Erin nunca esqueceu seu filho, era impossível, ela se lembrava dos mínimos detalhes, nunca esqueceu seus olhinhos brilhantes, seu sorriso marcante com as covinhas que lembravam a si mesma. Como ele agarrava seu polegar com suas mãozinhas pequenas ou como ele a chamava de mamãe.
Ela deixou isso guardado e enterrado. Ninguém nunca soube sobre ele, ela nunca contaria, ela matou o seu filho e essa culpa, esse remorso, ela pretendia levar para o caixão.
Jesse não desbloqueou suas memórias porque ele era um menino ou porque tinha se apegado a ela, ele desbloqueou sua memória no dia que ele chorou e implorou por ela. Quando ele segurou seu polegar naquela noite, ela sentiu um arrepio na pele, mas quando ela viu Jesse chorando, gritando e implorando por ela tudo o que ela via era seu filho.
Levou muito tempo para que ela se acalmasse, Jay conseguia fazer ela voltar a respirar, mas não por muito tempo e agora ele estava grato que tinha bombinhas de asma em casa.
Ele e Sam estavam chocados com a confissão, Sam nunca soube de nada. Nunca foi mencionado isso e ela se perguntava quando isso aconteceu. Um aborto passou pela cabeça dos dois. Talvez ela tivesse um trauma com isso, mas a maneira que ela estava devastada parecia ser uma situação pior, muito pior. Jay esperou ela se acalmar um pouco e decidiu começar a conversar com ela.
- Estamos aqui. Não vamos a lugar nenhum. - ele diz, ele segurando uma mão dela e Samantha a outra. Ele sabia, ele sentia que não foi um aborto e foi direto ao ponto. - Quantos anos? - ele pergunta, seu coração se apertando.
- Dois. - ela sussurra, mas foi tão audível que isso apertou o coração de Sam e Jay. - Ele tinha 2 anos, quase 3.
- Um garoto? - Jay tenta se manter forte por ela.
- Sim... - ela consegue sorrir com a lembrança do filho.
- Como ele se chamava? - Jay fazia as perguntas, Sam parecia em choque demais para dizer qualquer coisa.
- Andrew. - ela solta uma mão limpando as lágrimas que escorriam o que não adiantou. As outras vinham logo atrás. Seu nariz estava escorrendo, seu rosto vermelho e tudo nela doía.
- O que aconteceu? - ele continua suas perguntas. Ele sabe que tem mais, muito mais. - Quem era o pai dele?
- Ele nunca teve pai. - ela diz com raiva soltando a outra mão. Não querendo mais o toque de nenhum dos dois. - Aquele filho da puta era um monstro. - Jay já viu esse tom, esse nojo estampado no rosto dela quando estavam trabalhando em um caso, ele viu no primeiro dia que a conheceu. A dor nos olhos dela, a história não contada, mas agora parecia pior, parecia pior do que ele poderia imaginar.
- Você tinha quantos anos? - Sam finalmente encontra a voz. Sua mente fazendo as contas. Ela viveu com sua irmã do nascimento aos 2 anos de idade e depois dos 9 até os dias atuais. Ou seja, não tinha como Sam não saber se não fosse nesse único intervalo de 7 anos que viveram separadas.
- 13... - isso só piorava cada vez mais.
- Erin, você foi... - Jay começa.
- Eu sei, Jay. - ela diz olhando para o chão. - Eu trabalho com isso todos os dias, sei exatamente o que é. - ela fala e Jay fica em silêncio dessa vez.
- O que aconteceu? - Sam decide perguntar. Erin respira fundo, nunca, nunca seria fácil lembrar da pior época da sua vida sem chorar e ela nunca contou essa história antes para ninguém. Apenas quem passou por isso naquela época sabia, mas nunca foi um assunto do qual ela voltou a falar.
- A mulher que me deu a vida, foi a mesma que destruiu ela. - ela começa, raiva em seu tom. Disso Sam sabia, mas ela não sabia de nada mais do que estava por vir e Erin nem mesmo queria que sua irmã soubesse, mas ela sabia que Samantha não sairia do seu lado tão cedo e eles eram as duas pessoas que ela mais confiava na sua vida. Ela precisava dizer a verdade, por pior e mais difícil que fosse. - Com 12 anos, eu fui moeda de troca para minha genitora e os traficantes dela.
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Linstead - Corações Quebrados
RomanceAU LINSTEAD A magia da infância não esteve presente em suas vidas. Quando tudo o que se vive enquanto cresce são abusos físicos, mentais, psicológicos e sexuais, você se torna um adulto que não tem mais esperanças, não tem mais sonhos e muito menos...