The Experiment

Insaciável

Boa leitura

Os lábios de Jeff abriam e fechavam, ele não sabia o que dizer. "Eu te amo?" Que sentido teria, se ele não faz a menor ideia do que significam essas palavras? Ele faz o que consegue, mas, não acha que Maya deve esperar pelo marido exemplar que chega do trabalho cansado e cuida dos filhos, porque Jeff não é assim.

Jeff é neutro, é o máximo de humanidade que lhe restou. Dentro de sua mente insana e perversa, talvez haja um único ligamento que permita que ele possa agir naturalmente com ela, e ficar quieto em público. É como se os dois polos de seu cérebro ficassem em constante luta, decidindo que lado iria dominar, o neutro, ou, o psicótico. 

Às vezes, imaginava um grande massacre, em um lugar público, outrora, em um mais tranquilo, como também, via como era tranquilo ser "paparicado" pela moça, que estava perdidamente apaixonada por ele, e ele não entendia nada disso, nunca foi um conquistador, que surpreende mulheres com lindos buquês de rosas e chocolates caros, ele nunca teve tempo para isso, e não costuma arrepender-se, afinal, estava fazendo o que gosta.

Mas, estar perto daquela mulher era quase a mesma coisa, era como matar dez pessoas ao mesmo tempo, era como torturá-las e colocá-las expostas aos ratos famintos. Era uma incrível sensação, que o fazia querer ficar, ele não sabia descrever nada daquilo, mas, era exatamente a sensação boa que o fazia ser tranquilo, ele não via necessidade em matar ninguém quando estava perto daquele único corpo feminino e pecaminoso.

Maya entendia o conflito na mente do rapaz, ela sabia muito bem que aquilo era extremamente novo para ele, e que, levaria tempo para acostumar-se. Ela também não entende como conseguiu ter sentimentos por ele, e como consegue cuidar e fazer de tudo para que ele sinta-se melhor. Era como ser a esposa, mas, ao mesmo tempo, sua terapeuta, entendendo e ajudando ele a se sentir melhor, fazendo ele sentir o que precisa, dar a ele o que ele nunca pôde ter, fazê-lo sentir-se bem.

A mulher aproximou-se, tocando com as duas mãos, o peito ofegante de Jeff, o coração estava acelerado ao ponto de ser sentido tão fácil sobre a pele e as roupas, com apenas um toque leve de mãos. Maya levou uma das mãos ao rosto do rapaz, depositando um beijo calmo, os olhos de Jeff fecharam-se automaticamente com o beijo, e arderam quando fechados, como se ele estivesse chorando, por isso, não entendeu a situação.

Maya afastou-se, desajeitada, indo até a cozinha, fazer algo para comer. Jeff ficou parado, alí mesmo, tentando raciocinar tudo o que tinha acabado de ouvir. Sentou na cama, com os olhos fixados no "nada". Escutou um grito na cozinha, e seu corpo parece ter voltado a funcionar, elevando os níveis de adrenalina na hora, correndo até a cozinha.

— Merda! — Colocava mãos debaixo da água da torneira, grunhindo.

— O que aconteceu? — Jeff aproxima-se, vendo a panela jogada de qualquer jeito na bancada, fumaçando.

— Eu me queimei feio… — Falou, mostrando a pele queimada, uma queimadura relativa de segundo grau, onde era notável um espessamento em sua pele, no caso, as costas de sua mão esquerda.

Jeff pegou o cabo da panela jogada, e pôde ver onde a mesma se queimou, pois era visível a mancha de sua pele, seguido com poucos pedaços colados na mesma.

— É, bem feio. — Soltou a panela. — Fique aí.

Foi até o banheiro, onde sabia que provavelmente existia alguma mala de primeiros socorros, era típico nas casas do lugar, e até mesmo, em sua antiga casa. A maleta estava dentro do armário, exatamente como ele imaginou. A pegou, e levou até a cozinha, onde Maya continuava molhando sua mão, para evitar uma ferida maior. Jeff abriu a maleta e pegou ataduras,  pegou uma garrafa com água destilada e jogou sobre elas, molhando o tecido, tornando-se próprias para pôr na queimadura. Enrolou o tecido molhado sobre a queimadura, fazendo um excelente curativo. Afinal, quantas vezes será que Jeff não teria se queimado? Fora, é claro, o que foi feito a ele?