Capítulo 26

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Izuma estava sentada na cama com Katsuki ajoelhado na sua frente,o remédio que ele aplicava em suas mãos ardia,mas não o bastante para incomodar ela.

—Pronto,não vai cair.—Falou se referindo às ataduras,ele a olhou,notou que os olhos verdes estavam perdidos,era como se ela não estivesse lá, ele afastou os fios molhados pelo banho do rosto e segurou seu rosto,a bochecha parecia o mochi que dividiam na escola.—No que está pensando?—Ela continuou olhando para o chão.

—No dia que eu cai da árvore....se lembra?—Ele pareceu ficar surpreso, não achou que ela gostaria de remoer o passado.

—Você lembra dessas coisas?

—É claro que sim.—Sorriu.—Você brigou comigo, disse que eu não deveria ter subido naquela árvore, machuquei minha perna e então você me colocou nas costas e me levou pra casa,você sempre me levava pra casa.—Uma lágrima escorreu e pingou no chão.

—Qual o problema?Quer que eu te leve pra casa?—Uma fraca risada saiu de sua garganta.

—Eu não tenho mais uma casa,eu durmo em um esconderijo tão bem equipado que a merda do tapete de entrada tem um explosivo,as vezes eu durmo no chão porque fico cansada demais pra chegar na cama,e as vezes eu não como porque fico tão enjoada com tudo que eu vejo que vômito só de sentir o cheiro da comida, e tem vezes que eu deito no piso e fico horas ali,desejando ser engolida por ele.

Katsuki segurou firme o rosto dela e viu o olhar ferido,era como se estivesse caindo aos pedaços, ficou assustado,ele se sentou ao lado dela e passou a encarar o chão também, até que questionou.

—Por que deixou o cabelo crescer?—Não pode evitar,a pergunta martelava em sua cabeça a tempos.—Você sempre dizia que cabelos longos atrapalhavam suas aventuras, então por que ainda não cortou o cabelo?

—.....Tá igual o dela.....igual o de Inko.—Ele arregalou os olhos,quis retirar as palavras,não sabia o que havia acontecido com sua tia Inko.

—Deku,me desculpe não precisa responder.—Ela segurou uma mecha do cabelo.

—Ela não me amou,mas não quer dizer que eu não tenha amado ela,meu cabelo é muito parecido com o dela.....se eu cortar ele fica encaracolado e diferente,se eu cortar eu vou cortar tudo que resta dela em mim.

—E isso seria ruim?—Ela o olhou sem entender.—Quando fala dela....é como se estivesse se afogando,se cortar o cabelo vai cortar o que resta dela,talvez seja o certo a se fazer.—Izuma olhou para a parede.—Pense um pouco,eu vou descer e pegar um lanche para você.

Katsuki havia jantado enquanto Izuma estava em seu chuveiro,se ele não tivesse descido,Mitsuki provavelmente o arrastaria pelas orelhas.

—Se importa se for sem lactose?

—Não.—Sorriu lembrando de como os Bakugou eram seletivos na hora de comprar comida,sem isso,sem aquilo,sempre deixando os vendedores tontos.

—Ei....quando eu voltar, você ainda vai estar aqui não é?—Ele perguntou hesitante e ela o olhou,vestia as roupas dele,uma calça moletom que tinha uma corda para ajustar,e uma blusa grande.

—Infelizmente eu ainda vou estar aqui.

—Por que infelizmente?—Ela o olhou.

—Eu passei anos evitando sentimentos e fraquezas,fiz uma promessa que coisas assim seriam rapidamente descartadas,e aqui estou eu,pronta pra dormir.....sinceramente estou cansada demais para ir embora.—Ele a olhou e sorriu,um sorriso convencido.

—Quer dizer que eu capturei a vigilante?—Perguntou divertido.

—Vai buscar minha comida!

Izuma MidoryiaOnde histórias criam vida. Descubra agora