula foi maneira,amanhã nos falamos na escola,vou ficar ocupada o resto do dia,se cuida.

Desligou o aparelho para não receber notificações do rádio da polícia durante o tempo na casa deles e logo voltou até a sala onde ambos pareciam inquietos.

—Tudo bem?—Mazaru sorriu e concordou.

—Vou fazer o jantar,podem ficar a vontade.—Ele saiu da sala deixando ambos sozinhos.

—Os braços estão melhor?—Ela balançou a cabeça concordando,não estava confiante sobre as intenções dele.

—O que você quer falar comigo?Eu não posso ficar atoa,essa hora é a que acontece mais crimes por conta da troca de turnos da polícia.

Ele ficou surpreso,não tinha motivos para mantê-la ali,mas também sabia que ela iria embora se começasse a perguntar então apenas subiu as escadas.

—Vamos....comprei a última edição do Migh Express. —Era um jogo que ambos amavam quando criança, Izuma ganhava sempre,fazia anos que não jogava,fazia anos que não jogava qualquer coisa.

Entraram no quarto de Katsuki, não mudou muito,os brinquedos foram substituídos por aparelhos,haviam mais pôsteres e decorações do All Migh,e a cama em baixo da de Katsuki estava lá, se lembrou das noites que passavam conversando sobre o futuro.

—Senta.—Sentou na cama e observou o ambiente, algumas fotos,todas as que eles tinham tirado juntos estavam emolduradas pelo quarto,campeonato de pesca,festival do cupcake,noite de comer porcarias,noite de filmes, piscina, praia,e até mesmo os dois dormindo atirados e babando um no outro.

—Guardou os brinquedos também?—Zombou mas ficou séria quando ele não respondeu. —Ah....você guardou mesmo.

—Cala a boca. —Ele Resmungou e entregou o segundo controle para ela,ainda tinha um adesivo de brócolis com seu nome.

Izuma Midoryia

—Lembra de como se joga?

—Faz dez anos que não jogo isso.—Eles ficaram em silêncio por um tempo.

—Eu também não. —Izuma,engoliu a seco,não podia acreditar,mas também podia ver que era verdade,ela apertou o play e o jogo começou, Izuma socou o personagem de Katsuki e um Game over apareceu na tela.

—Eu ainda venço você nisso.—Sussurrou e ele bufou irritado antes de começar a jogar também, mas ambos tinham um sorriso no canto da boca.

Ele estava feliz e ela....ela odiou gostar tanto de vê-lo assim.

Izuma MidoryiaOnde histórias criam vida. Descubra agora