Armadilhas

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Boa leitura

O carro para na porta da casa, estava na hora de Maya ir para o trabalho, o mesmo que lhe causava arrepios. Em sua mão, segurava uma resma de folhas e duas caixas, uma com lápis de cor, e outra com giz de cera. Sentiu-se insegura, ela ainda não sabia como agir com Jeffrey.

Seguiu pensativa,  enquanto via a paisagem ao seu redor, uma linda floresta de coníferas, cobertas de neve, deixando o ar frio, e gostoso de ser sentido, era uma excelente distração para todo aquele estresse momentâneo.

O carro para, chegaram ao laboratório. Ela adentra o lugar, acompanhada dos rapazes, sentindo novamente aquele arrepio na espinha, olhando para os pacientes, pelo vidro dos quartos, era agoniante, ver o estado em que pareciam estar, Maya imagina que provavelmente, estão todos dopados, para evitar que fiquem agressivos ou algo do tipo.

Ela só queria passar por todo aquele lugar logo, sem demora. Odiava ter aquela visão todas as vezes que pisasse ali, era como uma tortura para ela. Finalmente, chegou à sala de Ramon, onde ele a recebe calorosamente, pedindo para que a mesma sente-se.

— Querida, preciso que assine isso aqui. — Empurrou um contrato na direção da mesma. — Um contrato, para confirmar nosso compromisso aqui.

— Tudo bem, só vou ler um pouco. — Fala, segurando os papéis.

Ela não seria burra o suficiente para assinar um contrato sem ao menos checar o que tinha escrito. Lá, constava que os pacientes estão sob efeito de remédios, eles têm hora para comer, dormir, acordar, e tudo era regrado à forma como Ramon achasse seguro. Nada pontiagudo deveria entrar nos quartos, então Maya percebeu que os lápis de madeira não poderiam ser uma boa ideia, e os deixou sobre a mesa de Ramon. Ela teria que trabalhar por pelo menos quatro horas por dia, o que a assustou um pouco, nunca teve consultas com tantas horas.

Por fim, não viu nada de mal ali, ela queria ajudar. Assinou a papelada, despedindo-se, e indo até o quarto de Jeffrey. Adentra o quarto, segurando sua bolsa, junto dos papéis e os giz de cera, mas, Jeff estava deitado sobre o chão, como algo morto. Maya se aproxima, colocando os papéis sobre o chão, sentando-se perto do mesmo.

— Jeff, você está bem?. — Pergunta, vendo a situação do mesmo.

Jeffrey não conseguia se mover sem ajuda, e Maya percebeu isso. Por esse motivo, o ajudou a sentar-se, com as costas na parede branca, ele estava com um aspecto péssimo, péssimo o suficiente para que a mesma entendesse que não era possível aplicar nenhum exercício naquele momento, então, imagina que deva voltar para Ramon, e avisar que hoje não era um bom dia para o rapaz. Porém, quando levantou, escutou um barulho, como um estômago roncando, e volta a virar para Jeffrey.

— Eles te deram algo para comer hoje?. — Pergunta, vendo Jeffrey fazer sinal negativo com sua cabeça.

Então ela pensa, que pode conseguir suas respostas de alguma forma, e talvez, esse fosse o momento crucial para isso. — Se eu te arranjar comida, você tenta cooperar comigo?. — Maya diz, vendo que Jeffrey fez sinal positivo com a cabeça. Ela retira de sua bolsa, uma barra de cereais, entregando nas mãos do mesmo, que abre o plástico da barra com brutalidade, comendo a barra como um animal faminto, demonstrando o quanto ele estava com fome.

Maya pensou no porquê ele estaria com fome. E por qual motivo ele não teria comido ainda, se já passou da hora de comer, para qualquer cidadão da terra, afinal já eram duas da tarde, o que estaria acontecendo?. Jeffrey termina de comer a barra, e a olha, como se esperasse que a mesma fizesse algo. Ela põe os papéis em sua frente, para mostrar que agora, teriam algo diferente.

— Eu sei que você ainda não consegue falar direito comigo, mas, eu sei que você pode me mostrar. Então, vamos começar com o seguinte, pinte a sua emoção mais forte. — Falou, vendo que Jeff pega uma das folhas, ele fica pensativo por uns instantes, mas logo começa a fazer algo. Ela o observa, precisava entender o que passava na cabeça dele.

— Mostre-me como entender você. — Sussurrou para si mesma.

Maya possuía as melhores intenções ali, ela só queria ajudar, mesmo que Jeff não fosse digno de nenhuma ajuda, por todas as vidas que já destruiu. Mas talvez, esse lugar, pudesse trazer o bem de volta a seu coração, talvez ele pudesse voltar a ser normal, como era antes de tudo, Maya acreditava que Ramon era a pessoa que ajudaria muitas pessoas com sua iniciativa.

Jeffrey não pintava algo normal, seus desenhos eram complicados de se entender, Maya olhava para eles tentando associar a qualquer coisa, mas não tinha sucesso. Eram como rabiscos sem rumo. Mas então era isso!, Maya entendeu que sua mente está sem rumo, então ele não tem algo bom para mostrar agora, ela viu exatamente o que deveria trabalhar, sabia que no dia seguinte ela conseguiria um grande progresso!.

Sentiu-se feliz, estava vendo que tinha a chance de ajudar, e não iria jogar essa chance fora. Recolheu os giz cera, e as folhas que sobraram, estava na hora de voltar para casa, seu expediente tinha acabado, despediu-se vagamente de Jeff, desviando dos blocos no meio do caminho, não sabia sequer quando foram colocados ali, e seguiu para casa, com um enorme sentimento de paz, agora, conseguia sentir-se melhor, em relação ao tratamento do caso Jeffrey. Jeff arregala os olhos, mesmo tão distraída, não teria caído em sua armadilha, e achou aquilo extremamente divertido, e faria mais vezes, para saber até quando ela será ativa o suficiente.

Ramon estava em sua sala, aplaudindo Maya, a sobrevivente inocente, que provavelmente nem sonha com o que lhe foi feito. Ele viu a maldade de Jeff, mas, mesmo sem sequer ter avisado do assassinato anterior, a moça conseguiu sobreviver, a algo que parecia tão simples, mas extremamente mortal, não saberiam ao certo, se haveria outra chance de sobrevivência para ela, a doce doutora Maya.

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