Capítulo. 25.

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É só sexo. Não sei por que todo mundo faz tanto estardalhaço com isso – diz Agnes, e rola até ficar de barriga para cima na cama da Dri, deixando a cabeça pendurada para fora e a franja caída para trás.

Ela tem uma testa grande. Por acaso a franja tem menos a ver com ser bonitinha estilo hipster e mais com uma coisa estratégica. É noite de sexta-feira, e em vez de ficar em casa com Harry Potter estou aqui comendo batatas chips de um saco tamanho jumbo, folheando o livro do ano do Wood Valley e conversando com a Dri e a Agnes, como se eu fizesse isso todo fim de semana.

E não está parecendo muito esquisito. Quando começo a ficar meio nervosa pensando que a Agnes não me quer aqui, lembro que a Dri me convidou e até mandou um "deixa de ser patética" quando eu disse que ficaria em casa estudando. Opto por acreditar que ela me chamou de "patética" de forma afetuosa.

– Desde quando você é especialista? – pergunta a Dri, e joga um travesseiro na Agnes. – Não importa o que você diz. Tecnicamente você ainda é virgem.

– Não sou! Tecnicamente perdi completamente o meu certificado de virgindade – reage Agnes com falsa indignação.

As duas parecem um velho casal que já teve essa briga antes, e nenhuma delas se incomoda com quem vai sair ganhando. A diversão está na discussão.

– Tecnicamente? O que isso quer dizer? – pergunto, e olho para a Agnes. – Por favor, não me diga que você é uma daquelas criaturas esquisitas que, sabe, contam o... ahn... oral.

– Claro que não. Houve um caso de pequena penetração – diz Agnes, que solta um risinho. – Mas isso conta. Definitivamente.

Começo a rir também, apesar de não ter entendido de verdade.

– O que foi?

– A Agnes foi meio penetrada. Ganhou meio pauzinho.

– Meio pauzinho, isso é hilário – diz Agnes, e logo todas estamos gargalhando tanto que temos lágrimas escorrendo pelo rosto.

– Realmente não faço ideia do que isso significa. Você precisa me contar a história toda – peço.

– Tá legal. Bom, aconteceu no verão passado, na colônia de férias do teatro.E sim, eu sei, é clichê e tal, mas pelo menos não foi no baile de formatura. O negócio foi que um cara, o Stills, e eu estávamos no maior amasso, perto da minha cama, a gente estava no chão, e eu pensei: certo, vai ser agora. Eu estava meio entediada com essa coisa toda de virgindade, por isso a gente pegou uma camisinha, porque a segurança vem em primeiro lugar, certo?, e começamos,
sabe, a fazer sexo com, tipo, alguma penetração, e de repente ele surtou. Parece que ele curte um tal "irmão J. C.", e ele falou exatamente isso, e quer esperar até o casamento.

– Não acredito! – digo. – Ele falou mesmo "irmão J. C."?

– Falou. Foi humilhante em vários níveis. Portanto foi assim que eu perdi a virgindade. Isso conta, não é? – pergunta Agnes, e eu decido que talvez eu tenha sido precipitada demais em julgá-la.

Ela é engraçada, super-honesta e disposta a rir de si mesma. Agora percebo por que ela e a Dri são melhores amigas.

– Voto pelo sim – digo, porque é muitíssimo mais perto do que eu já cheguei de ter um pênis inserido em mim.

– Mas a Dri também está certa. Eu ganhei mesmo meio pauzinho. E você? – A Agnes pergunta com tanta casualidade que é como se estivesse querendo saber qual é a minha matéria predileta.

– Ainda não. Quero dizer, não estou esperando até o casamento nem nada, mas, não, ainda não surgiu nenhuma oportunidade – conto, o que é verdade. O que não digo: eu não me incomodaria se acontecesse com alguém de quem eu gostasse, que achasse bonito e que gostasse de mim também. Presumo que não vou deixar de ser virgem antes da faculdade, porque é nessa época que isso acontece com garotas como eu.

Três coisas sobre você ( imagina com Dylan K.)Onde histórias criam vida. Descubra agora