Boa leitura
As palavras de Jeffrey saíram de forma estridente, Maya estava assustada, a respiração quente do homem chocava-se contra seu rosto atordoado. Percebeu em alguns instantes, o sangue que escorria das costas do mesmo, e o pedaço da estrutura que estava sobre ele, que permanecia imóvel, mesmo com a dor. Ela nunca imaginaria uma atitude dessas vindo de alguém como ele.
— Jeffrey...mas, por quê fez isso ?.
O rapaz nada respondia. Em seu rosto, uma expressão de dor, a estrutura em suas costas estava machucando-o cada vez mais, e Maya não sabia como sair daquela situação, ela sabia que qualquer movimento brusco poderia machucar o homem ainda mais.
Ramon, que viu tudo acontecer por conta da câmera, chegou no local, e, assim como Maya, impressiona-se com a cena. Ele, com a ajuda de funcionários, retira a estrutura de suas costas, fazendo com que o mesmo tombasse para o lado, podendo ser visível a todos, as suas costas ensanguentadas.
Maya imediatamente vai até ele, e rasga a parte de cima da roupa do mesmo, para ter visão do ferimento. Mas, ela notou uma coisa, aquele ferimento não parecia ter sido feito agora, era como se a estrutura apenas tivesse aberto algo que já estava feito.
— Você vai ficar aí parado olhando?
Maya esbraveja, ela já sabia que ele teria feito isso a Jeffrey, e não via nenhum motivo lógico para isso ser feito em um paciente com tratamento para esquizofrenia, transtorno de personalidade, psicopatia, sociopatia, isso não encaixa-se em nenhum padrão para o tratamento dele.
— Vamos, faz alguma coisa!
Jeff observa tudo aquilo do chão, estava fraco demais para falar alguma coisa, ele apenas a encarou, ela estava enfrentando seu chefe como se fosse apenas uma pessoa qualquer, e tudo isso por ele? Que sentido isso tinha? E por quê ele a protegeu? Ele queria matá-la, por quê não o fez? Tudo estava confuso demais para ser esclarecido tão fácil.
— Maya, vá para casa, você deve estar cansada. Cavalheiros, acompanhem a moça.
Maya viu que se pronunciasse mais alguma coisa, poderia manchar seu currículo. Apenas foi embora, com a ajuda de alguns funcionários, vendo a expressão sem vida do rapaz no chão, aquilo parecia partir sua alma. Sua alma era pura, o suficiente para sentir pena de alguém como ele, talvez por esse mesmo motivo tenha sido chamada para isso, ela não sabia ao certo, mas sabia que os planos de Ramon, não eram nada promissores.
Entrou na água do chuveiro quente, buscando relaxar a mente, depois de todo esse rebuliço. Vestiu algo quente, e deitou em sua cama, aconchegando-se em seus lençóis. Por um momento, pensou em ligar para Ramon, para saber o estado do rapaz. Mas sabia muito bem que Ramon não ligaria para isso.
Pegou seu celular, e buscou por formas de cuidados e todo o tipo de processo para tratar daquilo. Maya era psiquiatra, mas não sabia ao certo como tratar daquilo, o que viu em sua faculdade foi vago demais, em relação ao corpo humano. Preparou em sua bolsa todo o material que iria usar para cuidar do rapaz amanhã, caso Ramon não desse conta do recado.
Pensou em olhar uma coisa peculiar, a família de Jeff. Ele nunca citou ninguém importante, somente seu irmão mais velho, quem não falaria de sua própria mãe? Mas aí que tá, ele nunca aparecia ao lado de sua mãe nas fotos da família, ele sequer aparecia ao lado de sua família. E foi isso que dificultou todo o processo policial, ninguém sabia que esse homem existia, não haviam fotos, cartas ou presentes, somente de Liu, seu irmão.
Então, se ele matou seus pais, realmente, não foi qualquer surto. Certo que, nenhum ser humano deve matar seus próprios pais por não serem aceitos. Mas, e se você não for aceito em lugar nenhum? E se não tiver amigos? E se não pudesse ter amigos? Era uma situação delicada, que aos olhos de Maya, tinha que ser falada imediatamente.
Ela imprimiu uma das maiores fotos da família, pelo visto a mais recente antes da morte de todos, ela recortou e colocou em sua bolsa, junto de todos os materiais que iria usar. Foi até a cozinha e tomou seu café.
Quando estava indo para a cama, um grande apagão estendeu-se pela cidade, ela entranhou imediatamente, essas coisas nunca aconteciam por lá, para que tal fenômeno ocorresse, alguma forte quantidade de energia deveria ser utilizada. Olhou pelas janelas, e viu ao longe, no alto de seu quarto, e pôde ver algumas das luzes do laboratório, o único lugar capaz de produzir tamanha energia.
Na manhã seguinte, despertou como um raio. Correu e fez tudo cedo, estava aflita, queria logo ir ver como estava Jeff. Porém, Ramon deixou-lhe uma mensagem "não precisa vir trabalhar hoje, o que passou ontem foi delicado."
Mas ela não deixaria passar a chance de ver o que tinham feito a ele dessa vez. Pegou sua bolsa, e seu carro, e dirigiu até o local. Passou pela segurança com seu crachá, e adentrou o lugar. Viu a confusão ali dentro, quando percebeu que grande parte dos pacientes estavam mortos em seus quartos, e seus corpos estavam sendo preparados para serem retirados dali. Maya pôs a mão em sua boca, o que teria ocorrido ali?
Parou de pensar e imediatamente correu para o quarto de Jeff, vendo-o deitado, de bruços num colchão branco, como o resto da sala. Tentou destrancar a porta, mas ela não tinha a chave dos cadeados. Então foi até um dos funcionários, solicitar que abram a porta.
— Pensei que o monstro da sala sete fosse ficar sozinho hoje.
— O nome dele é Jeffrey.
— Desculpe, vamos, vou abrir para você.
Indignou-se com a atitude do rapaz, para ela, todos são humanos, que fizeram coisas ruins por seus próprios motivos ruins, e muitas vezes nossa mente nos prega peças, e ela sabia muito bem que grande parte dos assassinos são vítimas dessa grande peça, a falta de amor. Mas, ignorou o rapaz e apenas o acompanhou.
Maya poderia pedir a Ramon que abrisse para ela, mas, teria o grande risco dele mandar a mesma embora sem que ela saiba o real estado do rapaz, então mesmo que ela vá embora, quer ver pessoalmente sua situação. Maya adentra a sala, e Jeff abre os olhos lentamente, acompanhando seus passos. Ele sequer moveu-se, ou, talvez, não consiga.
A moça então senta-se a seu lado, levantando sua camisa, para ver o corte. Jeff espanta-se na hora, tentando até mesmo levantar, mas a mesma o para, lhe passando um olhar de confiança. O corte estava fechado, porém, dava sinais de que poderia infeccionar, então a mesma não perde tempo, e cuida do mesmo como pode. Notou que, ele estava um pouco avermelhado, por um minuto pensou que fosse só nas costas mas, ao observar com cautela, pôde ver que era no corpo inteiro. Respirou fundo e perguntou a Jeff sobre aquilo.
— Ele usou choque novamente, não foi?
— S-sim…
Respondeu com dificuldade, Maya sabia que não podia fazer nada, afinal quem iria acreditar nela? E quem iria importar-se, Jeffrey Woods foi um terror para muitas famílias, quem iria ligar se estava sofrendo? O máximo que ela poderia fazer, era entregar os experimentos que Ramon teria feito com ele, isso era desumano, mas não sabia se alguém iria ligar ainda.
Então ela só cuidou do mesmo, e continuaria fazendo isso. Não suportava ver ninguém naquela situação. Após baixar a camisa do mesmo, pegou em sua bolsa a foto que teria guardado, e mostrou para o mesmo, que olhou a foto com rejeição.
— Eles foram horríveis com você, não foi?
— Por que... está fazendo isso?
— Porque não sou apenas sua médica, sou sua amiga.
Por um momento, não sabia o que sentir ao pronunciar aquelas palavras, mas sabia que eram verdadeiras. O rosto indecifrável do homem era notável. Até que, por um momento, Maya não acreditou no que estava vendo, Jeff teria liberado uma lágrima, de um de seus olhos, e permanecia com sua expressão indecifrável.
Ela sentiu-se feliz, falou uma coisa que ninguém teria dito ao mesmo, e atingiu o coração do rapaz no mesmo instante. O momento para quando a porta do lugar é aberta bruscamente.
— Boa tarde, Maya, gostaria de me seguir até minha sala?
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The Experiment
FanfictionCONCLUÍDO Até onde um psicopata iria para conseguir aquilo que quer ? Até quando, ele torturaria as pessoas, e retiraria aquilo que lhe fosse útil, e depois jogasse fora? Como poderia agir, de tal forma, uma mente insana? FanficObsession