Capítulo.35.

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Eu: Batata frita ou batata chips?

AN: fácil. frita, sempre. ketchup ou molho de salada?

Eu: Ketchup. Harry Potter: os filmes ou os livros?

AN: você não vai gostar da minha resposta... mas, honestamente? os filmes.

Eu: Sério?

AN: eu sei, eu sei. a gente nunca deve admitir que gosta mais do filme do que do livro, mas qual é? duas palavras: Emma Watson. Starbucks ou Coffee Bean?

Eu: Starbucks.

AN: eu também.

Eu: Star Wars ou Star Trek?

AN: NENHUM DOS DOIS.

Eu: :)

Eu também.

Quando chego em casa e encontro a Rachel no meu quarto, lembro que este não é o meu quarto. É o quarto de hóspedes da Rachel, e o fato de eu dormir aqui confirma o que já sei: sou uma mera intrusa. Olho em volta, tentando lembrar se deixei o laptop aberto. Não preciso que ela veja as minhas trocas de mensagens com AN ou, Deus me livre, o meu histórico no Google, que tem um número alto demais de perguntas que começam com "É normal...". Ufa, ele está fechado, os adesivos visíveis mesmo da porta. Não, não há nada para ela ver aqui.

Sutiãs e calcinhas nas gavetas, a roupa suja numa caixa de vime que Glória teve a consideração de providenciar. Os meus absorventes internos também estão escondidos. Até a escova de dentes está guardada no armário do banheiro, banida, com toda a minha maquiagem, de modo que as bancadas da Rachel permanecem vazias, a não ser pelos sabonetes metidos a besta.

– Ah, oi – diz ela, fingindo que não estava olhando a única coisa que tenho à mostra: a foto em que estamos eu e minha mãe.

– Estava esperando você.

– Certo – falo, fria mas não sem educação.

Estou furiosa com o meu pai, o que agora, por extensão, pode incluir a Rachel, mas não sei como funciona essa coisa de madrasta.

Em geral, os meus pais eram uma unidade e tinham muito pouca paciência quando eu tentava jogar um contra o outro. Normalmente, se eu estava com raiva de um, ficava com raiva dos dois.

Mas a Rachel ainda é uma estranha. Os seus votos matrimoniais não foram suficientes para mudar isso.

– Seu pai disse que você não está falando com ele – diz ela, e se senta na minha cama, ou na dela, sei lá.

Está sentada onde eu durmo, e eu preferiria que ela não fizesse isso.

– Não sei bem se esse assunto é da sua conta – comento, e me arrependo na hora.

Apesar dos acontecimentos recentes com o meu pai, não sou de confrontar. Quando alguém tromba comigo no corredor, o meu reflexo é pedir desculpas. Mas talvez eu não tenha que pedir desculpas nenhuma. Quem é ela para se envolver nisso? Não fui eu que me casei com ela.

– Está certa. Isso é entre seu pai e você. Eu só queria lhe dar isto. Bom, nós queríamos entregar juntos, mas o seu pai achou que, se a ideia era minha, eu é que deveria... Bem, está aqui. – Rachel me entrega um pedaço de papel dobrado.

– O que é isto? – pergunto, imaginando se é uma carta de despejo ou algo assim.

Um olhar rápido deixa claro que não é um cheque. Droga. Poderia ser útil.

– Abra – ela pede, e eu abro.

É uma passagem de avião: de Los Angeles para Chicago, no próximo fim de semana. Ida e volta.

Três coisas sobre você ( imagina com Dylan K.)Onde histórias criam vida. Descubra agora