Você acorda pela manhã, bem cedo. O sol ainda não levantou, o dia é cinza e o ar está seco. Seco e quente, tão quente que a primeira lufada que atinge seus pulmões faz com que todo o seu peito doa. Você tosse algumas vezes, uma tosse seca que não acaba e você precisa se forçar a parar para não acordar ninguém. Seu nariz já está congestionado, o que te faz respirar com dificuldade.
Você olha no relógio e ainda são quatro da manhã. Eu poderia me levantar, ver o sol nascer, é o que você pensa. Mas você não tem forças o suficiente pra isso. Você já se esforçou demais nos últimos dias, então você simplesmente volta a dormir, e acorda, e dorme mais uma vez. Até passar do meio dia e a manhã ter escapado pela ponta de seus dedos. Ok, é hora de acordar.
Acordar, não levantar. Levantar custa um pouco mais porque o seu corpo está dolorido. Sua mandíbula, a sua cabeça, suas costelas e seus pés. Talvez um remédio resolva, mas eu preciso comer antes disso. Não estou com fome, vou só descansar um pouco mais. O que eu preciso fazer hoje mesmo?
O ano está acabando...
Você se levanta. O reflexo que você encara no espelho é o pior possível, sua cabeça dói mais uma vez. Seus cabelos embaraçados, as olheiras, os claros sinais que seu corpo vem te dando de pura e total exaustão, as manchas que nascem pelas suas pernas e braços, os lábios secos, o fundo amarelo e apático que sua pele tem. Você está morto. Mortinho da silva.
Velho, sozinho e acabado.
É hora de viver mais um dia.
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O Amor de Um Escritor
PoesíaApesar da solidão que me assola e da descomunal amargura que cresce dentre meus ossos, falar de amor ainda é algo que faço com maestria. Não como romancistas lunáticos e os jovens que acabaram de se encontrar com o doce gosto da paixão. Não, é claro...